Roteiro cultural

A psicodelia do agreste alagoano do novo álbum da Quiçaça, Dichavadores de Fumo de Arapiraca, vai te balançar

Disco de seis faixas bebe de rock, reggae e coco, refletindo num cordel lisérgico 

Por Assessoria 05/05/2025 13h39
A psicodelia do agreste alagoano do novo álbum da Quiçaça, Dichavadores de Fumo de Arapiraca, vai te balançar
Quiçaça - Foto: Iago Caíque

Dichavadores de Fumo de Arapiraca, álbum inédito da banda Quiçaça, que vem se destacando como uma das mais potentes e inventivas da música alagoana contemporânea , é um rito musical, uma oferenda que merece ser celebrada com entusiasmo. Unindo coco, reggae, rock, psicodelia e cantos de trabalho, o grupo natural de Arapiraca - terra da cultura fumageira - traz no disco de estreia a voz de personagens, lendas e paisagens do sertão. Dichavadores chega até as plataformas de música no dia 08 de maio, quinta-feira. Escute.

Sucessor do EP “Jurema”, essa é uma obra ancestral, mas contemporânea; regional, mas universal; bruta, mas poética. Ao longo de suas seis faixas, um nordeste profundo se revela na mistura de tradição oral, crítica social, misticismo e psicodelia regional. As letras, cordéis lisérgicos, evocam personagens mitológicos, como Matinta Pereira, e figuras cotidianas: o carroceiro, o agricultor, a carpideira e os Mestres e Mestras da cultura popular nordestina. Um som de quintal e terreiro de um Brasil que canta o mato, o vento, a reza e o grito.

O disco foi produzido pela própria banda - Ruan Mello, Rodrigo Cruz, Ricardo Evangelista, Janu Leite e Gleyson Matheus - ao lado de Joaquim Prado (também responsável pela mixagem), e conta com participações especiais de Mestre Nelson Rosa, Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Luiz de Assis (Vibrações). A masterização é de Júnior Evangelista. Entre contos, mantras, mitos e manifestos, Dichavadores de Fumo de Arapiraca é uma viagem para dentro da terra, com suas camadas de tantas raízes.

A faixa “Carrego”, que abre o álbum, ganhou um videoclipe dirigido por Rodrigo Cruz, com direção de fotografia de Iago Caíque e e câmera e making of de Wesley Barros. “Carrego” é um hino de resistência popular, retrato da lida diária de quem sobrevive puxando o peso do mundo – mandioca, silo, palma, tambor d’água, barrão pra feira – com o mesmo peito que puxa a vida. O clipe mergulha no cotidiano de Arapiraca, entre carroças, animais, poeira, suor e poesia. Gravado entre as Craíbas e a Folha Miúda – onde o sertão começa e o agreste termina – o audiovisual é um retrato fiel de quem constroi caminhos sem precisar de asfalto. Assista no canal da banda.

Quiçaça é banda, bando e benzedeira. Nasce do encontro entre música, ancestralidade e “poesia de chão batido”, como definem, tecendo um som ritualístico e popular onde coco de roda, cultura fumageira, encantaria do sertão e rock psicodélico se encontram num só terreiro sonoro. O nome vem da planta que brota no descuido dos quintais, entre rachaduras e calçadas. Também da metáfora: Quiçaça é o que nasce do resto, do rebolo, do mato crescido - aquilo que insiste. Faz som com cheiro de barro, fumo e orações sussurradas ao entardecer.



Capa: Iago Caíque (Foto) e Janu Leite (Concepção)






QUIÇAÇA

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