Roteiro cultural

Paixão pelo cinema se deu ainda na infância em Maceió

Cineasta alagoano se disse paralisado diante do que chamou de

Por Carlos Nealdo / Agência Alagoas 14/02/2025 11h21 - Atualizado em 14/02/2025 13h37
Paixão pelo cinema se deu ainda na infância em Maceió
Cacá Diegues conta que se encantou pelo cinema aos cinco anos - Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O cineasta alagoano Cacá Diegues se encantou pelo cinema na época em que morava em Maceió. Ele lembra que devia ter uns cinco anos quando entrou pela primeira vez em uma sala de exibição.

“Por razões óbvias, não posso ter muita certeza de nada sobre esse episódio, mas sempre tive a impressão de que, pela própria arquitetura da casa ou por algum outro motivo qualquer, entramos por uma porta lateral na sala de projeção lotada, eu e a pessoa que me acompanhava, certamente uma dessas babás de antigamente, de total confiança da família”, lembra.

Ele se recorda que assim que entrou na sala, deu de cara com o que chamou de “aquela tela enorme”, em que grandes figuras em preto e branco se movimentavam como manchas gigantescas que desejavam significar alguma coisa. “Insisto que não tenho certeza de nada, mas tratava-se certamente de um filme de época em que os personagens vestiam pomposos e impressionantes figurinos, alguma coisa como ‘Ivan, o Terrível’, se fosse crível e possível estarmos vendo o filme de Sergei Eisenstein, naqueles meados dos anos 1940, na capital de uma pequena província brasileira”.

Cacá Diegues conta que a impressão asfixiante de um poder muito grande podia ser perfeitamente produzida por "Ivan, o Terrível", tal qual veria muitos anos depois, na sua “adolescência de cinéfilo tarado”.

“Toda aquela luz a iluminar um estranho ritual de sombras me paralisou diante da tela do cinema, não consegui mais me mexer. E devo ter me aproximado mais um pouco da tela, porque minha companhia adulta me segurou pelo braço e, para impedir que eu fizesse qualquer gesto inesperado e indesejável, me disse baixinho que eu não pusesse a mão ali, pois, se isso acontecesse, ela ficaria ali presa para sempre. Foi o que realmente aconteceu comigo, pelo resto da vida”.