Roteiro cultural

Evento cultural gratuito em Maceió traz nova luz de como a maconha agora precisa ser vista

2ª edição do “Maconha É Cultura”, com início às 15h, no Quintal Cultural, no Bom Parto

Por Assessoria 26/10/2024 00h31
Evento cultural gratuito em Maceió traz nova luz de como a maconha agora precisa ser vista
Maconha É Cultura tem sua segunda edição - Foto: Assessoria

Por décadas, a maconha foi tida como a “erva do diabo”. Agora, com novas pesquisas no âmbito da saúde surgindo, ela está se tornando, pasmem, em um “santo remédio”.

Isso já era sabido pelos povos antigos, mas o estigma e, majoritariamente, o preconceito racial fizeram com que a maconha ganhasse status de “droga perigosa”, mesmo ela não sendo sintética. Afinal, estamos falando apenas de uma planta, que nasce, cresce e dá flores.

É uma longa história, que perpassa os contextos mais diversos, desde medicinais até culturais — em se tratando de costumes e a relação do ser humano com a terra e o que advém dela.

E é para falar sobre isso e muito mais que haverá um evento especial a ser realizado gratuitamente neste sábado (26), no Quintal Cultural, situado na Rua Sol Nascente, bairro do Bom Parto, na capital alagoana.

Trata-se da 2ª edição do “Maconha É Cultura”, com início às 15h, tendo rodas de conversas, exposição, performances e muita música, além de uma Oficina de Cartaz — cartazes estes que serão usados no dia da Marcha da Maconha de Maceió, celebrando em 2024 os seus 10 anos de existência e resistência.

“A Marcha ocorrerá no próximo dia 24 de novembro, em Maceió, e este evento funciona como uma prévia, já em seu segundo ano consecutivo com atividades abertas ao público de todas as idades, inclusive para ampliar a divulgação e o alcance do que queremos propagar na Marcha, de maneira pedagógica, mostrando que o que nos ensinaram anteriormente sobre a planta foi algo distorcido dos fatos que hoje estão sendo evidenciados”, diz Daiane Ros, uma das organizadoras do evento deste sábado e da Marcha em si, que marcará sua 8ª edição este ano — não houve Marcha em 2016 e 2018, apenas.

PARA ALÉM DA APOLOGIA

Este “Maconha É Cultura” não traz qualquer aspecto de apologia ao uso indiscriminado da planta.

O espectro aqui é dentro de um prisma cultural. Por isso, com entrada franca no Quintal Cultural, haverá apresentações musicais da cantora de reggae Myrra e das bandas Arte Divina e Tequilla Bomb.

(Imagem: Divulgação)


Na mesa-redonda, teremos na roda o tema “Descriminalizou: E Agora O Que Muda?”, com os especialistas Júlio Nunes (funcionário público, estudante de Direito e pesquisador sobre cannabis na Associação Regenera); Marcus Vinicius Melo (advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AL); e Jandira Nicácio (servidora pública da Saúde, feminista, antiproibicionista e redutora de danos).

Os expositores serão a Marola Laticínios Veg; Dona Tuperci Gráfica Artesanal; Alquimia Brumas da Floresta; e o tatuador Ayres Gigante Dbx.

A performance do dia ficará por conta de uma das integrantes da House of Dolls, a Mãe Nefertiti Doll, que é pesquisadora e capoeirista. A artista alagoana utiliza ferramentas travestis de sobrevivência para lutar com o sistema cis (heteronormatividade) e discutir a possibilidade de novas narrativas de vida para a comunidade trans em Maceió.

Para sua realização e consolidação, o “Maconha É Cultura” conta com o apoio da Rede Nacional de Feministas Antiproibiocionistas (RENFA), das associações Regenera e Liamba e da FreeHand Serigrafia.

Há também um chamado à ação para a Arrecadação Online Voluntária para a 8ª Marcha deste ano, por meio do site: www.vakinha.com.br/vaquinha/marcha-de-maceio-10-anos.

Segundo a organizadora Daiane Ros — que faz parte desde a construção do primeiro evento, em 2014 —, já é um costume das Marchas de todo o país realizarem eventos antes da Marcha anual, servindo “para divulgar e mobilizar as pessoas para se engajarem nesta militância”.

“A Marcha é um movimento social horizontal e descentralizado”, pontua Daiane, ressaltando que tudo só acontece por conta da união em volta da causa, com todo mundo junto.

Mesmo com a descriminalização do porte da planta e cultivo de até 6 em casa, de acordo com Daiane, “as mudanças ainda não são perceptíveis; o desencarceramento ainda não aconteceu; e a nossa liberdade em usufruir da planta ainda não é como precisamos... então, a luta precisa continuar”.