Roteiro cultural

Cia de Teatro Nu Escuro: conheça o trabalho da companhia goiana que vai apresentar espetáculo gratuito em Maceió

Com 26 anos de existência e diversos prêmios, grupo utiliza o teatro de bonecos, o hibridismo de linguagens e a participação colaborativa para a construção de peças

11/07/2022 15h48
Cia de Teatro Nu Escuro: conheça o trabalho da companhia goiana que vai apresentar espetáculo gratuito em Maceió
Espetáculo 'Plural' será exibido na terça-feira (12) em duas sessões, às 15h e às 19h30, no Teatro de Arena Sérgio Cardoso, Centro - Foto: Divulgação

Um teatro de grupo se caracteriza como um tipo de categoria e produção teatral em que vários atores se unem por um mesmo objetivo, com o intuito de dar continuidade a um ou mais espetáculos de forma coletiva e colaborativa. Nessa união, nasce o desejo de compor a própria linguagem, identidade e concepção estética, abrangendo esse espaço e incluindo também o espectador como produtor de sentido.

A Companhia de Teatro Nu Escuro vem com essa união desde 1995, quando um grupo de alunos do curso de teatro da escola técnica de Goiânia começou a dar os primeiros passos, para investigar lugares de expressão artística e embarcar na missão do "querer dizer algo".

"E a escola era muito maravilhosa. Tinha um teatro e a gente pegava aula lá e ficava o dia inteiro mexendo nele, na iluminação, cenário, figurino, e foi o que influenciou muito no nosso trabalho, especialmente no sentido de formar atores que também são criadores", relatou Izabela Nascente, atriz, bonequeira e integrante da Cia, que também assina a direção do espetáculo "Plural".

Durante um ano a companhia superou dificuldades e contextos sociopolíticos da época. Em 1996, o grupo já trabalhava de forma independente, e essa independência se estende até os dias de hoje. Izabela contou que nesse período alguns integrantes do grupo foram para a universidade e que, por isso, a Cia quase ia se baseando no teatro universitário, - que se diferencia do teatro de grupo por ser apenas um olhar menos convencional sobre o trabalho e não uma categoria teatral - mas não seguiu essa linha.

O grupo começou a realizar os trabalhos com um diretor chamado Sandro de Lima. Depois de um tempo, outro diretor chamado Reginaldo Saddi, assumiu o lugar de Sandro e, junto com o grupo, deu uma repaginada na Cia. Saddi já trabalhou com Zé Celso Martinez e Amir Haddad, ícones do teatro brasileiro.

"Ele [Saddi] trouxe muito essa característica de festa, do hibridismo da linguagem, o uso da música, dança, do circo, além de incentivar o contato com outros grupos. Foi a partir daí que nos constituímos como companhia e também nos formamos como diretores", explicou a atriz.

Além de toda a produção, assessoria e direção executiva, compõem a trupe os artistas Abílio Carrascal, Adriana Brito, Eliana Santos, Hélio Fróes, Izabela Nascente e Lázaro Tuim.

Linguagem e a forma de trabalho do grupo


Ainda segundo Izabela, todos os integrantes participam do momento de criação dos projetos cênicos e dos espetáculos, conforme a pesquisa ou a linguagem que cada um do grupo se identifica. Reuniões, leituras, ensaios, testes e discussões são realizados para a criação.

"A gente tenta decidir o que queremos falar, como queremos falar, escolhemos a linguagem estética que queremos utilizar e assim construímos nossa ideia sobre tal peça e também sua dramaturgia. A gente reveza as direções também", disse.

Questões sociais, comédias, situações cotidianas que acontecem como uma epifania e que são motivos para reflexões, humanidades, personagens do campo e da cidade, realismo mágico e a oralidade popular são alguns dos assuntos trabalhados como motes no grupo.

O texto de Plural, espetáculo que será apresentado por eles na terça-feira (12), no Teatro de Arena Sérgio Cardoso, em Maceió, segue essa trilha e foi construído exatamente por todos, junto com Hélio Fróes.

Para a construção da peça, o grupo utilizou elementos da arte popular, a oralidade, atuação dos artistas da Cia, música ao vivo, teatro de bonecos, de animação e um pouco de circo. A Cia mergulha em vários segmentos da arte e experimenta outras linguagens, como a fotografia, a arte tecnológica, dança, performance e audiovisual. "Plural" já ganhou o prêmio Petrobras e circulou com o Palco Giratório, projeto realizado pelo Sesc.

Quanto ao nome da companhia, a atriz explicou que ele surgiu por muita influência dos anos 90, em que grupos musicais eram intitulados com nomes dúbios, com duplo sentido, a exemplo de Paralamas do Sucesso e Legião Urbana. "O nosso nome tem muito o sentido de estar sempre procurando uma "iluminação", um sentido para a arte que fazemos".

Espetáculos e premiações


Além de Plural, outros espetáculos também fazem parte do currículo da companhia, como Três por três (1997), Carro Caído (2000), O Cabra que matou as cabras (2004), Pitoresca (2015), Dramas ao Cubo (2019) e Gato Negro (2013).

O grupo também reúne diversas premiações e presenças em festivais brasileiros como, por exemplo, o Caravana Funarte (2004), Prêmio Agepel de Teatro (2005 e 2006), Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz (2006, 2010 e 2011), Palco Giratório (2015).

Para saber mais sobre a companhia e seus projetos, visite o site nuescuro.com.br e siga o Instagram @ciadeteatronuescuro.

SERVIÇO
Apresentação do espetáculo "Plural" em Maceió
DATA: 12 de julho
HORÁRIO: 15h e 19h30, duas sessões
LOCAL: Teatro de Arena Sérgio Cardoso, ao lado do Teatro Deodoro
INGRESSOS: ENTRADA GRATUITA

Oficina de confecção de bonecas Abayomi
DATA: 13 de julho
HORÁRIO: das 14h às 17h
LOCAL: sala 18 da Escola Técnica de Artes, localizada em frente à Sinimbu, Centro
INSCRIÇÃO GRATUITA POR MEIO DO LINK: https://docs.google.com/forms/... do teaser da peça 'Plural': https://drive.google.com/file/...