Política
Novonor fecha acordo para venda da Braskem
Novo acionista controlador pode melhorar perspectivas da mineradora, que enfrenta dívidas por conta do afundamento de solo
Em comunicado ao mercado, ontem, a Braskem informou que a Novonor (ex-Odebrecht) assinou um acordo de exclusividade com a gestora de investimentos IG4 Capital para a venda de sua participação na empresa petroquímica.
De acordo com o comunicado, a IG4 passará a dividir o controle da Braskem com a Petrobras, que hoje é o segundo maior acionista da petroquímica. Após a conclusão da operação, a Novonor (antiga Odebrecht) manterá uma fatia residual de 4% do capital da Braskem.
A IG4 Capital, que atua no mercado de ações, também confirmou que fechou acordo para assumir a Braskem, depois da venda de cerca de R$ 20 bilhões em dívidas garantidas por ações da petroquímica para um fundo ligado à gestora.
Segundo informações das agências de notícias, o montante foi vendido por alguns dos principais bancos credores da Novonor.
A grande mídia divulgou ainda que o desfecho do negócio ainda depende da aprovação de órgãos regulatórios, entre eles o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – até porque foi definido um prazo de até 60 dias para a formalização da transferência das ações.
A IG4 vinha negociando com os bancos credores da Novonor desde agosto. Caso o negócio seja bem-sucedido, a IG4 ficará com uma participação de 50,1% do capital votante e 34,3% do capital total. Atualmente, a Novonor tem 50,1% do capital votante da Braskem, e a Petrobras, 47%.
Com o possível acerto, a IG4 passará a dividir o controle da companhia com a Petrobras. A Novonor deve ficar com uma fatia residual do capital, de 4%, em ações preferenciais e sem poder de decisão.
Segundo estimativas do mercado, a dívida da Novonor com bancos como Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil, além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ultrapassava R$ 15 bilhões.
A venda da Braskem integra o plano de recuperação judicial da Novonor. A manutenção de uma fatia na empresa é condição para que a companhia consiga honrar os compromissos financeiros firmados no plano.
NOVO CONTROLADOR
Na opinião dos operadores do mercado de ações, a entrada de um novo acionista controlador é vista como um fator que pode ajudar a melhorar as perspectivas da Braskem. Depois da tragédia do afundamento do solo, a empresa enfrenta margens de lucro reduzidas no setor petroquímico, além de carregar dívidas bilionárias relacionadas aos danos causados pela maior tragédia socioambiental urbana em curso no mundo.
A IG4, em outro comunicado, informou que a negociação envolve cerca de R$ 20 bilhões em dívidas, que estão garantidas por ações da própria Braskem — mecanismo conhecido como dívida com garantia em ações.
A agência de notícias Reuters informou, no fim do ano passado, que o governo brasileiro e os principais bancos do país vinham discutindo um plano para transferir a participação da Novonor na Braskem para um fundo de Private Equity – tipo de investimento focado em empresas fora da bolsa ou em processos de reestruturação.
Há anos, empresa busca vender sua participação
Os especialistas afirmam que o acordo pode contribuir para reduzir o elevado endividamento da Novonor, que aumentou após o escândalo da Operação Lava Jato, há cerca de uma década.
Na época, o grupo — então chamado de Odebrecht — ofereceu suas ações da Braskem como garantia em empréstimos de bilhões de reais.
A Novonor busca há anos vender sua participação de controle na Braskem, mas até agora não havia conseguido concluir uma negociação. Entre as tentativas recentes, estiveram conversas com o empresário Nelson Tanure, conhecido por investir em companhias em situação financeira delicada.
“A atual equipe de gestão da Braskem e seus assessores permanecem inalterados, assegurando plena continuidade operacional”, afirmou a assessoria da IG4.
“Em paralelo, trabalhos preparatórios estão em curso para apoiar um plano abrangente de ‘turnaround’” — termo usado no mercado financeiro para se referir a um processo de reestruturação destinado à recuperação da saúde financeira e operacional de uma empresa.
Já Private Equity (PE) é uma forma de investimento profissional que envolve o aporte de capital em empresas privadas (não listadas na bolsa) ou a compra de empresas públicas para tirá-las do pregão, com o objetivo de reestruturá-las, expandi-las e vendê-las por um valor maior no futuro, gerando lucro para os investidores após um período de médio a longo prazo (geralmente 5 a 10 anos).
Gestores de PE atuam ativamente na gestão de “empresas de portfólio”, focando em crescimento e lucratividade em vez de resultados de curto prazo. Com isso, captam recursos de investidores institucionais e privado.
COMO FUNCIONA
Captação de recursos: Fundos de PE (como os FIPs no Brasil) reúnem dinheiro de investidores como fundos de pensão, seguradoras e indivíduos ricos (Limited Partners).
Investimento: O dinheiro é usado para comprar participações em empresas maduras, mas com potencial de crescimento ou que precisam de reestruturação.
Gestão ativa: A equipe do fundo (General Partner) se envolve diretamente na gestão, otimizando finanças, operações e estratégia para aumentar o valor da empresa.
Desinvestimento (Saída): Após alguns anos, o fundo vende sua participação, seja através de uma nova oferta de ações (IPO), venda para outra empresa, ou outro fundo, realizando o lucro.
Diferença entre Private Equity (PE) e Venture Capital (VC): PE: Foca em empresas mais maduras, estabelecidas, buscando otimização e expansão; VC (Capital de Risco): Foca em startups e empresas em estágio inicial, com alto potencial de crescimento, assumindo riscos maiores.
Características principais: Investimento de longo prazo: Prazos de 5 a 10 anos ou mais, sem liquidez diária; Ativo e estratégico: Envolvimento direto dos gestores no negócio; Não listado em bolsa: Empresas não negociadas publicamente, o que permite foco no longo prazo; Potencial de alto retorno: Mas com riscos maiores que investimentos tradicionais.
OUTRO LADO
Em nota relevante aos acionistas, a própria Braskem comunicou o acordo com a gestora de investimentos IG4 Capital, para a venda de suas ações. Ou seja, está confirmada a venda da participação da Novonor na petroquímica, cujo passivo ambiental poderá inviabilizar o negócio ou reduzir significativamente o valor da empresa colocada à venda. (*Com agências)
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