Política

Crise política em Rio Largo cessa e gestor busca normalizar atos

Prefeito Pedro Carlos demonstra estar confiante na Justiça para não ser alvo novamente de tentativa de renúncia

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 24/04/2025 08h02
Crise política em Rio Largo cessa e gestor busca normalizar atos
Prefeito de Rio Largo, Pedro Carlos, se aliou ao governador, ao senador Renan Calheiros após a intensa instabilidade política no município - Foto: Assessoria

Três semanas se passaram desde que a Câmara Municipal de Rio Largo leu as polêmicas cartas de renúncia do prefeito Pedro Carlos (PP) e do vice-prefeito Peterson Henrique (PP), o que gerou uma crise política envolvendo autoridades políticas e o poder judiciário de Alagoas. No dia 31 de março, horas depois do acontecido, o prefeito se pronunciou publicamente negando a renúncia. O Poder Judiciário foi acionado, e decidiu pela anulação da “solenidade”, mantendo a prefeitura com a chapa eleita.

Desde então, o gestor que fazia parte do grupo político de Arthur Lira (PP), se aproximou do grupo adversário. Em meio à crise, o senador Renan Calheiros (MDB) se pronunciou por vídeo nas redes sociais chamando o que ocorreu de fraude e de falsificação golpista, defendendo o prefeito. Carlos recebeu apoio da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), presidido pelo agora emedebista Marcelo Beltrão. Ele também foi recebido pessoalmente pelo governador Paulo Dantas (MDB) no Palácio, que fez questão de declarar apoio.

O prefeito até deixou de usar o sobrenome Gonçalves, que nunca foi seu, mas foi utilizado nas urnas e na campanha para associar seu nome ao de Gilberto Gonçalves (PP), ex-prefeito (e também padrinho e ex-aliado do prefeito). GG ocupou no início do mandato o cargo de secretário geral do município e exercia grande influência, mas foi afastado no dia da sessão das renúncias. Gilberto segue usando suas redes sociais para demonstrar popularidade, e até lançou uma campanha estimulando publicações favoráveis da população sobre ele.

Ontem (23), em contato com a reportagem da Tribuna Independente, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Rio Largo reiterou que segue confiante na justiça.

“O mês de abril teve um início conturbado, com uma instabilidade e tentativa de fragilizar a administração da terceira maior cidade da região metropolitana. Hoje, o prefeito Carlos entende que a Justiça agiu pela manutenção da democracia e o momento é de seguir focado em trabalhar com dedicação pelo município de Rio Largo, exercendo a função atribuída pelo voto popular. Reforça ainda sua confiança na justiça de Alagoas e nas autoridades policiais, onde as investigações continuam, para penalizar os responsáveis com a severidade da lei”.

A gestão garante que o trabalho não sofreu nenhuma suspensão nesse período. “Em paralelo a isso, o trabalho no Executivo municipal continuou como sempre, como esperado pelos 32.496 eleitores e toda a população que precisa de políticas públicas efetivas. Os serviços nunca pararam, porque o povo não pode jamais ser penalizado por instabilidades políticas”.

LEGISLATIVO

Na Câmara Municipal, as atividades permanecem conturbadas. No site da instituição, a última notícia publicada é do dia 31 de março, sobre pautas da sessão que antecedeu a leitura das cartas. No canal do Youtube, onde as sessões costumam ser transmitidas, a última sessão completa também é do dia 31 de março. Depois disso, tem apenas um vídeo, do dia 10 de abril, com menos de três minutos de atividades de fato, onde o presidente Rogério Silva (PP) abre a sessão declarando que há apenas três vereadores em plenário.
Depois da sessão que chegou a “renunciar” o prefeito e o vice, e empossar o presidente da Câmara, os parlamentares não compareceram mais, o que alguns compreenderam como boicote ao presidente.

A Tribuna Independente tentou contato com o presidente da Câmara, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.