Teve início ontem, o julgamento dos acusados pelo assassinato do ativista político Kléber Malaquias de Oliveira. O júri popular dos réus denunciados pelo Ministério Público Estadual de Alagoas (MP/AL), acontece no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, em Maceió. Os réus, José Mário de Lima Silva, Edinaldo Estevão de Lima, Fredson José dos Santos e Marcelo José Souza da Silva, segundo o MP Estadual, são denunciados por homicídio duplamente qualificado, impossibilidade de defesa da vítima e promessa de recompensa pelo crime. A previsão é de que o julgamento seja concluído hoje.

O primeiro depoimento foi do ex-delegado do caso, Lucimério Campos, sendo a primeira testemunha de acusação ouvida. Ele denunciou que houve “interferência política” para afastá-lo do inquérito, mas evitou citar nomes quando questionado. À época do crime, em 2020, Climério Campos era o titular da Delegacia de Rio Largo.

O delegado afirmou “ter certeza” da interferência de políticos no caso, mas argumentou que “tinha o direito de não revelar” os nomes. Ele também questionou se a pergunta tinha a intenção de constrangê-lo ou colocá-lo em risco.

Em seu depoimento, Lucimério Campos reafirmou que se tratava de um crime de mando e que os autores dos disparos contra Kléber Malaquias teriam sido pagos pelo serviço. Segundo os autos, a vítima era conhecida por fazer denúncias contra políticos e autoridades, o que pode ter sido a motivação do crime. Além dos réus já denunciados, outros envolvidos – Jefferson Roberto Serafim da Rocha e Marcos Maurício Francisco dos Santos – ainda serão julgados.

Um dos réus começou a prestar depoimento no início da noite de ontem. Sargento da Polícia Militar de Alagoas, José Mário afirmou que os delegados Lucimério e Zé Carlos (hoje secretário-adjunto da SSP) mentiram. Ele disse que o delegado Lucimério forjou provas contra ele.

Em outro momento, o réu disse que era oposição a Gilberto Gonçalves (ex-prefeito de Rio Largo) e amigo do Kleber Malaquias. O acusado falou que faria uma ponte para ele ser situação com o apoio do então prefeito.

De acordo com o MP Estadual, o coronel da Polícia Militar de Alagoas, Rocha Lima também foi ouvido como testemunha arrolada pela defesa. Ele disse que o delegado Lucimério Campos se equivocou ao relatar o que o ele teria feito enquanto comandante de Rio Largo, época do crime.

O júri popular dos quatro réus denunciados pela morte de Kléber Malaquias teve início no Fórum do Barro Duro, em Maceió, com a primeira fase dedicada à oitiva das testemunhas do caso.

Além das testemunhas de defesa e acusação, o Tribunal do Júri ouviu o delegado acusado pelo MP/AL de inserir provas forjadas no inquérito do assassinato. De acordo com a denúncia do MP/AL, o delegado teria inserido provas falsas para atribuir o crime a um policial já falecido. Na época, ele ocupava o cargo de diretor da Polícia Judiciária da Região Metropolitana (DPJ1) e chegou a ser preso pela Polícia Federal (PF).

As denúncias de fraudes reveladas pelo MP resultaram no adiamento do júri, que deveria ter ocorrido em 17 de julho do ano passado. A 3ª Promotoria de Justiça de Rio Largo denunciou José Mário de Lima Silva, Edinaldo Estevão de Lima e Fredson José dos Santos por homicídio duplamente qualificado, com impossibilidade de defesa da vítima e por ter sido cometido mediante promessa de recompensa.

O CRIME

Kleber Malaquias foi assassinado com dois tiros, no dia de seu aniversário, em 15 de julho de 2020, dentro do bar da Buchada, localizado na Avenida Teotônio Vilela, na Mata do Rolo, na cidade de Rio Largo. A vítima era conhecida por fazer diversas denúncias contra políticos e por fornecer informações ligadas a essas mesmas denúncias à polícia e ao MP/AL.

O Ministério Público ainda trabalha para identificar o autor intelectual do assassinato.