A notícia da ida do prefeito reeleito de Maceió, JHC (PL), para a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não passa de especulação. A opinião é do deputado federal Paulão, principal liderança do Partido dos Trabalhadores em Alagoas.
“Fica difícil opinar sobre um fato que, por enquanto, não se confirmou, foi divulgado, mas continua apenas na esfera especulativa”, afirmou o deputado.

Paulão disse ainda que não gostaria de abordar o assunto, porque a transferência ainda não foi consumada. “Além disso que tem autoridade para falar sobre isso é o Rui Palmeira, do PSD, ou as lideranças do PL local”, explicou o deputado petista. “Até porque ainda não tivemos uma declaração formal nem do Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, e do Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL”.

Segundo a assessoria do parlamentar petista, a transferência da filiação de JHC para o PSD, que em Alagoas é comandado pelo ex-prefeito Rui Palmeira, enfrenta resistências tanto no PT como no PL local.

Além disso, a oposição ao prefeito, vê na mudança de partido uma jogado de JHC para se aproximar de Lula e ter do presidente a aprovação de sua tia, Marluce Caldas, para a vaga de ministra do STJ – Superior Tribunal de Justiça.

De acordo com as informações da mídia nacional, a opção de JHC pelo PSD resolveria dois problemas para o prefeito reeleito de Maceió. Ele se distanciaria do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi indiciado pela Polícia Federal e pode ser preso acusado de liderar os atos golpistas; e se passaria a integrar a base do governo Lula, para ajudar na nomeação da tia dele, Marluce Caldas, como ministra do STJ.

Além disso, a ida para a base de Lula facilitaria o acesso da Prefeitura de Maceió às verbas federais, na segunda gestão de JHC.
A entrada de JHC no partido de Rui Palmeira estaria sendo articulada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) e seu vice-prefeito eleito nas eleições deste ano, Eduardo Cavaliere (PSD), com o apoio do prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB).

Vereador Rui Palmeira prefere não se manifestar a respeito da questão

Procurado para se posicionar sobre a possiblidade de JHC entrar no seu partido, o ex-prefeito Rui Palmeira disse que preferia não se manifestar a respeito.

“Não vamos comentar essa informação já que ela nem está confirmada”, afirmou Palmeira, por meio da sua assessoria de comunicação. Vereador eleito pela oposição, o ex-prefeito terá que refazer o seu discurso ou mudar de partido, caso ida de JHC para o PSD se confirme.

A decisão de se filiar ao PSD foi tomada após uma reunião com os prefeitos Eduardo Paes e João Campos, no último final de semana, de acordo com informação divulgada pela jornalista Malu Gaspar, em sua coluna no jornal O Globo.

Segundo ela, JHC considerou se filiar ao PSB, mas optou pelo PSD devido à resistência dos pessebistas locais. O PSB de Alagoas é presidido pela médica Carla Dantas, filha do governador Paulo Dantas (MDB).

Como o retorno ao PSB, que já foi presidido por ele, seria dificultado, já que o partido faz parte da base de Dantas em Alagoas, JHC optou por se transferiu para o PSD, incentivado por Campos, que é seu amigo de infância, e por Eduardo Paes, que é muito ligado ao presidente nacional do partido, o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. No entanto, a base do PSD em Alagoas ainda não digeriu a transferência.

Um aliado de Rui Palmeira comentou que a entrada de JHC pode implodir o partido no Estado, provocando uma debandada geral das suas principais liderança, a começar pelo ex-prefeito.

NÃO É BEM-VINDO

Para a base do PSD o prefeito não é bem-vindo, até porque as lideranças do partido sabem que essa mudança de partido visa resolver problemas orçamentários e melhorar as chances de sua tia, Maria Marluce Caldas Bezerra, ser indicada para o STJ.

A reportagem da Tribuna Independente procurou ouvir JHC sobre a transferência dele para o PSD, mas o prefeito não quis se manifestar. Sua assessoria disse que, por enquanto, o prefeito prefere não comentar o assunto, até porque, não tem nada decidido.

No entanto, confirmou que JHC tem participado de reuniões em Brasília em busca de apoio para a nomeação de sua tia, Marluce Caldas, para ministra do STJ.

A guinada do prefeito de Maceió visa resolver também um problema de caixa da Prefeitura.

Maceió teve seu orçamento de 2025 reduzido e não contará mais com a ajuda da Braskem. Até porque receberá no próximo dia 15 a última parcela mensal de R$ 250 milhões do acordo de R$ 1,7 bilhão firmado com Braskem, como indenização pelo afundamento do solo de cinco bairros da capital, provocado pela extração de sal-gema pela petroquímica.