Política
Resultado eleitoral projeta disputa entre JHC e Renan Filho pelo Governo de Alagoas
Prefeito de Maceió e ministro do governo Lula comemoram vitórias de aliados nas eleições municipais
Ainda se esquivando de admitir a possibilidade de uma candidatura ao Governo de Alagoas em 2026, o prefeito de Maceió, JHC (PL), tem nas manifestações de seu grupo o sinal claro de que esse é o plano agora. Após a vitória acachapante do último domingo (6), com mais de 83% dos votos válidos, o gestor da capital desponta como, provavelmente, a primeira opção em anos com capacidade de enfrentar o grupo do MDB com alguma competitividade.
Do lado do MDB, aliados também apostam no retorno de Renan Filho, ministro dos Transportes, e ex-governador de Alagoas por quase dois mandatos, para voltar ao estado e disputar novamente o Executivo estadual, justamente por ainda não haver um nome com capilaridade eleitoral para bater de frente com um adversário que tende a ser mais forte. Na edição desta sexta-feira (11) da Tribuna Independente, o vereador mais votado de Maceió, Luciano Marinho (PL), declarou que a tendência é que a bancada do PL na Câmara de Maceió permaneça ao lado de JHC em 2026. “Estamos alinhados com o projeto político dele e acredito que continuaremos nesse caminho”, ressaltou. Nas entrevistas pós-vitória, o prefeito tem se mantido cauteloso e responde a perguntas sobre o assunto desconversando “Sou candidato a trabalhar mais por Maceió”, disse ele.
Na avaliação da cientista política e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Luciana Santana, a falta de definição pode ser um problema.
“Não está claro quem, do grupo de JHC que vem para 2026. Se o próprio, porque aí nesse caso vejo o JHC adotando estratégias muito complicadas na eleição atual que limitam a ampliação da força política dele estadual. Inclusive, candidatos que ele apoiou no interior foram derrotados. Então, não vi ele com a mesma expressão como outros candidatos em outras capitais, como o próprio João Campos [Recife, PSB], que deu a cara, apareceu, teve uma projeção nacional, não apenas estadual, a gente viu quando terminou o segundo turno, a gente viu entrevistas, viu várias coisas assim, mostrando, focadas em João Campos. Então acho que JHC precisa decidir se vai disputar o governo, se for disputar o governo, precisa correr atrás de muito prejuízo, vamos ver como é que vai ser”, avalia Luciana Santana, em contato com a reportagem da Tribuna Independente.
Se realmente decidir alçar esse voo, JHC não deve enfrentar um inimigo fragilizado. Afinal, se o estigma de que o MDB não vence a prefeitura de Maceió se confirmou, a força do partido no cenário amplo estadual também. Nos municípios alagoanos, o MDB está consolidado com folga como quem mais elegeu prefeitos e vereadores. Para Luciana Santana, o resultado na capital foi previsível.
“Na verdade, o [senador] Renan Calheiros, o grupo de Renan Calheiros, nunca foi forte na capital. O que aconteceu nessa eleição é que, novamente, a gente viu essa situação se concretizando. E mais que isso, a gente precisa avaliar o nome que foi apresentado. Rafael Brito [deputado federal, MDB] entrou na competição com quase 70% de taxa de desconhecimento. Isso é altíssimo. Como reverter uma taxa de desconhecimento tão grande em 45 dias de campanha? É uma tarefa bastante hercúlea. Então, a gente precisa pensar todos esses aspectos para poder fazer uma análise mais completa dessa situação que envolve o MDB na capital. Então, acho que faltou isso. Faltou pensar o nome competitivo já sabendo que na capital tem muita resistência ao nome do Renan Calheiros, ao grupo em si”.
A polarização parece bem definida, de acordo com Luciana Santana. “Vejo que a gente continua tendo dois grandes grupos hoje dominando a política no Estado, um em torno de Renan Calheiros, o governador e outros aliados do MDB, e o grupo do prefeito, que tem também Arthur Lira nessa composição. Isso significa que a gente tem aí essas disputas bem consolidadas desses grupos e no interior está bastante evidente que o MDB é uma grande força política interiorana, e isso faz com que em 2026 eles venham fortes para a competição política estadual, seja para o governo, seja pensando no Senado, seja pensando bancada do legislativo, estadual e federal, e a gente, claro, vai ter também uma força desse outro grupo”.
Antes de JHC, seus partidos aliados podem até ter um bom desempenho no campo legislativo, mas aparentemente nenhum chegou a se destacar como figura que conquista a simpatia do eleitorado para o Executivo num passado recente. Até o senador Rodrigo Cunha (Podemos), que em 2018 se elegeu senador, não conseguiu sucesso ao enfrentar Paulo Dantas (MDB) em 2022.
É notório que, desde que Luciano Barbosa (MDB) saiu da vice-governadoria para concorrer à Prefeitura de Arapiraca, em 2020, o grupo não conseguiu apresentar um cabeça de chapa tão forte. Sendo assim, se nos próximos dois anos não acontecer nenhum fenômeno diferente, a solução pode ser chamar velhos conhecidos de volta.
EFEITO RENAN FILHO
Membros do grupo político já deram declarações claras de que o ministro dos Transportes e senador licenciado Renan Filho (MDB) poderá voltar para tentar um terceiro mandato, uma clara tentativa de não perder o legado conquistado, já que não surgiu outro nome. Nas sabatinas enquanto candidato a prefeito, Rafael Brito (MDB) declarou mais de uma vez que Renan Filho era o candidato do grupo.
Em julho deste ano, o deputado Marcelo Victor (MDB), presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), falou abertamente sobre isso em suas redes sociais. “Os dados revelados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública comprovam que as questões ligadas à violência foram superadas em Alagoas. Os investimentos feitos na gestão de Renan Filho foram fundamentais para superarmos uma fase difícil. Dentro do meu partido, o MDB, defendo o retorno de Renan Filho em 2026 para dar continuidade ao trabalho feito pelo governador Paulo Dantas e ao período de prosperidade em Alagoas”.
Retorno do atual ministro depende se o MDB terá opção mais forte
Se no último ano seu nome chegou a ser ventilado como um dos cotados para ser vice-presidente em uma possível reeleição do presidente Lula (PT), em 2026, o cenário político que se apresenta atualmente pode fazer com que Renan Filho volte para Alagoas e dispute o governo estadual.
“O MDB foi o partido que elegeu o maior número de prefeitos e o maior número de vereadores em Alagoas. Tivemos a maior vitória que um partido político já teve em Alagoas. Já era o maior partido e tinha eleito 38 prefeituras, agora elegeu 65 prefeituras. Além disso, nós fomos também o partido que elegeu o maior número de vereadores, e o maior número de votos absolutos, mais de 630 mil votos. Foi uma grandiosa vitória”, comemorou Renan Filho em um vídeo na última segunda-feira (7), um dia após a eleição.
No mesmo vídeo, o ministro dos Transportes compara o desempenho do MDB Alagoas com o próprio partido no cenário nacional.
“Enquanto no Brasil, que o MDB já é grande, elegeu 7% que já é grande, aqui em Alagoas elegeu 65%. Grande demonstração que o partido é muito forte em Alagoas, tem militância, tem serviço prestado. É o maior partido de Alagoas. Maior número de prefeitos, maior número de vereadores, maior número de deputados estaduais, dois deputados federais, dois dos três senadores, além do governador e do presidente da república [...] Nós estamos prontos, estamos preparados, e estamos querendo uma Alagoas melhor”.
A eleição para governo de 2022 foi tranquila, já que além da popularidade alta deixada por Renan Filho (MDB) não havia nomes fortes de oposição. Paulo Dantas (MDB) foi indicado e venceu com tranquilidade. Mas dessa vez pode ser diferente, já que o grupo adversário finalmente está conseguindo construir um nome, o de JHC. Se as coisas continuarem como estão, as eleições de 2026 para o Governo de Alagoas podem ser as mais disputadas dos últimos tempos.
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