Política
Vereadora divide os votos com seu filho e o elege como suplente
Confiando que estava com a vaga já consolidada na Câmara Municipal de Maceió, a vereadora Silvânia Barbosa (Solidariedade) fez uma jogada arriscada nesta eleição. E deu certo. A vereadora que em 2020 foi eleita pelo MDB e permaneceu a maior do mandato por lá, aproveitou a janela partidária para organizar uma nova estratégia, migrou para o Solidariedade e, nas palavras dela, escolheu o próprio suplente.
Eleito 1º suplente da chapa com 2.310 votos, Gerônimo Barbosa (Solidariedade) foi o único do partido que fez mais de mil votos. Não por coincidência, ele é filho de Silvânia e sua candidatura cumpriu os planos familiares de garantir que, mesmo em caso de afastamento, o mandato permanece na família. É uma estratégia no mínimo interessante para ampliar o tamanho político da família, que atualmente já tem uma vaga na Assembleia Legislativa Estadual ocupada pelo esposo de Silvânia, Marcos Barbosa (Avante).
A iniciativa poderia colocar o mandato em risco, já que dividindo as forças da família poderia ser que algum outro candidato do partido ultrapassasse os votos dela. Mas pelo visto foi tudo bem amarrado. No dia da convenção do Solidariedade, que teve Lobão como candidato a prefeito, houve disputa e até campanha para montagem de chapa. Na porta do local, encontravam-se pessoas com adesivos e bandeiras de um pré-candidato, que no final do dia ficou de fora das eleições. O nome competitivo do partido já estava definido e era o de Silvânia.
Na última terça-feira (8), durante a primeira sessão da Câmara após as eleições, Silvânia utilizou a tribuna do parlamento para agradecer os votos e comemorar o feito.
“Agradecer mais uma vez todas as pessoas que confiaram na vereadora Silvânia Barbosa, e agradecer pelo privilégio de ser a única vereadora a escolher o seu suplente. Hoje, tenho um suplente que é meu filho, acho que a história não tem ninguém que teve como senador escolhe seu suplente, eu escolhi o meu filho Gerônimo”. Segundo ela própria, o filho estava contrariado por votar em si mesmo. “No dia da eleição ele chegava para mim pela manhã e dizia ‘mãe, não tem como eu votar contra você’”, disse ela.
De forma descontraída, ela confirma que essa é uma introdução do jovem de apenas 21 anos ao mundo da política. “Para ele foi uma escola. Nas ruas, em 15 dias de campanha, porta a porta, ele levando o seu nome porque eu não o acompanhei em nenhuma caminhada, o meu esposo não o acompanhou, e a gente soltou: ‘vá pra a rua pra você saber o que é lidar com as pessoas’”.
Pelo sistema eleitoral atual, o único mandato eleitoral em que a chapa é montada já com a definição dos suplentes, é o de senador. Como se trata de uma eleição parecida com a do executivo, em que muitas vezes só há uma vaga, não é possível o partido indicar mais de um candidato, por isso o suplente fica como se fosse um vice, com a função de substituir o eleito em caso de ausência.
Já nos outros mandatos do legislativo, tanto deputado estadual, quanto deputado federal e vereador, a suplência é definida de acordo com a ordem dos mais votados no partido (ou federação) de quem foi eleito. Então articulação dos Barbosa foi uma forma dentro da lei, de estabelecer uma nova ordem no sistema.
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