Política

Delegado diz que há candidato ligado ao crime organizado

Thiago Prado não citou nomes e foi cobrado por pré-candidato para revelar a identidade

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 05/07/2024 09h59 - Atualizado em 05/07/2024 13h15
Delegado diz que há candidato ligado ao crime organizado
Thiago Prado chegou a comentar nas redes sociais que o nome deve ser revelado no tempo certo - Foto: Reprodução

Pré-candidato a vereador em Maceió pelo PL, o delegado Thiago Prado declarou que na capital alagoana há candidaturas à Câmara de Vereadores ligadas ao crime organizado. A informação, claro, tem gerado debates, e o pré-candidato a vereador pelo PDT João Folha cobrou de Prado que a denúncia seja divulgada em sua totalidade.

Tanto Prado quanto Folha foram contemporâneos na gestão do prefeito JHC (PL), pois assumiram secretarias municipais no período em que o PDT tinha Ronaldo Lessa como vice do prefeito de Maceió.

Durante entrevista ao jornalista Wyderlan Araújo, em seu canal Canhão PodCast, Thiago Prado fez uma relação entre a realidade das milícias no Rio de Janeiro e a Câmara de Maceió. Ele chegou a afirmar que isso poderia acontecer aqui.

“É um retrato que já existe no Rio de Janeiro, Brasil inteiro tem conhecimento que facções criminosas, milícias, conseguiram eleger criminosos da raiz do mundo do crime para ser representantes dos seus próprios interesses, portanto do mundo do crime, lá na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Aqui em Maceió não é diferente, já tivemos conhecimento que existe facção que está incentivando uma candidatura de determinada pessoa que talvez tenha esse braço, essa relação criminosa. Não posso dizer nome porque ainda não é candidato, evidentemente. Mas há esse rumor, é preciso muito cuidado, muita cautela do eleitor porque isso não existe até hoje no nosso município”, declarou Prado.

A fala repercutiu, e João Folha, se pronunciou provocando Prado. À Tribuna Independente, Folha afirmou que essa é uma afirmação séria que a população merece ter acesso.

“Na declaração dele, ele falou que tinha a informação que tem um pré-candidato financiado pelo crime. Eu fiz uma cobrança institucional, como cidadão, como pré-candidato, não foi nada pessoal. Cobrei que desse nome aos bois, isso é uma informação séria e a população tem total direito de saber. Se ele tem a informação, tem o dever de informar”, disse.

Ele diz que sua reação aconteceu porque ele está de acordo com o alerta. “Não tenho suspeita, só deixei o questionamento porque concordo quando ele coloca que Maceió não pode eleger ninguém do crime organizado, ele que tem a informação deve dizer”.
Como se trata de um agente da Polícia Civil, João Folha considerou que poderia ser essa a razão de ter informação e não poder falar. “Não sei se são investigações da Polícia Civil, se por isso ele tem algum impedimento de falar, mas estou no aguardo”.

O delegado comentou a postagem de João nas redes. Contido, ele apenas disse que “tudo no seu tempo”. Ele insinuou que está sendo cauteloso por questões legais. “Tu ainda é advogado, sabe como funciona”.

Folha reforça o debate e repete a pergunta. “Isso, meu amigo, tudo no seu tempo e o tempo é agora. Te conheço fora do Instagram e não acredito que você estaria inventando uma história dessa, até porque é um delegado, e um bom delegado. Então, como cidadão e também como pré-candidato a vereador, quero saber e acredito que toda a população também. Se já falou no podcast, joga na rede para todo mundo saber, Maceió não merece informação incompleta. Quem está sendo financiado pelo crime?”.

Elementos
Prado fez o alerta para que a Justiça se pronuncie

tagem da Tribuna Independente, o delegado Thiago Prado afirmou que fez as declarações com base em uma rede de informantes que apontaram que um pré-candidato “tem relações íntimas com uma facção criminosa”.

“Possuo uma grande rede de informantes e colaboradores, os quais recentemente me retrataram que um determinado pré-candidato tem relação íntima com integrantes de uma facção criminosa que atua em nosso Estado. Ao ver os elementos apresentados, fiquei profundamente preocupado com a possibilidade de um possível integrante de facção criminosa adentrar na política alagoana.

Ressalto, que essa preocupação não é minha enquanto pré-candidato, mas sim enquanto cidadão maceioense. Portanto, o alerta é para que todos avaliem o histórico e vida pregressa dos seus candidatos, sobretudo a origem do patrimônio que ostentam”, disse o deleggado, que é pré-candidato a vereador.

Apesar do alerta, Thiago Prado mantém a posição de não mencionar nomes. “O processo eleitoral não cabe a mim, mas sim à Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral. Estes importantes órgãos que devem, por amor à democracia, se aprofundar e apresentar a conclusão que chegaram. A mim, por enquanto, cabe a preocupação e o alerta”.

Na prática, sem apresentar nomes ou indícios de denúncia concreta à Justiça Eleitoral, o pré-candidato traz uma ideia especulativa que fica no imaginário do eleitorado. Sob o risco de eleger alguém ligado ao crime, a população pode se sentir mais segura ao escolher alguém que carrega como logomarca, o nome de autoridade da segurança pública.