Política
Prefeitura não se posiciona sobre ofício de vereador
Leonardo Dias defende que o Município não pague o cachê de Nando Reis, que pediu a prisão de Bolsonaro durante show em Maceió

O vereador Leonardo Dias (PL) quer punição para a manifestação política do cantor Nando Reis durante o show que realizou no festival Verão Massayó, no último domingo (21). Em ofício encaminhado ao prefeito JHC (PL), e enviado por sua assessoria para as mídias sociais e todos os veículos de imprensa, o parlamentar pede a suspensão do pagamento do cachê por conta da declaração “O Brasil só vai ter jeito na hora da prisão de [Jair] Bolsonaro [ex-presidente, que governou o país de 2019 a 2022]”, feita durante a execução da música “Do seu lado”.
A declaração ganhou repercussão nas mídias sociais, na imprensa local e nacional. De acordo com o apurado pela Tribuna Independente, o contrato foi celebrado no dia 18 de janeiro, e publicado em edição extraordinária do Diário Oficial do Município (DOM) no dia 19 de janeiro, constando o valor de R$ 270 mil de cachê. Em nenhum trecho do contrato é mencionada limitação para livre manifestação de ideias do artista.
A reportagem da Tribuna Independente procurou a Prefeitura de Maceió para saber se o contrato de pagamento entre o Município e Nando Reis foi pago em sua totalidade, ou se o valor foi repassado à produção do artista em alguma porcentagem inicial e o restante, após a realização do show. Também questionamos ao Município se irá atender o ofício do vereador Leonardo Dias para que o artista não seja pago, porém até o fechamento desta edição, a gestão do prefeito JHC não se posicionou.
Na avaliação do vereador Leonardo Dias, o artista “manifestou sua opinião política de forma desproporcional e desonrosa contra o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro”, e, portanto deve ser feita uma apuração se houve conduta ilícita. Ele solicita também que a Procuradoria do Município apure se houve violação de normas referentes à proteção da honra e da imagem, bem como inobservância de alguma cláusula prevista no contrato de prestação de serviço com o músico.
A Tribuna Independente também tentou contato com a produção do artista, mas não houve êxito. Nas redes sociais, Nando Reis não fez qualquer referência ao pedido do vereador. Ou seja, não deu palanque.
CRIATIVIDADE E ATITUDE
Não é a primeira vez que o Nando Reis desperta a ‘revolta’ de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro por onde passa. No ano passado, quando a icônica banda Titãs excursionou pelo país com a turnê ‘Encontro’, que reúne todos os membros (com exceção, claro, de Marcelo Fromer, falecido em 2001), o baixista e um dos principais letristas dos Titãs, incluiu o nome de Bolsonaro na música ‘Nome aos Bois’ (gravada 1987).
A música apresenta uma letra repleta de nomes de líderes políticos que foram responsáveis por ditaduras e governos opressores, como Pinochet, Adolf Hitler e Plínio Salgado. Na atualização feita pelos Titãs e interpretada por Nando Reis, Bolsonaro foi citado depois do bilionário do petróleo John Davison Rockfeller.
A reação dos aliados do ex-presidente nas redes sociais foi quase que imediata e uma enxurrada de impropérios e até ameaças de ações judiciais contra os Titãs foram relatadas nas redes sociais, principalmente nos perfis de portais jornalísticos que repercutiram a alteração na música.
Em um vídeo no seu canal no YouTube, postado há mais de dois anos, Nando Reis já até explicou a origem da música Nome aos Bois. “Nós [compositores da música] tivemos a ideia juntos de fazer uma música que listasse pessoas abomináveis ligadas por um fio de relação com coisas terríveis”, declarou na ocasião.
Ainda no mesmo vídeo, o baixista, cantor e compositor já deixou claro que para quem não entende como ele se posiciona politicamente, o seu posicionamento crítico e político sempre foi nesse tom. “Sempre foi essa [a minha postura] e sempre será. Eu sou defensor da liberdade”.
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