Política

Paulão volta a criticar ‘bolsonaristas’

Políticos de esquerda e movimentos sociais relembraram o 8 de janeiro do ano passado e reiteraram defesa da democracia

Por Emanuelle Vanderlei / colaboradora - Tribuna Independente 09/01/2024 09h43
Paulão volta a criticar ‘bolsonaristas’
Paulão disse que o ato foi uma resistência a quem segue defendendo golpe - Foto: Edilson Omena

Um ano depois da tentativa de golpe organizada por bolsonaristas em Brasília, no 8 de janeiro, lideranças políticas de esquerda e dos movimentos sociais organizaram manifestações por todo o país para defender a manutenção da democracia e cobrar punição dos responsáveis. Em Maceió, um ato simbólico no Centro aconteceu no centro.

Para o deputado federal Paulão (PT/AL), esse é um ato para manter a resistência em defesa da democracia. “É um fato que a gente não pode esquecer”. Na sua avaliação, o que aconteceu é muito grave. “A gente não pode esquecer o que essas pessoas fizeram. Elas contrariaram, vilipendiaram, não obedeceram a constituição. É um crime que eu considero gravíssimo, que é a traição à pátria”.
Resgatando os fatos que aconteceram no período, o petista responsabiliza o ex-presidente derrotado nas urnas em 2022. “Eles fizeram uma articulação que envolvia pessoas do poder legislativo, envolvia pessoas do poder executivo do governo anterior, principalmente, e o que é mais grave, das forças armadas. O ex-presidente Bolsonaro sabia isso, propositalmente ele foge do país porque sabia que podia ter morte. Ia ter essa explosão, ela podia ocorrer em alguns locais, depredou-se o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal e o Congresso Nacional”.

O parlamentar se mostra preocupado com a impunidade. “A gente espera que não tenha nem anistia, e muito menos tenha um processo de tolerância de penas pequenas. Eu particularmente fiquei muito decepcionado com a decisão agora do exército que penalizou dois militares, um com quinze dias, e o outro com advertência, isso é muito pouco, que está em jogo, e é democrático”.
Baseado na história recente, Paulão acredita que há uma fragilidade na nossa democracia. “O Brasil é um país que infelizmente tem uma tradição não tão democrática. A gente teve, na época da década de 40, o golpe, a gente teve uma tentativa do golpe na década de 50, 64, e está aí o golpe com a Dilma Rousseff. Então, um país que não consegue estabelecer 50 anos de processo democrático”.

Historicamente fazendo a defesa da democracia no país, o movimento sindical considera a data um momento de reflexão importante. O presidente da CUT Alagoas, Luciano dos Santos, reforça. “É um dia que marca uma vitória na democracia, ao mesmo tempo, a gente vem cobrar punição, principalmente quem planejou, esses atos antidemocráticos. Então a CUT está aqui em nome de todas as classes trabalhadoras para protestar e cobrar a responsabilidade desses atores que se envolveram nesse crime”.

Do ponto de vista de Luciano, as manifestações acendem um alerta. “Esse fato, que hoje [ontem] faz um ano, mostra que nunca estamos totalmente seguros. Cabe a gente, como movimento Social, cobrar das instituições que exerçam, de fato, a democracia e a soberania do nosso povo”.

Para a liderança feminista Zezé da Silva, da Marcha Mundial das Mulheres, “Geralmente quando acontece algum golpe, são as mulheres as primeiras a serem prejudicadas”. Por isso, ela faz coro com a preocupação em haver punição defendendo que as pessoas que cometeram crimes tenham tratamento digno, mas que sejam punidas.

Representando a cultura, o artista Igbonan Rocha lembra o que a classe sofreu nos últimos anos. “Hoje nós estamos aqui celebrando a retomada da democracia. Não deixamos que a nossa democracia, que nós conquistamos com tanto sacrifício, fosse destruída. Então, hoje nós estamos aqui para dizer que nós estamos sempre presentes. A gente está celebrando a recuperação dos nossos direitos, que durante os quatro anos passados, a cultura no nosso país, a começar pelo ministério da cultura, foi destruída”.