Política
Roda gigante de JHC recebe críticas de vários setores
Localização, na Pajuçara, é ponto mais questionado por especialistas e empresários

Com prazo definido para começarem as obras, a roda gigante anunciada pela prefeitura tem gerado repercussão em vários setores. Com previsão de instalação na Praça Multieventos, na orla marítima de Pajuçara, a iniciativa tem a proposta de ser totalmente financiada por recursos privados, e quando estiver em funcionamento será uma atração paga.
A estimativa, segundo a Prefeitura, é que a roda gigante consiga atrair até 1300 visitantes ao dia, movimentando aproximadamente R$ 2 milhões por mês na economia local. Mas o que não faltam são os contrapontos. O professor de arquitetura da Ufal, Dilson Ferreira é bastante crítico. Ele destaca o aspecto social.
“É mais uma jogada de marketing do Prefeito de Maceió, que desrespeita leis ambientais, não possui planejamento estratégico para uma cidade com 60.000 pessoas em êxodo urbano decorrente da mineração, Flexais de Bebedouro isolados, ruas esburacadas, restingas sendo destruídas por uma contenção marítima antiecológica que desrespeita leis federais a custos exorbitantes, mercado e centro de Maceió abandonados, Orla lagunar esquecida, postos de saúde precários, escolas em situação de calamidade, riachos sendo aterrados dentre outros problemas urbanos, porém a prioridade é construir uma Roda Gigante, talvez com ela o turista se junte aos Maceioenses, vendo do alto essas mazelas e descasos e peça que o prefeito ajude a capital a ter o mínimo de urbanidade”.
O arquiteto aponta lacunas no projeto que considera graves. “O edital não cita o mais importante estudo de planejamento, impacto de vizinhança e controle urbano que seria o EIV – Estudo de Impacto de Vizinhança. Este tipo de estudo é exigido quando há a implantação de empreendimentos e atividades privadas ou públicas em área urbana e visa o bem-estar da população que reside na área próxima ao empreendimento”.
Caso os moradores da região se mobilizem, Ferreira acredita que podem dar trabalho. “A população que reside nesta área possui o direito de exigir estes estudos, pois visa identificar todos os prováveis problemas ambientais que os edifícios em frente ao empreendimento sofrerão. É obrigatório por lei este tipo de estudo, e está no Estatuto da Cidade, Lei Federal 10.257/2001. Outro problema a se analisar é que o uso é irrestrito de horário, todos os dias da semana inclusive feriado”.
Perguntado se o projeto desrespeita alguma legislação ambiental Ferreira afirma que é preciso estudo para aferir viabilidade. “Agora a área de quiosques essa tá na restinga, na areia. Essa fere totalmente”.
Diferente da árvore gigante do Natal passado, dessa vez não deve haver contestações por parte do Estado. O IMA afirma que não compete ao órgão “A gestão da orla está nas mãos da Prefeitura”.
A Secretária Estadual do Turismo, Bárbara Braga, vê falhas na proposta. “O Governo e a Secretaria não foram consultados em nenhum momento sobre a roda gigante. Enquanto Estado, nós entendemos a necessidade da inserção deste projeto em um Plano de Mobilidade Urbana, considerando que o trânsito na região na qual foi anunciada a implantação da roda gigante já está caótico com o grande fluxo de carros e motos. Com a implantação da roda gigante, essa movimentação deve piorar”.
Ela entende que a vida da população pode ser afetada de forma negativa. “É importante levar em conta que a mobilidade urbana é importante não apenas para o ir e vir do cidadão, mas para que ele também tenha mais qualidade de vida. A Setur entende que um Estado próspero se baseia na realização de ações devidamente planejadas para fortalecer o desenvolvimento local”.
Braga questiona a escolha do local. “O local anunciado não é adequado, considerando ainda que irá aglomerar mais um produto turístico em um ponto já consolidado no âmbito turístico, quando poderia servir para angariar mais um ponto, se em outra localidade fosse instalada”.
Apesar disso, ela garante que não há intenção de intervir. “De forma alguma. As obras e instalações em território municipal são decisões do prefeito da cidade. No caso da árvore de Natal, o Governo de Alagoas requisitou a remoção do objeto pois havia sido implantado em área de competência do Estado, situação em que também não houve solicitação para a implementação. Nós estamos e estaremos sempre à disposição para dialogar sobre ações que beneficiem nossa gente, esta deve ser nossa maior missão, agendas positivas que mudem a realidade do alagoano”.
O posicionamento apresentado pelo trade turístico ressalta os pontos positivos da novidade, mas também critica a escolha do local. “Com o crescimento da oferta hoteleira, e a maioria concentrada em Maceió, toda diversificação da oferta turística é bem-vinda, pois agrega valor e faz com que o turista permaneça mais tempo na cidade. Somos parceiros da prefeitura e queremos ver nossa capital crescer, atraindo cada vez mais turistas de todos os lugares, nossa preocupação é apenas em relação ao local, tendo em vista que o lugar cogitado é na Praça Multieventos, na Pajuçara, onde já existe um grande fluxo de carros, além de ser uma região residencial e comercial, com pouco estacionamento”, destacou o presidente do Maceió Convention Bureau, Milton Vasconcelos.
Trade turístico não aprova instalação do equipamento na Praça Multieventos
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas (ABIH/AL), André Santos, outros locais poderiam ser vistos para a instalação da roda gigante, como o Jaraguá. “É importante que se pense em um local menos adensado, onde exista possibilidade de crescimento de novos negócios no entorno, estacionamento, fluxo melhor para o tráfego”.
Samuel Silva, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens de Alagoas (ABAV/AL), afirma que a roda gigante é um equipamento importante para o lazer da população e dos turistas, mas o local precisa ser revisto. “No meu ponto de vista e de muitos munícipes com quem já conversei, o bairro do Jaraguá é o local ideal, pois tem espaço para estacionamentos, é próximo da região hoteleira, é servido de transporte público, e além disso tem áreas territoriais ociosas que comportam bem um equipamento como a roda gigante, sem poluir o visual natural da orla”.
Prefeitura emite posicionamento
Questionada sobre o edital para construção da roda gigante na orla, a prefeitura de Maceió informou que os estudos realizados com a população mostram uma aprovação superior a 76% e que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) emitiu licença ambiental prévia.
“Destaca-se, ainda que de acordo com a legislação municipal e o edital que rege a licitação, o efetivo início das obras está condicionado à liberação do empreendimento por todos os órgãos envolvidos na análise dos projetos executivos que serão apresentados pela sociedade empresária que vencer a licitação”, diz a prefeitura no comunicado à Tribuna.
Sobre a questão da árvore de Natal no Marco dos Corais, que gerou resistência por parte do Governo do Estado, a administração da capital diz que são questões distintas e o local especificado para a Roda Gigante é totalmente gerido pelo município, conforme Termo de Cessão e Autorização da Secretária de Patrimônio da União.
A Prefeitura divulga ainda que os recursos para a obra sairão de licitação. “meio impessoal de seleção - é, justamente, para selecionar o parceiro privado que reúna as condições econômicas e técnicas para executar o projeto”, pontua anota.
Com relação à Praça Multieventos e uma possível ‘privatização’ de seu espaço com a obra, a gestão afirma que “não haverá privatização da praça multieventos, ela permanecerá existindo da mesma forma. O espaço que será utilizado para a Roda Gigante é o Palco elevado da praça que, ao fim, trará mais um espaço de lazer para os cidadãos que já frequentam a praça”, ressalta a prefeitura, destacando ainda que foi realizada reunião conjunta com o Ministério Público Federal sobre a Roda Gigante.
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