Política
Religiosos sugerem mudanças em projeto
Decisão partiu do juiz José Cavalcanti Neto ao acatar ação da Procuradoria Geral do Estado

Religiosos de diversos cultos se reuniram na última quinta-feira (20) para confeccionar sugestões acerca do Projeto de Lei “Estatuto da Liberdade Religiosa”, apresentado pela vereadora Gaby Ronalsa (PV). O encontro aconteceu na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Maceió.
Wellington Santos, pastor da Igreja Batista do Pinheiro desde outubro de 1993, disse à Tribuna Independente que os religiosos parabenizam a iniciativa da parlamentar, porém, a ideia do grupo é trazer uma discussão para a construção de um documento que trate a liberdade plena e irrestrita do campo das questões religiosas individuais de cada cidadão e cidadã de Maceió.
“A nossa primeira palavra é de reconhecimento à iniciativa. Entretanto, como todo documento e como toda proposta, nós entendemos que essas propostas devem passar por uma prévia discussão para que qualquer proposta seja ampliada e enriquecida”, disse o pastor.
Ainda segundo o pastor, a reunião aconteceu exatamente para apontar os itens que, particularmente, os religiosos entendem que criam dificuldade na “questão maior” da liberdade religiosas. “Porque quanto você trata da questão da religião, você tem que ter toda atenção para não tolher, ferir, macular a forma de culto do outro e da outra”, opina.
Wellington Santos afirma que, desta forma, o grupo entende que algumas sugestões desses documentos apresentados pela vereadora, que foi inspirado em uma lei aprovada em São Paulo, devem ser revisados.
“Não desmerecendo a grande potência do estado de São Paulo, mas Maceió é outra realidade. Nós temos uma cidade marcada pela quebra de Xangô, que é algo singular na história do Brasil. Somos um estado e uma capital com histórias muito fortes de intolerância religiosa e racismo religioso. Temos que ter toda cautela e cuidado”, continua.
A quebra de Xangô, Dia do Quebra, Quebra de 1912 ou ainda Quebra-quebra, citada pelo pastor, foi um evento de intolerância religiosa que ocorreu no dia 2 de fevereiro de 1912 na cidade de Maceió, consistindo na destruição de terreiros e perseguição a adeptos de religiões de matriz africana.
“Entretanto, as pontuações feitas não são preocupações estritas aos povos de terreiro. Eu sou pastor evangélico, cristão e me preocupo porque não tivemos reunião marcada para debater o projeto, não para contestar ou apagar a inciativa da vereadora, pelo contrário. Queremos convidar a vereadora Gaby Ronalsa, em nome do Fórum de Diálogos Interreligiosos do Estado de Alagoas, para participar de uma discussão ampla, onde a gente possa apresentar sugestões que não vão empobrecer a proposta dela, mas vão enriquecer com relação à importante necessidade de termos uma lei específica sobre a liberdade religiosa. Mas, claro, isso já está presente na nossa lei maior, na nossa Constituição”.
O pastor afirma que em brevíssimo tempo uma comissão deverá apresentar a sugestão de algumas emendas para que a proposta da vereadora fique ainda mais robusta e possa representar todos os atores do campo religioso de Maceió.
Legislativo
Proposta de vereadora tramita na Câmara
O Awó professor doutor Clébio Ifatomisin Família Ejiogbé Arinakhouré Brasil considera a proposta da Gaby Ronalsa um “copia e cola” do projeto aprovado em São Paulo.
“Estamos marcando uma reunião para discutirmos as propostas das diversas vertentes religiosas para a complementação desse documento e a expectativa é que a vereadora esteja aberta ao diálogo, a nos ouvir e considerar as nossas proposituras, uma vez que o projeto apresentado nada mais é do que um ‘copia e cola’ de um projeto de São Paulo”, disse o religioso à Tribuna Independente.
“Por mais interessante que ele seja, não contempla os aspectos fundamentais da realidade das religiões e praticante das religiões aqui em Maceió. Ele não contempla a nossa identidade enquanto cidade no trato da questão da liberdade religiosas e queremos a abertura do diálogo para que a gente possa contribuir e ampliar a visão do projeto, trazendo a nossa compreensão. O projeto apresentado é interessante, mas como foi feito para São Paulo, não tem nossa identidade”, continua.
“Queremos levar o ponto de vista dos evangélicos progressistas, dos judeus, matriz africanas, budistas e das várias tendência religiosas de Maceió”, concluiu.
ENTENDA
Tramita na Câmara de Vereadores de Maceió o Projeto de Lei “Estatuto da Liberdade Religiosa”, apresentado pela vereadora Gaby Ronalsa, que propõe a criação de um Estatuto de Liberdade Religiosa e o assunto já tem gerado discussões nas redes sociais.
À Tribuna, a vereadora chegou a argumenta r que o projeto tem o intuito de proteger toda e qualquer religião. “Primeiro, é importante deixar claro que diferente do que está sendo propagado, inclusive nas redes sociais, o projeto ‘Estatuto da Liberdade Religiosa’ é claro, ao especificar que tem o intuito de proteger a liberdade de exercer toda e qualquer religião e não apenas a católica, assim como a liberdade de não professar nenhum credo”, explica.
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