Política
“Ataque às pesquisas é antidemocrático”
Cientistas políticos comentam sobre tentativa de desqualificar institutos que realizam levantamentos de intenção de votos no país

Após a apuração do primeiro turno das eleições gerais deste ano, que revelou muitos resultados discrepantes com o apontamento das pesquisas de intenção de voto realizadas na semana anterior ao pleito, muitas personalidades da política se inflaram contra os institutos que as realizaram. Teve discurso de CPI no Congresso Nacional até o ministro da Justiça, Anderson Torres, solicitar uma investigação junto à Polícia Federal. Para os cientistas políticos Luciana Santana e Ranulfo Paranhos, os ataques às pesquisas são antidemocráticos.
“Não é a primeira vez que os institutos são criticados, mas agora essas críticas estão extremamente ofensivas e desagradáveis. É muito inadequado esses posicionamentos, até porque vimos vários diretores desses institutos mostrando outras variáveis que influenciam nos dados: voto decidido de última hora; abstenções, que as pesquisas não conseguem mensurar os motivos; igrejas na reta final; e redes sociais. Essa postura é antidemocrática [ataques] e quem perde são os eleitores com a criminalização dos institutos de pesquisa”, afirma Luciana Santana.
Já Ranulfo Paranhos ressalta o grau de acerto dos institutos de pesquisa e pondera o período de coleta dos dados e as ações de campanha nos dias que antecedem à votação.
“As críticas às pesquisas são pelo suposto erro nos resultados. Mas o histórico mostra que elas acertaram todos os resultados eleitorais, dentro da margem de erro, de 1º e 2º turno nas eleições para presidente”, pontua. “Agora, aconteceu que as pesquisas deram Lula com 47% e Bolsonaro 37-38% [válidos]. A última encerrou a coleta na quinta [29] e foi divulgada na sexta [30], salvo engano. Daí, não se aferiu aquele voto com possibilidade de mudança; não aferiu o voto que virou; o que não foi votar; uma série de coisas”, completa Ranulfo Paranhos.
“Se se perguntar a um vereador de interior, ele vai te dizer que pesquisa de opinião se ganha dois dias antes. São os dias fundamentais para virar voto e isso aconteceu para presidente. Tudo faz parte do sprint final que os candidatos fazem. Não para isso que os candidatos tanto se esforçam na reta final? Para virar votos? Quem quer desacreditar as pesquisas são os perdedores. É natural numa democracia se debater as pesquisas, mas proibição, não”, argumenta Ranulfo Paranhos.
Em Alagoas, os principais institutos de pesquisa praticamente cravaram o resultado das urnas, a exceção foi a votação de Davi Davino Filho (PP), segundo colocado ao Senado. Fundepes, Ibrape, Data Sensus e Ipec deram que Paulo Dantas (MDB) teria entre 45% e 47% dos votos válidos para governador e Rodrigo Cunha (União Brasil), 26%-27% dos válidos. Nas urnas, o placar foi 46,64% a 26,79% a favor do emedebista.
Na próxima semana, começam a ser divulgadas mais pesquisas de intenção de voto para o 2º turno em Alagoas. Até o fechamento desta reportagem, Só Ibrape e Fundepes registraram seus levantamentos no TSE.
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