Política

Tratamento precoce é discussão delirante, diz à CPI médica vetada para ocupar secretaria

Luana Araújo depôs durante cerca de sete horas

Por G1 02/06/2021 22h29
Tratamento precoce é discussão delirante, diz à CPI médica vetada para ocupar secretaria
Reprodução - Foto: Assessoria
Em depoimento de cerca de sete horas à CPI da Covid nesta quarta-feira (2), a médica Luana Araújo chamou de “delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente” a discussão sobre o tratamento precoce, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e por ministros do governo. Luana Araújo esteve à frente da recém-criada Secretaria de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde durante dez dias. Passado esse período, foi informada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de que não seria nomeada. Segundo ele, faltou "validação política" para a nomeação. Após deixar a secretaria, ela disse ter sofrido ameaças. Infectologista e mestra em Saúde Pública pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, Luana foi convocada a prestar depoimento para explicar as razões pelas quais não permaneceu no ministério. Após a indicação da médica, reportagens passaram a mostrar posições expressadas por ela, contrárias ao uso de remédios ineficazes para a Covid e defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro, como a cloroquina. Nas redes sociais, Luana Araújo havia chamado a adoção do medicamento para o coronavírus de “neocurandeirismo”. Durante a audiência desta quarta, Luana Araújo disse que, embora não tenha sido formalmente nomeada, trabalhou na pasta e discutiu medidas com o ministro relacionadas ao programa de testagem e à vacinação. Segundo ela, não houve discussões sobre o tratamento precoce com Queiroga. "Isso nem foi um assunto. Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente. Quando eu disse que um ano atrás nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu infelizmente ainda mantenho isso em vários aspectos, porque nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento”, afirmou a médica. Segundo ela, essa discussão é “como se a gente estivesse escolhendo de que borda da Terra plana a gente vai pular”. “Não tem lógica”, complementou.