Política
Joesley Batista diz a juiz que está preso porque "mexeu com poderosos"
Audiência, que se refere à investigação dos irmãos Batista no processo que apura se teriam usado de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro, durou cerca de meia hora

O empresário Joesley Batista, do grupo J&F, disse hoje (15), durante audiência de custódia, em São Paulo, que está preso porque “mexeu com poderosos”. “Fui mexer com os poderosos e o dono do poder e estou aqui agora. Estou pagando por ter delatado”, disse.
Durante a audiência, Joesley criticou também o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por ter rescindido o acordo de colaboração. "Acho que o procurador foi muito questionado sobre a nossa imunidade e, por fim, ele decidiu pedir a quebra da nossa imunidade. Acho que esse foi um ato de covardia da parte dele depois de tudo que fizemos e entregamos de provas”, disse, acrescentando, “nós fizemos a maior e a mais efetiva colaboração".
O procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, anulou a imunidade penal que foi concedida por ele ao empresário Joesley Batista e a Ricardo Saud, ex-executivo da J&F. O benefício, que é a renúncia por parte da procuradoria a processar os acusados, foi anulado. Janot afirma que Batista e Saud omitiram da PGR informações durante o processo de assinatura do acordo de delação premiada.
Joesley foi ouvido pelo juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Na audiência, o juiz decidiu manter a prisão preventiva do empresário, alegando que, por suas condições financeiras, há “risco concreto de fuga”. Com isso, Joesley ficará preso na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, na região da Lapa.
A audiência, que se refere à investigação dos irmãos Batista no processo que apura se teriam usado de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro, durou cerca de meia hora. Durante a audiência, Joesley negou que tenha sofrido maus-tratos durante sua prisão e reafirmou que é inocente. Segundo ele, a negociação de ações feitas pela empresa na Bolsa de Valores, um dia após a divulgação dos áudios que envolviam o presidente da República, Michel Temer, foram “naturais”.
“Todas as operações foram naturais. Estamos tranquilos em afirmar que tudo foi feito dentro da normalidade”, disse. Segundo ele, as operações não tiveram como objetivo ter lucro ou prejuízo. “Vendi [ações] porque necessitava de caixa”.
“Vendemos antes, durante e continuamos vendendo porque precisamos de caixa. Por todo esse momento que temos passado, que é público, os bancos têm restringido o crédito para nós, não tem renovado as linhas de crédito”, disse ao juiz.
Mais lidas
-
1Superação e resistência
A impressionante história real por trás do filme Perdido na Montanha
-
2Regras rigorosas
Lei obriga uso de focinheira e guia curta para cães de raças agressivas em AL
-
3Acordo Coletivo
Mesmo com lucro de R$ 706 milhões, Equatorial tenta cortar direitos de trabalhadores
-
4Plantão do sexo
Orgia entre funcionários de hospital durante expediente vaza na web e vira caso de polícia
-
5Agentes de endemias e comunitários de saúde
Batalha judicial dos Agentes de Saúde chega ao fim e Justiça reconhece direito ao piso salarial e retroativos