Política

Gustavo Feijó é alvo de operação da PF por suspeita de caixa 2 via CBF em 2012

Prefeito de Boca da Mata também é vice-presidente da entidade máxima do futebol brasileiro

Por Tribuna Independente 10/06/2017 08h37
Gustavo Feijó é alvo de operação da PF por suspeita de caixa 2 via CBF em 2012
Reprodução - Foto: Assessoria

O prefeito de Boca da Mata e vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Gustavo Feijó (PMDB), foi alvo na manhã de sexta-feira (9) da Operação Bola Fora da Polícia Federal (PF), que investiga suposto esquema de caixa 2 em sua campanha eleitoral de 2012, através de recursos da própria CBF.

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em residências de pessoas ligadas a Gustavo Feijó em Maceió e em Boca da Mata, e também na sede da Federação Alagoana de Futebol (FAF).

A operação foi requisitada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), após a suspeita ter sido levantada na CPI do Futebol, presidida pelo senador Romário Faria (PSB-RJ), em 2015.

O prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias.

Em entrevista coletiva, concedida na última sexta-feira, o superintendente da PF, Bernardo Gonçalves, e o delegado da Regional de combate ao crime organizado, Daniel Silvestre, explicaram que Gustavo Feijó pode ser indiciado por falsidade ideológica eleitoral – caixa 2 – e lavagem de dinheiro. O depoimento de Gustavo Feijó – que não foi preso durante a ação da PF – será marcado após análise do material apreendido.

A investigação também vai verificar se a FAF, antes presidida pro Gustavo Feijó e agora por seu filho, Felipe Feijó, foi usada para repassar recursos de caixa 2.

FAF

Em nota, a FAF se limitou a dizer que colaborou com as buscas em sua sede.“A entidade, assim como seus funcionários, contribuiu de todas as formas para a execução do trabalho da polícia, que transcorreu de forma tranquila, não tendo havido, inclusive, nenhuma apreensão com recolhimento de documentos ou materiais”, diz a nota enviada à imprensa.Prefeito nega irregularidadesO prefeito de Boca da Mata, por meio de nota, afirma acompanhar as investigações de suposta prática de caixa 2, com recursos da CBF, em sua campanha no ano de 2012 com “tranquilidade” e “convicto de sua utilidade para demonstrar, definitivamente, a total licitude de sua campanha”.

Gustavo Feijó, também vice-presidente da CBF, garante que todos os recursos usados por ele na disputa eleitoral de 2012, na qual se elegeu prefeito de Boca da Mata, “foram integralmente declarados e sua prestação de contas devidamente aprovada por essa mesma justiça especializada”.

As suspeitas sobre possível esquema de caixa 2 na campanha, com recursos da CBF, surgiu durante a CPI do Futebol, no Congresso Nacional. Um e-mail enviado para o presidente da Confederação, Marco Polo Del Nero, o dirigente alagoano cobra R$ 250 mil que estariam faltando do que fora acordado com o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira.

“[...] Quando estive na CBF ainda sobre a presidência do Dr. Ricardo falei com ele sobre a intenção do pleito em 2012, naquela data ficou acordado que a participação da casa seria, 30% do valor total do orçamento. Até o presente momento já recebi 300 e outra cota de 50, venho solicitar do amigo uma atenção especial para liberação de 250 que falta”, escreveu Gustavo Feijó.

No mesmo e-mail há uma lista com os valores que seriam gastos na campanha. A vereadores seriam R$ 900 mil.

Segundo o orçamento da campanha, enviado no e-mail, o custo total seria de R$ 2.013.900,00.

Porém, Gustavo Feijó declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ter arrecadado R$ 130 mil e gasto R$ 129,9 mil.

E-mail enviado por Gustavo Feijó a Marco Polo Del Nero (Reprodução/CPI do Futebol)

Senador diz que gestor foi calo em investigaçõesO senador Romário Faria comemorou a Operação Bola Fora e disse que Gustavo Feijó foi “um calo nas nossas investigações”. Ele também criticou a anulação da convocação do vice-presidente da CBF para depor na CPI do Futebol, além da de Ricardo Teixeira e de Marco Polo Del Nero. “O senador Ciro Nogueira, representando a Bancada da CBF, pediu a anulação da sessão e Renan Calheiros, então presidente do Senado, anulou. A ação deles foi completamente arbitrária e ilegal.Presidente da FAF foi preso por posse ilegal de arma de fogoDurante as buscas, a PF encontrou uma pistola Taurus 380 na casa de Felipe Feijó, filho de Gustavo e atual presidente da FAF. De uso permitido, sua posse estava ilegal. Felipe foi preso em flagrante, pagou fiança e liberado em seguida. De acordo com a PF, não há indícios de que ele tenha relação com o suposto esquema de caixa 2. Em nota, o presidente da FAF garante não haver ilicitude em relação à arma de fogo encontrada em sua residência e que tudo será “oportunamente” comprovado.