Política
Mansão de ex-senador é ocupada por moradores de rua em Brasília
Parte da estrutura foi construída em área pública às margens do Lago Paranoá. Imóvel seria leiloado por determinação da Justiça para pagar dívidas trabalhistas.
O ex-senador e empresário Valmir Amaral tenta recuperar na Justiça uma mansão construída em área pública às margens do Lago Paranoá, em região nobre do Distrito Federal. O Tribunal de Justiça do DF iria leiloar o imóvel em 2016 para pagar dívidas trabalhistas das empresas do ex-senador, mas os advogados de Amaral conseguiram suspender o certame alegando que parte da casa está no nome do pai, que já morreu. Enquanto isso, o espaço é usado como abrigo por moradores de rua.
Mesmo com a tentativa de barrar o leilão, a Vara de Falências do TJ disse que a previsão é que o pregão seja realizado ainda neste semestre. Os advogados negam, ainda, que a casa esteja abandonada e dizem que as invasões ao local começaram após a intervenção do GDF, que derrubou os muros que cercavam a mansão. Os defensores também dizem que a família do ex-senador deixou o local pela falta de segurança.
A casa está vazia desde agosto de 2016, quando a Agência de Fiscalização (Agefis) derrubou parte dos muros e da churrasqueira, que estavam construídos em área pública. À época, o empresário reclamou da ação do órgão. “Eles estão derrubando a casa da minha mãezinha, de 80 anos, doente, derrubando área verde, não respeitando 30 metros do lago. Tão derrubando 200 metros do lago lá”, disse então.
EstruturaA mansão possui três campos de futebol, estacionamento amplo, churrasqueira e até heliponto. Tudo ficou abandonado desde que os moradores deixaram o local. Sobrevoada nesta quarta-feira (4), a piscina estava cheia, mas a água está esverdeada pela falta de limpeza. Uma banheira de hidromassagem na área externa acumulava água da chuva. A estrutura dos ambientes, deteriorada.
A casa, inclusive, foi assaltada duas vezes neste período. Como a família de Valmir se mudou sem levar vários objetos, assaltantes aproveitaram para agir e levaram várias televisões e até botijões de gás. Até os fios de eletricidade foram furtados.
Moradores de rua também usam com frequência os espaços do local para dormir e pessoas são flagradas na piscina com frequência pelo funcionário que toma conta do local durante o dia. Além disso, pescadores são vistos no antigo deck, onde eram estacionadas as embarcações do empresário.
Segundo o advogado Luís Coelho, que defende a mãe de Valmir, Ana Amância do Amaral, o governo não cercou a mansão, como prometido. "Hoje ela está na casa de amigos porque a ameaça é constante de quem invadiu o lote. O local ficou vulnerável", diz o advogado, que negou que a mansão tenha sido construída em área pública.
Grupo AmaralValmir Amaral é herdeiro de um dos grupos de transporte público que exploraram o serviço no DF por cerca de 40 anos. A falência do grupo foi decretada pela justiça em março de 2016, três anos após o GDF anunciar a intervenção no grupo e assumir as empresas, em 2013, devido a acúmulo de dívidas da empresa. O empresário chegou a considerar "lamentável" a situação.
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