Política
“Traipu vivencia uma nova realidade”, afirma Conceição Tavares
Prefeita Conceição Tavares diz ter adotado medidas inovadoras e que alcançaram êxito junto às comunidades
Gestora de um município conturbado e afastada por quatro vezes, a prefeita de Traipu, Conceição Tavares (DEM) diz que encerra o seu mandato com a sensação de dever cumprido. Deixa para a próxima administração toda documentação digitalizada e uma cidade renovada do ponto de vista de investimentos em estrutura como nas finanças municipais. Sua vontade é continuar na política e não afasta a possibilidade de se candidatar a deputada estadual nas eleições de 2018. Conceição foi ferrenha opositora do ex-prefeito do município, Marcos Santos e sua eleição findou um período turbulento em que a família do ex-gestor envolvia a cidade em graves escândalos de corrupção.
Tribuna Independente - Traipu possuía altos índices de criminalidade. Essa situação foi resolvida?
Conceição Tavares - Posso dizer que na totalidade. Acabamos com a violência do município com medidas simples, equipando a Guarda Municipal com a compra de viaturas, motos, rádio amadores, apito e colocamos a guarda para funcionar em defesa da nossa comunidade. Instalamos também câmera de monitoramento em toda cidade, são 83 em pleno funcionamento. O PCC da guarda foi o segundo município de Alagoas a aplica-lo e hoje, eu posso dizer que se não for a primeira e uma das guardas mais equipadas do Estado de Alagoas. A nossa guarda era desprovida de tudo, hoje temos duas viaturas, quatro motos, e uma guarda equipada de tudo.
Tribuna Independente - O Ideb de Traipu sempre foi baixo. Foi possível mudar essa realidade?
Conceição Tavares - Sim. E a maior prova é que nós recebemos recentemente um prêmio do governo do Estado de melhoria do indicador do Ideb e o nosso município foi agraciado com um prêmio de R$ 20 mil. Conseguimos o melhor índice e uma das nossas escolas, que foi 4.9 a nota. O nosso índice teve um crescimento de 60% em algumas das nossas escolas. A nossa rede municipal possui 42 escolas, nós temos a terceira maior extensão territorial do Estado e o centro da cidade possui menos habitantes do que a zona rural, que tem aproximadamente 20 mil habitantes espalhados em 756km² e o nosso desafio é exatamente fazer o acesso dessas crianças da zona rural as escolas. Só para ser ter uma ideia, de um ponto da cidade até um povoado nós chegamos a ter 60km de distância, e em virtude dessa realidade nós adquirimos nove ônibus escolares para atender as crianças e os professores. Quando assumi a prefeitura, as crianças não tinham onde sentar e hoje nós temos um momento diferente, equipamos as escolas com todos os equipamentos para atender as nossas crianças, desde a merenda, ao fardamento, ao kit escolar, a carteira escolar, equipamento de trabalho do professor. O nosso objetivo foi tornar a escola um lugar atrativo para essas crianças, para que elas gostem de ir e estar na escola. É muito gratificante ver nas estradas vicinais de Traipu as crianças todas fardadas com seu tênis e sua mochila se dirigindo para sala de aula, me sinto muito feliz com isso.
Tribuna Independente - O que foi feito com os recursos dos precatórios do antigo Fundef?
Conceição Tavares - Esse recurso foi uma prestação de contas entre administração pública municipal e o governo federal, então era um recurso do município. A nossa decisão foi de que os recursos pertencentes ao município poderiam ser executados de acordo com a nossa necessidade. Com esse recurso do antigo Fundef nós qualificamos professores, reformamos mais de 25 escolas, equipamos todas as escolas do município, compramos kit escolar, trouxemos a internet para dentro de sala de aula com a aquisição de tablet e hoje as crianças de Traipu tem acessibilidade, além de colocar ar condicionado. Primeiro usamos parte desses recursos na educação e fizemos um incentivo à aposentadoria antecipada, isso porque identificamos que havia um número maior de professor do que de aluno, e cerca de 50 professores atenderam ao chamado, mas ainda assim não resolve o problema de Traipu. Na época da realização do concurso, o número de alunos era maior, existiam 10 mil alunos na rede e após um recadastramento identificamos que havia apenas seis mil, ou seja, cerca de quatro mil alunos eram falsos e ficamos com um número de professores efetivos maior que a quantidade de alunos, por isso, tivemos que fazer o programa de desligamento desses professores. Outro ponto é que ao assumir a gestão, os professores ganhavam um salário mínimo. Não existia piso, e eu tive que colocar o professor no piso salarial para respeitar a determinação federal. Depois investimos o restante dos recursos na infraestrutura da cidade, fizemos pavimentações, construímos quadras esportivas, perfuramos 26 poços artesianos, reforma de praças. Nós tínhamos uma decisão judicial que nos amparava para que os recursos fossem usados de acordo com a necessidade do município.
Tribuna Independente - Qual é a diferença da Traipu de 2013, quando você assumiu, para a de 2017, quando o próximo prefeito assumir a gestão?
Conceição Tavares - A cidade hoje está renovada, preparada para receber o turismo. Nós temos 52 obras concluídas, disponibilizamos ônibus de Traipu para que os estudantes possam fazer faculdade em Arapiraca, fizemos uma praça de eventos, a cidade e o seu entorno está toda pavimentada, nossas praças estão todas renovadas, a entrada da cidade está renovada, fizemos pista de atletismo e a pavimentação de acesso a nossa cidade. Na saúde adquirimos seis ambulâncias e construímos quatro unidades de saúde, na educação conseguimos nove ônibus e uma caminhonete, na assistência social conseguimos dois veículos para o bolsa família, na garagem nós temos uma caçamba, um carro pipa, um trator agrícola para atender nossos agricultores, fizemos quatro quadras poliesportivas cobertas, temos duas creches em tempo integral. Reformamos e construímos estradas vicinais. Eu acredito que o povo de Traipu sabe da minha vontade de modificar Traipu, da evolução que a cidade teve. Todo mundo sabe que foi na minha administração que conseguimos todos esses avanços. Estamos entregando as obras e o município com responsabilidade. Toda documentação está digitalizada na prefeitura, eu zelo para que o próximo gestor que chegue encontre a casa arrumada. E a próxima gestão não terá dificuldades como eu tive. Eu poderia ser prefeita depois da Conceição. Quando eu cheguei paguei R$ 12 milhões de INSS, R$ 15 milhões de imposto federal, paguei as contas de energia dos prefeitos anteriores porque nunca se pagou energia em Traipu, conta de água da mesma forma, tive que quitar tudo. Precatório trabalhista paguei todos, somos o único município que tem a certidão em Alagoas. Hoje o novo gestor encontra um município quites e muito melhor. Ainda que alguns pensem que eu tenha sido uma má prefeita, o direito adquirido ninguém tira mais. A minha maior obra em Traipu foi trazer a paz e acabar com a violência na cidade.
Tribuna Independente - Traipu ficou conhecido em Alagoas como um município controverso e dominado pela corrupção. Esta realidade foi modificada durante seu mandato?
Conceição Tavares - Sim. As pessoas estavam acostumadas com o ruim, lá a consciência era quanto pior, melhor. As nossas crianças descobriram que a escola pode ser melhor, isso ninguém tira mais. O gestor que chegar vai fazer a manutenção das escolas, eu tive que fazer inteira. Eu penso que se os gestores que ali passaram tivessem feito um pouquinho, como eu fiz, Traipu estaria muito melhor. Eu vislumbro uma Traipu partindo de hoje, diferente. Talvez o próximo gestor seja mais rígido nas suas decisões, e fico imaginando se a cidade tivesse tido essa oportunidade anteriormente. Quando cheguei não tinha cadeira na prefeitura para eu me sentar, não tinha um computador e atendida a população sentada no chão. Eu deixei a minha marca na conquista dos direitos dos trabalhadores, na justiça, na liberdade até mesmo de falar do gestor coisa que não acontecia anteriormente.
Tribuna Independente - Encerrado o mandato, quais são os planos daqui para frente?
Conceição Tavares - Ainda não sei. Eu quero continuar na política, e não descarto a possibilidade de me candidatar a um cargo na Assembleia Legislativa Estadual. Tudo será na hora certa, e muito bem pensado. Se for o tempo de Deus certamente acontecerá. Eu não tenho essa ambição de que tem que ser.
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