Política
Dilma cortou em 43% contrato da propina da Odebrecht ao PMDB
Em 2013, após uma auditoria interna, a gestão da ex-presidente Graça Foster na Petrobras cortou em 43% o valor do contrato com a Odebrecht, que caiu de US$ 840 milhões para US$ 480 milhões, numa decisão que revoltou o PMDB
Na noite desta quinta-feira (16), uma nova delação premiada da Odebrecht atingiu Michel Temer. Ela foi feita pelo executivo Márcio Faria, ex-vice-presidente da empreiteira, que relatou um encontro no escritório de Michel Temer, em São Paulo, com Eduardo Cunha e o lobista João Augusto Henriques, às vésperas da eleição presidencial de 2010.
No encontro, segundo o delator, teria ficado acertado que a Odebrecht faria doações ao PMDB, tendo como contrapartida contratos na área internacional da Petrobras, que era comandada pelo partido. Ou seja: a doação era propina (leia mais aqui).
Sem ter como negar o encontro, Temer o confirmou, mas disse que, se alguém pediu dinheiro, foi Cunha, não ele. E o contrato em questão dizia respeito à manutenção de plataformas da Petrobras no exterior pelo PMDB.
Pois bem: em 2013, após uma auditoria interna, a gestão da ex-presidente Graça Foster na Petrobras cortou em 43% o valor do contrato com a Odebrecht, que caiu de US$ 840 milhões para US$ 480 milhões, numa decisão que revoltou o PMDB, o então vice-presidente Michel Temer e seus principais aliados.
É mais um indício de que o golpe parlamentar de 2016 foi uma reação de forças corruptas da política brasileira contra a presidente honesta.
Abaixo, reportagem publicada à época pelo Estado de S. Paulo:
Petrobrás corta em 43% contrato de US$ 840 milhões com a Odebrecht
Uma auditoria interna da Petrobrás contestou contrato da petroleira com o grupo Odebrecht em torno de US$ 840 milhões para serviços em dez países. Depois de análise do órgão interno, que atua com independência, o montante a ser pago foi reduzido em 43% do valor original, a cerca de US$ 480 milhões.
O acordo inclui trabalhos de manutenção na refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), onde a Petrobrás é investigada por ter firmado um contrato com falhas e comprado a unidade por preço acima do de mercado, como revelou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, em julho do ano passado (leia texto ao lado).
O contrato foi tema de pauta em reunião de conselho de administração da companhia realizada há pouco mais de dois meses. A presidente Graça Foster fez questão de relatar o caso aos outros nove administradores da estatal, no conselho presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Em seu relato ao conselho, Graça Foster não comentou que estavam incluídos no contrato trabalhos na refinaria de Pasadena. O serviço foi contratado durante a gestão de seu antecessor, José Sérgio Gabrielli.
Destino. Apenas US$ 400 milhões foram inicialmente destinados para a Odebrecht. Restaram em torno de US$ 80 milhões a serem pagos pela Petrobrás. Graça disse na reunião que o montante só seria desembolsado caso empresas locais oferecessem preços mais altos pelos trabalhos acordados inicialmente com a Odebrecht. Todos os valores são aproximados.
O acordo foi feito com Odebrecht Engenharia Industrial, braço da construtora responsável por obras industriais da empresa no Brasil e no exterior, em áreas como petróleo, mineração, petroquímica e metalurgia.
A empresa é responsável pelo contrato de prestação de serviços para a área de Negócios Internacionais da Petrobrás, dentro do plano de ação de certificação em segurança, meio ambiente e saúde, denominado Projeto PAC SMS.
O contrato guarda-chuva contempla vários países e, em 2011, foi ampliado para incluir serviços específicos em Pasadena.
Sem comentários. Procurada, a Odebrecht não quis comentar. A Petrobrás também não se manifestou oficialmente. A petroleira não informou o motivo da redução dos valores, nem por que o contrato foi revisto. Tampouco detalhou os serviços e países envolvidos.
Mas o Broadcast apurou que o contrato revisto do Projeto PAC SMS inclui, além dos Estados Unidos, nove países que têm refinarias e estações de serviços da Petrobrás. São eles Argentina, Japão, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Chile, Equador, Bolívia e Brasil. Segundo uma fonte, o acordo foi reduzido quase à metade por ter sido considerado caro demais para os serviços oferecidos.
As obras são conduzidas em parceria com a Foz do Brasil, uma empresa do grupo Odebrecht para projetos ambientais. Conta com 26,53% de participação acionária do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
O contrato suplementar para Pasadena foi firmado para recuperação, construção, montagem e elaboração de estudos e diagnósticos das áreas de SMS. Também inclui colocação de equipamentos e realização de serviços para contingência e combate a incêndios.
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