Há pouco mais de um mês como ministro do Turismo, o alagoano Marx Beltrão pretende fazer uma gestão inovadora com foco na atração de turistas estrangeiros, investimentos em infraestrutura e mudanças no Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Em entrevista à Tribuna Independente, Beltrão destaca algumas prioridades e contextualiza o cenário político conturbado que o país tem vivenciado.

Tribuna Independente - Alagoas tem como uma das principais fontes de renda o turismo. Enquanto gestor de um importante ministério, quais ações terão prioridades para o Estado?

Marx Beltrão - À frente do Ministério do Turismo há pouco mais de um mês, já pedi para a área técnica fazer um levantamento de todas as obras em andamento. Vou me empenhar para conseguir avançar o mais rapidamente possível na duplicação da rodovia BR-101 Norte e no trecho que vai até a Barra de São Miguel e também naquele que vai até Coruripe, ligando todo o Litoral Sul do Estado. Temos também a Revitaliza- ção da Praia da Sereia e a construção da Ecovia Norte, que liga o Benedito Bentes à Praia de Guaxuma, da Ponte Penedo-Neópolis e do Terminal turístico do Porto de Maceió. Além das obras do Ministério do Turismo, trabalhamos em parceria com o Ministério dos Transportes para a construção do Aeroporto de Maragogi – uma obra que, quando entregue, trará muitos benefícios para aquela região turística.

Tribuna Independente - Marx Beltrão chegou ao ministério em um momento de transição de poderes. Qual a sua percepção do ministério após a saída da presidente Dilma e a chegada de Michel Temer?

Marx Beltrão - Acredito que não só o ministério, mas o Brasil tem muito a ganhar com o presidente Michel Temer. O país sofreu nos últimos anos com erros de gestão, falta de políticas públicas e o mais importante: a falta do entendimento sobre a total incapacidade do Estado de prestar todos os serviços à sociedade. É preciso rever seu papel, redimensionar e equilibrar as contas, além de fazer grandes alianças com a inciativa privada para retomar a economia e voltar a crescer. A superação da crise econômica brasileira somente virá de uma mistura entre responsabilidade fiscal e social. É preciso equilibrar as contas para crescer, se desenvolver e gerar empregos. Nesse sentido, o Ministério do Turismo tem um papel fundamental dentro do governo. Estamos falando da atividade econômica que responde com mais rapidez a investimentos ou medidas de incentivo, porque impacta em 52 segmentos é, por isso, capaz de induzir o desenvolvimento regional. São mais de três milhões de pessoas trabalhando no setor em todos os cantos do país e tenho certeza que podemos gerais ainda mais empregos e rendas para o Brasil.

Tribuna Independente - Como atrair mais turistas para o País em um momento de grave crise econômica?

Marx Beltrão - Estou propondo um conjunto de ações - uma espécie de ofensiva - para atrair mais estrangeiros ao Brasil. Além da manutenção da isenção de vistos para turistas por mais dois anos, medida que adotamos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos e gerou um acréscimo de quase meio bilhão de reais na economia brasileira. Encomendei estudos a respeito da isenção do ICMS de turistas estrangeiros que pagarem suas viagens com cartão de crédito – a exemplo do que está sendo feito na Argentina com a devolução do IVA – e a implementação de tax free no Brasil. Também estamos trabalhando junto à área econômica do Governo para mudar o modelo de gestão da Embratur. Com essa mudança, esperamos atrair mais investimentos públicos e privados para promoção internacional.

Tribuna Independente - Em sua avaliação, o governo federal está conseguindo aprovar projetos graças ao contato permanente com o Congresso e por não ter pautas-bombas como entrave?

Marx Beltrão - Acredito que a boa relação entre os poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – é extremamente importante para o Brasil voltar a crescer. A tarefa do governo agora não é fácil. Medidas muitas vezes consideradas impopulares deverão ser tomadas para a retomada do ciclo de emprego e de toda a cadeia econômica. Certo disso, o governo do presidente Michel Temer inicia sua gestão com duas ações prioritárias, que, se bem-sucedidas, vão retomar o crescimento e desenvolvimento do Brasil: o ajuste fiscal e equilíbrio das contas públicas; e a melhoria da infraestrutura e retomada dos investimentos. O primeiro passo já foi com o apoio do Congresso e o ajuste segue como planejado. Um sinal claro que o Brasil já mudou e se comprometeu a ser responsável com suas contas. As pessoas querem saber como e quando o Brasil vai continuar seguindo em frente. Não há mais tolerância para disputas partidá- rias, agendas menores diante da necessidade de mudanças concretas. Quem ganha com isso somos todos nós.

Tribuna Indepedente - Como Alagoas pode evoluir com dois ministros do Estado em pastas importantes, mais o presidente do Congresso Nacional no comando dos trabalhos do Legislativo?

Marx Beltrão - Acredito que esse é um momento ímpar para o desenvolvimento econômico de Alagoas. No Turismo, em pouco mais de um mês no cargo, já consegui a liberação de R$ 1,8 milhão para obras. Tenho recebido em meu gabinete vários prefeitos e também já tive a oportunidade de me reunir com o governador Renan Filho (PMDB) e com o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, e conversamos sobre avanços para o Estado. Temos projetos importantes em estudo e andamento, com a eliminação de gargalos para entrada dos grandes navios em nosso porto e a construção do Aeroporto de Maragogi. Vou me dedicar com afinco para conseguir fazer do turismo a principal fonte econômica de Alagoas. Hoje a atividade é o setor sucroenergético.

Tribuna Indepdente - Ao assumir o comando do Turismo, percebe-se que os prefeitos alagoanos estão com atenções maiores para esta área nos municípios?

Marx Beltrão - Sim, e acredito que é natural pelo acesso que os prefeitos passam a ter com o ministro da pasta e porque, junto ao Governo do Estado, o meu objetivo é fazer com que o turismo de Alagoas seja a principal atividade econômica do estado. Durante a minha gestão, o MTur estará de portas abertas para todos os prefeitos do estado.