Política
Aumenta revolta de alunos contra PEC e 11 unidades de ensino são ocupadas em AL
Em todo o país já são mais de mil escolas e institutos federais e mais 70 universidades ocupadas
Até a tarde de segunda-feira (24), oito campi, sendo três da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cinco do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), foram ocupados por estudantes contrários à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/2016 e à reforma do ensino médio elaborada pelo Governo Federal. Além deles, a Escola Estadual Manoel Lúcio, Escola Professora Izaura Antônia Lisboa e a Escola Estadual Rotary, todas em Arapiraca, também foram ocupadas. Ao todo, portanto, são onze unidades de ensino.
Os campi do Ifal ocupados em Alagoas são: Marechal Deodoro, Santana do Ipanema, Satuba, Murici e Piranhas. Os da Ufal são: Delmiro Gouveia, Palmeira dos Índios e Arapiraca. Em todo o país já são mais de mil escolas e Instituto Federais - ocupados e mais de 70 universidades – ocupados.
O bloco administrativo do Ifal em Maceió chegou a ser ocupado por cerca de 90 estudantes na tarde de ontem, mas eles deixaram o prédio no início da noite. A reportagem tentou contato com estudantes que coordenaram a ação para saber o motivo da saída, mas ninguém atendeu aos telefonemas.
A PEC 241 já foi aprovada pela Câmara dos Deputados – por 366 votos a favor, 11 contra e duas abstenções – no último dia 10. A votação do segundo turno está prevista para hoje.
Passando na Câmara dos Deputados, a PEC irá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. No plenário, serão necessários 2/3 dos senadores para que a medida seja aprovada.
A PEC 241 congela investimentos públicos por 20 anos.
CRESCIMENTO
Se a quantidade de unidades de ensino ocupadas em Alagoas ainda pode ser considerada pequena, num comparativo com outros estados, a adesão ao movimento ainda tem o que crescer. A avaliação é da estudante de Ciências Sociais da Ufal, Amanda Balbino.
Segundo ela, que também atua na Frente estudantil em Defesa da Educação, as ocupações em Alagoas vão aumentar porque após a provável aprovação da PEC 241, outras medidas consideradas como retrocesso devem ser implementadas pelo governo de Michel Temer (PMDB).
“A PEC 241 é apenas a primeira medida do plano de cortes do governo. Acreditamos que depois dela os próximos passos de Michel Temer serão bem piores, como aprovação da reforma da previdência a reformulação do ensino. O que tende a agravar ainda mais as contradições de classes. Ou seja, é apenas o começo de um grande luta contra os retrocessos dos direitos do povo”, afirma Amanda.
Os estudantes da Ufal em Maceió realizam assembleia geral na tarde de hoje para decidir se ocupam ou não o Campus A.C. Simões.
BANCADA
Dos nove deputados alagoanos na Câmara dos Deputados, apenas três votaram contra a PEC 241: Ronaldo Lessa (PDT); Paulão (PT); e JHC (PSB). Cícero Almeida (PMDB), que também é candidato à Prefeitura de Maceió, esteve ausente na sessão plenária do último dia 10. Votaram a favor da medida: Givaldo Carimbão (PHS); Marx Beltrão (PMDB); Arthur Lira (PP); Nivaldo Albuquerque (PRP); e Pedro Vilela (PSDB).
Estudantes entendem gravidade da proposta
Para o diretor de Política Sindical da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), Carlos Müller, os estudantes do interior de Alagoas possuem melhor entendimento sobre o que está em risco com a aprovação da PEC 241 do que os da capital.
“Eles compreenderam melhor a importância da expansão da Ufal e do Ifal desses últimos anos. Nós estamos apoiando as ocupações e, inclusive, estamos realizando campanha de arrecadação de alimentos em nossas sedes, no Farol e na Ufal de Maceió. Na última semana já levamos alimentos para o Ifal de Satuba e nesta estaremos levando para a Ufal de Arapiraca”, diz Carlos Müller.
Em sua avaliação, a adesão ao movimento contra a PEC 241 está crescendo em Alagoas, mas em ritmo abaixo do que a conjuntura necessita “para combater essa enxurrada neoliberal”.
GREVE GERAL
A Adufal realiza assembleia, na manhã de hoje, para discutir as mobilizações da categoria durante a greve geral que ocorrerá em novembro, período de recesso da Universidade.
Assembleia tem definido a ordem de ocupações nos campi da Ufal e Ifal nas regiões do Estado (Foto: Divulgação)
Sua adesão já foi aprovada numa outra assembleia no mês de setembro e a paralização dos trabalhadores, de diversas categorias, ocorreria em outubro, mas foi adiada.
Além disso, Carlos Müller enfatizou a carreata realizada na manhã de ontem (24) pelos servidores da Ufal e do Ifal. “Estamos chamar a atenção das pessoas sobre os prejuízos que a PEC 241 trará ao país”, comenta Carlos Müller.
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