Polícia

Escola indígena amanhece com marcas de tiros; comunidade Xucuru-Kariri é alvo de intimidação

Prédio da Aldeia Fazenda Canto foi encontrado com disparos, mas não houve feridos; ataque ocorre em meio à disputa pela demarcação de terras

Por Lucas França 10/11/2025 14h51 - Atualizado em 10/11/2025 19h32
Escola indígena amanhece com marcas de tiros; comunidade Xucuru-Kariri é alvo de intimidação
Os tiros atingiram portões e paredes do prédio, que atende crianças e jovens da etnia Xucuru-Kariri. Apesar do susto, não houve feridos - Foto: Divulgação

Uma escola indígena da Aldeia Fazenda Canto, em Palmeira dos Índios, agreste de Alagoas, foi encontrada com marcas de disparos de arma de fogo na manhã desta segunda-feira (10). Os tiros atingiram portões e paredes do prédio, que atende crianças e jovens da etnia Xucuru-Kariri. Apesar do susto, não houve feridos.

A ocorrência foi divulgada pelo ex-secretário de Cultura do município, Cássio Junior, durante o programa “A Notícia”. Até o momento, não há informações sobre os autores, a motivação ou o horário exato dos disparos. Lideranças indígenas acreditam que o ataque possa ter sido uma tentativa de intimidação, já que a comunidade vive um período de tensão em função do processo de demarcação de terras indígenas.

Após mais de 150 anos de reivindicação, a demarcação das terras do povo Xucuru-Kariri deve avançar em dezembro. Segundo o líder indígena Tanawy Xukuru-Kariri, 35 dos 463 proprietários com áreas incidentes sobre o território indígena serão indenizados até 14 de dezembro, prazo prorrogado pela Funai para a conclusão da avaliação indenizatória. Essa etapa é considerada crucial para a regularização fundiária da região, que há décadas enfrenta disputas entre indígenas e produtores rurais.

O tema tem gerado forte repercussão política. Na semana passada, o ex-prefeito James Ribeiro se manifestou contra a demarcação, alegando que a medida representa uma “grande injustiça” e poderá causar prejuízos econômicos e sociais à população local. Em vídeo publicado nas redes sociais, Ribeiro afirmou que apenas um lado foi ouvido, ignorando registros históricos e laudos que comprovariam a posse de famílias tradicionais.

“Famílias que vivem há gerações na terra estão sendo tratadas como invasoras”, declarou o ex-prefeito, acrescentando que o processo fere o direito de propriedade, garantido pela Constituição. Ele também afirmou que não há conflito na região, apenas pequenos produtores e famílias trabalhadoras que dependem da terra para sobreviver.