Polícia

Assassino em série planejava outras mortes

Preso em setembro pela morte de Ana Beatriz, de 13 anos, na Levada, Albino confessou mais oito execuções

Por Tribuna Hoje 18/11/2024 08h39 - Atualizado em 18/11/2024 14h53
Assassino em série planejava outras mortes
Albino Santos de Lima foi preso em setembro pela morte da adolescente Ana Beatriz - Foto: Reprodução

O homem suspeito de assassinar a menina Ana Beatriz, de 13 anos, com um tiro na cabeça, em agosto deste ano, no bairro da Levada, em Maceió, é apontado pelas autoridades como um assassino em série. Albino Santos de Lima, de 42 anos, foi preso pela morte da adolescente, no dia 17 de setembro.

Albino é filho de um policial militar aposentado e já trabalhou na segurança do Sistema Prisional. A ele são atribuídos pelo menos outros 10 homicídios. Em depoimento à polícia, conforme reportagem do Fantástico desse domingo (17), o suspeito confessou apenas oito, disse monitorava as vítimas por meio das redes sociais e que todas as suas vítimas faziam parte de uma organização criminosa. No entanto, as investigações mostraram o oposto.

As autoridades policiais chegaram a conclusão de que ele estaria envolvido em outras mortes por meio da arma usada no crime que vitimou a adolescente, uma pistola calibre 390. A Polícia Científica confirmou que projéteis encontrados em corpos das outras vítimas correspondiam aos disparados pela pistola apreendida com Albino.

"Ela também é de facção. Todos são traficantes. Todos são de facção. Eu comecei a ter conhecimento dele através do Instagram. Comecei a fazer investigação por conta própria”, disse o suspeito em depoimento.

A delegada do caso, Tacyane Ribeiro, explicou que das 10 vítimas identificadas pela polícia, sendo três homens e sete mulheres, nenhuma delas tem envolvimento com facção criminosa. "As mulheres tinham um perfil muito semelhante. Eram morenas, jovens, com cabelo cacheado. Entre elas, havia uma mulher trans com esse mesmo perfil físico", completou.

No interrogatório, o suspeito informou que planejava outros crimes. "Futuramente, eu iria começar a fazer outros planejamentos e outras execuções", disse ele.

Conforme o Gilson Rego Sousa, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), os peritos encontraram várias fotografias de indivíduos que ainda estão vivos, seriam vítimas em potencial.

O perito do caso, Ivan Excalibur de Araújo Pereira, informou que o celular do suspeito foi formatado. “Mas conseguimos recuperar credenciais de contas dele. Com essas credenciais, recuperamos arquivos de mídia. Entre eles, havia dois diretórios específicos: um chamado 'odiada Instagram' e outro, 'morte especiais'".

O suspeito marcava no calendário as datas dos crimes praticados por ele. Também visitava os túmulos de suas vítimas e fotografava as lápides.

A defesa de Albino admite que ele não é uma pessoa normal. "A cabeça dele é de uma pessoa doente, de um sociopata. Esse vai ser o caminhar da minha defesa, visto que ele tem direito. Mesmo sendo um serial killer e assim sendo confirmado, ele tem direito a defesa", disse o advogado Geoberto Bernardo de Luna.

Assassino confesso, Albino Santos de Lima foi indiciado, por enquanto, por homicídio qualificado e por outros três crimes. Mas a polícia alagoana revelou ao Fantástico que pretende reabrir inquéritos sobre homicídios que aconteceram entre 2019 e 2020, nos quais ele possa estar envolvido.

O DNA balístico da pistola apreendida com Albino foi incluído no banco nacional do Ministério da Justiça. A medida pode ajudar a conectar a arma com possíveis outros crimes.

Albino Santos de Lima vestia sempre roupa preta e usava um boné para esconder o rosto. Na noite em que assassinou Ana Beatriz, era desse jeito que ele estava.

A mãe da menina, Helyzabethe Bezerra Santos, estava comemorando aniversário. Ana Beatriz saiu acompanhada da irmã mais nova e de duas amigas para dar uma volta pelo bairro, mas foi abordada e morta por Albino no caminho. "Quando eu soube da notícia, foi como se a pessoa tivesse arrancado um pedaço do meu coração. Eu não estava querendo acreditar que isso tinha acontecido comigo", desabafou.

Inconformado, o pai de Ana Beatriz lamentou. "Seguir uma pessoa inocente, chegar ali e matar sem fazer nada com você? Isso não é um ser humano, não", disse Regivaldo Rodrigues Tavares.