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Ucrânia pede ajuda do Brasil para persuadir Putin a negociar com Zelensky

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou nesta terça-feira, 13, que pediu a ajuda do Brasil para certificar que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, compareça a um encontro marcado para negociações com seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta quinta-feira na Turquia. Kiev e Moscou anunciaram no final de semana que haveria “conversas diretas” entre os líderes, mas o Kremlin não confirmou a presença do russo.
Sybiha afirmou em postagem no X, antigo Twitter, que falou por telefone com Mauro Vieira, o chanceler do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para fazer o pedido.
“Reafirmei a disponibilidade do presidente Zelensky para se reunir com Putin na Turquia e instei o Brasil a usar a sua voz competente no diálogo com a Rússia para que este encontro direto ao mais alto nível aconteça”, afirmou o ministro ucraniano.
Ele também disse ter insistido junto a Vieira para que o Brasil apoie “um cessar-fogo incondicional de trinta dias como base para negociações de paz eficazes”.
Lula esteve na Rússia na semana passada para participar das celebrações dos oitenta anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na II Guerra Mundial. Putin aproveitou a ocasião para dar uma demonstração de que não está isolado — armou uma grandiosa cerimônia para receber líderes de toda parte, também entre eles o chinês Xi Jinping, que recebeu o brasileiro para uma visita de Estado nesta semana.
Por ocasião da passagem de Lula por Pequim, Brasil e China emitiram nesta terça uma declaração conjunta sobre “a crise na Ucrânia”. Os países afirmaram acolherem a proposta de negociações diretas – que foi feita por Putin no último sábado 10 – e pediram que o diálogo se inicie “no menor prazo possível”. Segundo o comunicado, essa seria “a única forma de pôr fim ao conflito”. Além de defenderem um “acordo de paz duradouro e justo, que seja vinculante para todas as partes no final”, nada falaram a respeito de uma trégua ou cessar-fogo.
Desde 2023, Lula vem propondo intermediar um diálogo de paz entre a Ucrânia e a Rússia, que estão em guerra desde que as forças de Moscou invadiram e começaram a bombardear o país vizinho, em fevereiro de 2022. Mas a mediação do Brasil perdeu força após o presidente brasileiro travar embates públicos com Zelensky – já disse, por exemplo, que, se o líder ucraniano fosse “esperto”, diria que a solução para a guerra com a Rússia é diplomática, e não militar.
Negociações diretas
Putin propôs no sábado 10 a realização de “conversas diretas” com a Ucrânia em busca de um acordo de paz para a guerra. O governante defendeu que as negociações aconteçam nesta semana, a partir do dia 15 de maio, quinta-feira, e acrescentou ter combinado tudo com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para possibilitar que o proposto encontro entre representantes da Rússia e da Ucrânia aconteça em Istambul.
As declarações do presidente russo acontecem em meio à pressão de líderes europeus por um cessar-fogo. O grupo formado por Ucrânia, Reino Unido, Alemanha, França e Polônia definiu uma trégua incondicional de trinta dias a partir de segunda e fez um ultimato: ameaçou a Rússia com novas sanções caso a pausa no conflito não seja respeitada. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reagiu à manifestação dos líderes europeus afirmando que a Rússia iria “refletir” sobre a proposta, mas que era “inútil” tentar pressionar Moscou.
A proposta de Putin foi feita em um pronunciamento, direto do Kremlin, transmitido pela TV russa. “Nós buscamos conversas sérias para remover as origens das causas do conflito e seguir em frente por uma paz forte e duradoura”, afirmou. “Nós estamos propondo a Kiev retomar negociações diretas, sem pré-condições”, disse Putin. “Nós oferecemos às autoridades de Kiev a retomada das negociações já nesta quinta, em Istambul.”
O presidente russo acrescentou que não descarta que, durante essas conversas, Rússia e Ucrânia possam concordar com “novos cessar-fogos, uma nova trégua”.
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