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Papa critica guerras e faz referência à Ucrânia na Missa do Galo

Pontífice presidiu Missa do Galo neste sábado (24), a primeira com capacidade máxima da Basílica de São Pedro ocupada desde o início da pandemia

Por Reuters 24/12/2022 20h19 - Atualizado em 25/12/2022 11h51
Papa critica guerras e faz referência à Ucrânia na Missa do Galo
Papa Francisco beija uma estátua de menino Jesus durante a Missa do Galo, em 24 de dezembro de 2022 - Foto: Guglielmo Mangiapane/ Reuters

O Papa Francisco criticou neste sábado (24), durante a tradicional Missa do Galo, "a ganância e a fome de poder" que fazem com que homens e mulheres queiram "consumir até mesmo seus vizinhos".

O discurso foi visto como uma referência à guerra da Ucrânia. Desde o início do conflito, o pontífice tem adotado uma postura crítica à invasão russa ao país vizinho em suas missas e discursos.

"Homens e mulheres em nosso mundo, em sua fome de riqueza e poder, consomem até mesmo seus vizinhos, seus irmãos e irmãs", disse o Papa. "Quantas guerras já vimos! E em quantos lugares, ainda hoje, a dignidade e a liberdade humanas são tratadas com desprezo!"

Francisco celebra o 10º Natal de seu pontificado. A cerimônia de véspera de Natal deste ano foi a primeira com capacidade para cerca de 7 mil pessoas desde o início da pandemia.

Outras 4 mil participaram do lado de fora, na Praça de São Pedro, em uma noite relativamente quente para o início do inverno no Hemisfério Norte.

Basílica de São Pedro, no Vaticano, durante a Missa do Galo, presidida pelo papa Francisco, em 24 de dezembro de 2022. — Foto: Gregorio Borgia/ AP











Como tem acontecido nos últimos meses, um problema no joelho impediu Francisco de ficar de pé por longos períodos. Coube a um cardeal ser o principal promotor da cerimônia no altar da basílica.

Sentado ao lado do altar durante a maior parte da missa, Francisco focou seu sermão em torno do tema da ganância e do consumo em vários níveis. Ele pediu às pessoas que olhem além do consumismo que "embalou" a festa de Natal para redescobrirem seu significado e lembrarem aqueles que sofrem com a guerra e a pobreza.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro, Francisco se manifestou contra a guerra em quase todos os eventos públicos, pelo menos duas vezes por semana, denunciando o que chama de atrocidades e agressão não provocada.

Crianças da guerra


No sermão deste sábado, porém, o pontífice não citou o nome da Ucrânia e fez apenas referências indiretas ao conflito.

"Como sempre, as principais vítimas desta ganância humana são os fracos e os vulneráveis", disse ele, denunciando "um mundo faminto por dinheiro, poder e prazer".

"Penso sobretudo nas crianças devoradas pela guerra, pela pobreza e pela injustiça", disse o Papa, referindo-se também às "crianças nascituras, pobres e esquecidas".

Traçando um paralelo entre Jesus nascido em uma manjedoura e a pobreza de hoje, Francisco disse: "Na manjedoura da rejeição e do desconforto, Deus se faz presente. Ele vem porque ali vemos o problema de nossa humanidade: a indiferença produzida pela pressa gananciosa de possuir e consumir."

No início deste mês, o Papa pediu para as pessoas gastarem menos com as celebrações e presentes de Natal para enviarem a diferença aos ucranianos para ajudá-los a passar o inverno.

Francisco completou 86 anos na semana passada. Neste domingo (25), ele deve fazer sua bênção e a tradicional mensagem "Urbi et Orbi" (para a cidade e para o mundo) do balcão central da Basílica de São Pedro diante de milhares de fiéis.