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Júri vai definir se policial que matou vizinho vai responder por homicídio culposo

Ao chegar do trabalho após turno de 15 horas, Amber Guyger desceu no andar errado e atirou em Botham Jean, de 26 anos, dentro da casa dele

Por AP e G1 10/09/2018 17h28
Júri vai definir se policial que matou vizinho vai responder por homicídio culposo
Reprodução - Foto: Assessoria
O caso da policial de Dallas, no Texas, que matou a tiros seu vizinho depois de entrar por engano no apartamento dele será apresentado a um grande júri, que pode decidir por acusações mais graves do que homicídio culposo, informou a promotora responsável pelo caso nesta segunda-feira (10). Um grande júri não determina se uma pessoa é culpada de um crime ou não. Esse órgão apenas determina se há evidências suficientes para prosseguir com a acusação e então começar um processo. A promotora do Condado de Dallas, Faith Johnson, disse que seu gabinete irá primeiro coletar evidências relacionadas ao incidente fatal da noite de quinta-feira, quando Amber Guyger matou Botham Jean, de 26 anos. A policial foi detida na noite de domingo e fichada no condado vizinho de Kaufman, antes de ser liberada sob fiança. Advogados da família da vítima questionaram porque demorou três dias para que Guyger fosse acusada. Um deles disse que ela deveria ter sido algemada na noite da morte, em vez de três dias depois. Eles também questionaram porque, baseado em informações da imprensa, Guyger foi tão rápida em usar força letal contra Jean. Quando questionada porque Guyger teve permissão de se entregar em outro local que não a prisão do condado de Dallas, Johnson disse que a decisão foi tomada pelos Texas Rangers, que também participam da investigação. Botham Shem Jean, de 26 anos, foi morto por policial em sua casa em Dallas (Foto: Reprodução/Facebook/Botham Shem Jean) Citando um oficial com conhecimento direto do caso não identificado, o jornal “The Dallas Morning News” relatou que Guyger tinha acabado de encerrar um turno de 15 horas de trabalho quando voltou, ainda fardada, ao condomínio South Side Flats, onde ela e Jean moravam. A policial desceu do elevador no quarto andar, em vez do terceiro, onde mora, possivelmente sugerindo que ela estava confusa ou desorientada. Quando colocou sua chave na fechadura destrancada, a porta abriu. Dentro, as luzes estavam apagadas. Ela então viu um vulto no escuro, segundo o oficial, que não tem autorização para discutir o caso publicamente. A policial pensou que seu apartamento estava sendo roubado, sacou sua arma e disparou duas vezes. Quando acendeu as luzes, percebeu que estava na casa errada, ainda de acordo com o jornal. Uma porta-voz dos Texas Rangers não respondeu aos pedidos da Associated Press para confirmar os detalhes da reportagem do jornal, mas o prefeito Mike Rawlings também disse nesta segunda-feira que Guyger desceu no andar errado. O departamento legista do condado de Dallas disse que Jean morreu em consequência de um ferimento a bala no peito. Sua morte foi classificada como homicídio. Grant Jean, de 15 anos, e Alisson Jean, irmão e mãe de Botham Jean, choram durante missa em homenagem ao jovem, morto por policial que entrou por engano em seu apartamento em Dallas, no Texas (Foto: Shaban Athuman/The Dallas Morning News via AP) A mãe de Jean disse que os investigadores não informaram a família sobre o que aconteceu. Allison Jean disse em uma coletiva de imprensa que fez muitas perguntas, mas ouviu que ainda não há respostas. No dia após o incidente, a chefe de polícia Renee Hall disse que seu departamento buscaria uma acusação de homicídio culposo contra Guyger, que tem quatro anos de experiência como policial. Mas, no sábado, Hall afirmou que os Rangers pediram que seu departamento aguardasse porque tinham recebido novas informações e queriam investigar mais antes que um mandado fosse emitido. A promotora também terá a opção de apresentar acusações mais graves ao grande júri. Guyger teve uma amostra de sangue coletada no local para a realização de testes sobre a presença de álcool e drogas, mas as autoridades não divulgaram os resultados. O sargento Mike Mata, presidente do maior sindicato policial de Dallas, a Associação Policial de Dallas, pediu no sábado uma “investigação aberta, transparente e completa do caso”. Ele descreveu Jean como um “indivíduo maravilhoso” e disse que "se o grande júri considerar necessário, essa policial deve responder por suas ações em um tribunal no condado de Dallas." Amigos e familiares se reuniram no sábado na Dallas West Church of Christ para lembrar Jean, que trabalhava como consultor desde que formou em 2016 na Harding University, onde ele frequentemente liderava os serviços religiosos do campus quando era aluno.