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Trump diz que "conexão russa" com campanha presidencial não tem sentido

Este non-sense de conexão russa é simplesmente uma tentativa de encobrir os muitos erros feitos na campanha perdedora de Hillary Clinton", disse Trump

Por Reuters / G1 15/02/2017 10h18
Trump diz que 'conexão russa' com campanha presidencial não tem sentido
Reprodução - Foto: Assessoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitou nesta quarta-feira (15) a ideia de qualquer "conexão russa" em publicação no Twitter feita em meio a uma reportagem do "New York Times" que diz que membros de sua campanha presidencial tiveram contato com autoridades da inteligência da Rússia.

"Este non-sense de conexão russa é simplesmente uma tentativa de encobrir os muitos erros feitos na campanha perdedora de Hillary Clinton", disse em publicação no Twitter, citando sua ex-rival democrata na corrida à Casa Branca em 2016.

Reportagem

Segundo o "NY Times", registros telefônicos e chamadas interceptadas mostram que membros da campanha presidencial de Donald Trump tiveram contatos repetidos com autoridades do alto escalão da inteligência russa no ano anterior à eleição.

Agências da inteligência e lei dos EUA interceptaram as comunicações por volta do mesmo momento em que descobriram evidências de que a Rússia tentava atrapalhar a eleição presidencial ao hackear o Comitê Nacional Democrata, disseram três das autoridades, de acordo com o "Times".

Os órgãos da inteligência tentaram descobrir se a campanha de Trump estava aliada aos russos no ataque cibernético ou em outros esforços para influenciar a eleição. As autoridades entrevistadas disseram não ter evidências de tal cooperação, segundo a reportagem.

No entanto as interceptações alarmaram agências norte-americanas, em parte por conta do número de contatos que ocorria enquanto Trump elogiava o presidente russo, Vladimir Putin.

As conversas interceptadas são diferentes das conversas do ano passado entre Michael Flynn, ex-assessor de Segurança Nacional de Trump, e Sergei Kislyak, embaixador russo nos EUA, segundo o Times.

Durante as ligações, Flynn e Kislyak discutiram as sanções que o governo Obama impôs à Rússia em dezembro. Flynn acabou renunciando ao cargo na noite de segunda-feira.

Imagem mostra Putin cumprimentando Michael Flynn, ex-assessor de Segurança Nacional de Trump (Foto: Ruptly via AP)

O jornal relatou que autoridades disseram que comunicações interceptadas não se limitam a autoridades da campanha de Trump e incluem outras pessoas ligadas ao presidente.

Do lado russo, os contatos também incluem membros do governo de fora dos serviços de inteligência, segundo as autoridades. Todas as atuais e ex-autoridades falaram em condição de anonimato porque a investigação em andamento é confidencial, relatou o jornal.

As autoridades disseram que um dos assessores descobertos nas ligações era Paul Manafort, que foi gerente da campanha de Trump por diversos meses no ano passado e trabalhou como consultor político na Rússia e Ucrânia, de acordo com o Times. As autoridades se negaram a identificar outras pessoas ligadas a Trump nas conversas.

Rússia

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, desmentiu nesta quarta-feira a informação de que agentes dos serviços de inteligência da Rússia teriam mantido contatos com assessores da campanha presidencial de Donald Trump e outros colaboradores mais próximos.

"Tratam-se de informações mentirosas que não têm base em nenhum tipo de fato. Não acreditamos em informações despersonalizadas" que "citam cinco fontes distintas, mas não nomeiam nenhuma delas", disse Peskov.

O porta-voz do Kremlin tachou de "irrisórias" as fontes do "NYT" e denunciou que "é impossível distinguir a verdade das falsidades" nas informações veiculadas pela publicação. "Talvez alguém tenha alguma informação. Esperemos que chegue o tempo de saber quem são e quando aconteceram" os fatos que denunciam, acrescentou Peskov.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, argumentou que os contatos entre os assessores da campanha de Trump e os diplomatas russos é algo normal, "regulamentado pelas convenções internacionais sobre as relações diplomáticas".

"Nada nos surpreende. Isso se confirma uma vez que assistimos a um grande jogo político dentro" dos Estados Unidos, ressaltou Zakharova.

O Serviço de Inteligência Exterior (SVR, na sigla em russo) disse que "faltam provas" nas acusações do "NYT", enquanto o ex-chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB, a antiga KGB) Nikolai Kovalev assegurou que contatos em nível informal "seriam impossíveis".

"Os contatos informais são impossíveis e os oficiais não podem acontecer por definição. As pessoas na equipe de Trump defendem interesses americanos, por isso esses contatos não fazem sentido", disse Kovalev.

O ex-chefe do FSB disse que existe "uma guerra de informação" iniciada pelos veículos de imprensa americanos contra o presidente de seu país, "na qual parece que todos os meios são bons" para conseguir seu fim.

"Terminarão acusando a equipe de Trump de reunir-se com 'hackers' russos que influenciaram nos resultados das eleições. Acredito que este é próximo passo", afirmou Kovalev.