Mundo
Trump procura forma rápida para romper acordo climático de Paris
Aquecimento global é farsa, diz Trump, que estuda contornar acordo
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, está procurando maneiras rápidas de retirar seu país do acordo global de combate à mudança climática, informou uma fonte de sua equipe de transição. A reviravolta desafia o amplo apoio mundial ao plano de corte de emissões de gases de efeito estufa.
Quatro dias antes da vitória de Trump na terça-feira (8), o Acordo de Paris de 2015 entrou em vigor, com o apoio de governos que vão da China a pequenos Estados.
Trump classificou o aquecimento global de farsa e prometeu romper com o Acordo de Paris, que foi defendido enfaticamente pelo atual presidente norte-americano, Barack Obama.
O Acordo de Paris, que é destinado a substituir o Protocolo de Kioto em 2020, é o primeiro pacto universal para tentar combater a mudança climática. Ele tem como objetivo manter o aumento da temperatura média mundial "muito abaixo de 2°C", mas "reúne esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5°C", em relação dos níveis pré-industriais.
O acordo foi aprovado por aclamação por representantes de 195 países na COP 21, em dezembro de 2015.
VEJA PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO DO CLIMA
- Países devem trabalhar para que o aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC
- Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano
- Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gases-estufa necessária
- Texto não determina quando emissões precisam parar de subir
- Acordo deve ser revisto a cada 5 anos
Os conselheiros de Trump estão analisando formas de contornar um procedimento que faz com que países signatários levem quatro anos para abandonar o pacto, segundo a fonte que trabalha com a equipe de transição a cargo de energia internacional e política climática.
"Foi uma irresponsabilidade o Acordo de Paris entrar em vigor antes da eleição", disse a fonte à Reuters, falando sob condição de anonimato.
O pacto parisiense conquistou endosso suficiente para ser colocado em prática no dia 4 de novembro, quatro dias antes da votação nos EUA.
No domingo, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse na Nova Zelândia que o governo Obama fará tudo que puder para implementar o acordo antes de Trump tomar posse.
Em seu Artigo 28, o acordo diz que qualquer país que queira se retirar depois de ter assinado precisa esperar quatro anos. Em teoria, a data mais próxima para isso seria 4 de novembro de 2020, na época da próxima eleição presidencial norte-americana.
A fonte disse que o futuro governo Trump está considerando alternativas para acelerar o rompimento.
São três: a) enviar uma carta retirando o país da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) de 1992, tratado que deu origem ao Acordo de Paris; b) encerrar o envolvimento dos EUA com ambos dentro de um ano ou c) emitir uma ordem presidencial simplesmente apagando a assinatura do país do acordo firmado na capital da França.
Sair do UNFCCC causaria polêmica, em parte porque ele foi assinado pelo ex-presidente republicano George H.W. Bush em 1992 e aprovado pelo Senado. A ação também colocaria os EUA em rota de colisão contra outros países.
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