Interior

Atividades na base de proteção ao peixe-boi em Alagoas é suspensa temporariamente devido mortes de animais

Suspeita de contaminação na água levanta alerta em Porto de Pedras; investigação está em curso

Por Lucas França com Tribuna Hoje 26/08/2025 10h45 - Atualizado em 26/08/2025 12h36
Atividades na base de proteção ao peixe-boi em Alagoas é suspensa temporariamente devido mortes de animais
Atividades na unidade foram suspensas para uma investigação amis detalhada - Foto: Assessoria

A base avançada do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio), localizada em Porto de Pedras, Litoral Norte de Alagoas, enfrenta um dos episódios mais delicados de sua história. Dois peixes-bois marinhos — Netuno e Paty — foram encontrados mortos nesta semana no recinto de aclimatação da unidade. Um terceiro animal, Assú, apresentou um quadro de saúde grave e precisou ser transferido às pressas para a base do CMA em Itamaracá, Pernambuco, onde segue sob cuidados intensivos.

Embora a causa oficial das mortes ainda não tenha sido confirmada, as primeiras investigações apontam a possibilidade de contaminação ambiental, possivelmente relacionada à poluição química da água que abastece o recinto. Por precaução, as atividades na base de Porto de Pedras foram temporariamente suspensas e uma apuração detalhada já foi iniciada.

A situação gerou comoção entre pesquisadores, ambientalistas e a comunidade local. A base de Porto de Pedras é um dos pilares do programa nacional de conservação do peixe-boi marinho, espécie ameaçada de extinção. Desde sua criação, o centro foi responsável por 38 das 50 solturas realizadas pelo Governo Federal em todo o país, além do registro de 20 nascimentos em cativeiro — resultados considerados expressivos no esforço de recuperação da população do animal no litoral brasileiro.

Apesar do baque emocional, os responsáveis pelo programa reforçam a importância do trabalho contínuo:

“Cada vida salva, cada soltura bem-sucedida representa um avanço na luta pela preservação do peixe-boi marinho”, afirmam em nota.

O Instituto Biota, parceiro nas ações de proteção dos mamíferos aquáticos em Alagoas, também acompanha o caso e apoia as investigações. A expectativa é de que, com o esclarecimento das causas, medidas preventivas mais robustas sejam adotadas para evitar novas perdas.

Em janeiro deste ano, o Biota divulgou a morte de três filhotes de peixes-boi encalharam mortos, em menos de 24h na Praia de Riacho Doce, no Litoral Norte de Maceió.

Na ocasião, o instituto informou que os encalhes aconteceram na foz do Rio Pratagy e outro na foz do Rio Riacho Doce. Os dois primeiros filhotes recém-nascidos estavam a menos de 1 km um do outro no ponto de encalhe. O terceiro mamífero também surgiu encalhado sem vida na região, na manhã do dia seguinte.

Conforme Eduardo Macedo, biólogo do CMA/ICMBio, as mortes dos filhotes em janeiro não tem ligação com estas de agora.

“É cedo para indicar alguma causa das mortes em Porto de Pedras. A primeira fase é a realização das análises de água do rio. Vai ser visto, diversos potenciais contaminantes. Também temos a necropsia e os exames clínico de sangue. Quando os resultados saírem acredito que teremos um norte para chegar nas possíveis causas’’, explicou Macedo.

Em Nota, a Prefeitura de Porto de pedras afirmou que as equipes técnicas da  estão acompanhando o caso. Veja íntegra. 

''A Prefeitura de Porto de Pedras, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, informa que acompanha a situação envolvendo dois peixes-bois marinhos que vieram a óbito nesta semana.

Desde o primeiro registro de adoecimento, as equipes técnicas da Prefeitura, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Biota de Conservação, atuaram no monitoramento dos animais, prestando os devidos cuidados.

A causa das mortes ainda está sendo investigada e somente será confirmada após a conclusão dos exames de necropsia que estão em andamento.

É importante destacar que os passeios de visitação aos peixes-bois, realizados no Rio Tatuamunha, seguem acontecendo normalmente. A atividade, que é referência no turismo, continua sendo uma oportunidade segura e responsável para que visitantes conheçam de perto esses animais em seu habitat natural, fortalecendo a conservação e gerando renda sustentável para a comunidade local.

Assim que os laudos forem concluídos, a Prefeitura vai adotar as medidas necessárias, em conjunto com os órgãos ambientais competentes, para garantir a proteção da espécie e a segurança do habitat natural.

A gestão municipal reforça que mantém um compromisso permanente com a preservação dos peixes-bois e a conservação em todo o território do município, reconhecidos como patrimônios naturais e cultural de Porto de Pedras''.