Interior

MPF participa de oficina de combate ao trabalho escravo no Quilombo Tabuleiro dos Negros, em Penedo

Ação integra o Projeto Òminira Liberdade e reforça a importância da prevenção e conscientização nas comunidades tradicionais

Por Ascom MPF/AL 16/04/2025 17h43
MPF participa de oficina de combate ao trabalho escravo no Quilombo Tabuleiro dos Negros, em Penedo
Oficina foi realizada na sede da associação dos remanescentes de quilombo do povoado Tabuleiro dos Negro - Foto: Ascom MPF/AL

Na manhã desta terça-feira (15), o Ministério Público Federal (MPF) participou da oficina do Projeto Òminira* Liberdade, realizada na sede da associação dos remanescentes de quilombo do povoado Tabuleiro dos Negros, na zona rural de Penedo (AL). A atividade teve como foco a prevenção e o combate ao trabalho análogo à escravidão e reuniu membros da comunidade, representantes da Prefeitura de Penedo e integrantes de coletivos sociais.

O procurador da República Eliabe Soares esteve presente no encontro, que também contou com a participação de representantes das secretarias municipais de Assistência Social e Cultura. A oficina foi conduzida pelas coordenadoras do projeto, Elis Garcia e Mônica Carvalho, integrantes da Rede de Mulheres de Comunidades Tradicionais em Alagoas.

Financiado pelo Fundo Labora e pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos, o Projeto Òminira Liberdade tem como objetivo prevenir o trabalho precarizado e análogo à escravidão em Alagoas, promovendo a conscientização sobre os direitos trabalhistas e fortalecendo redes de apoio em comunidades quilombolas. O MPF e outras instituições do sistema de justiça são parceiros da iniciativa.

A programação da oficina incluiu a exibição do filme "Pureza”, que retrata a história de uma mãe em busca do filho desaparecido, vítima do trabalho escravo em fazendas do Maranhão e do Pará. O filme serviu como ponto de partida para a roda de conversa com a comunidade, onde foram compartilhados relatos locais de migração, trabalho degradante e desaparecimento de trabalhadores.

Durante a discussão, membros da comunidade relataram casos de pessoas que saíram em busca de trabalho em outras regiões do país e não retornaram. Em alguns casos, trabalhadores morreram em decorrência das condições insalubres às quais foram submetidos. O MPF e a Rede de Mulheres também demonstraram preocupação com a exploração sexual de mulheres e meninas e com situações de trabalho doméstico em que não há registro em carteira nem remuneração adequada.

O procurador da República Eliabe Soares alertou para a importância da informação e da prevenção. “O resgate é fundamental, mas ainda mais essencial é evitar que novas vítimas sejam feitas. Precisamos fortalecer a consciência das comunidades sobre seus direitos e formas de se protegerem", afirmou.

A oficina também esclareceu sobre as ações integradas entre as instituições, como o MPF, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), para investigar denúncias e resgatar trabalhadores em situação de escravidão moderna. Foi reforçada ainda a importância da carteira de trabalho assinada pelo empregador para a garantia dos direitos dos trabalhadores, assim como da regularização fundiária como uma possibilidade para o fortalecimento da autonomia das comunidades quilombolas que poderão trabalhar na própria terra e gerar seu próprio sustento.

O Projeto Òminira Liberdade anunciou a produção de uma cartilha informativa voltada às comunidades tradicionais, com orientações práticas sobre como identificar situações de exploração, buscar ajuda e garantir os direitos trabalhistas.

*Òminira é uma palavra de origem iorubá que significa “liberdade”.

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