Interior

Avanço do mar nas cidades costeiras próximas à foz de rios pode afetar povoados em Alagoas

Alerta é do engenheiro Marco Lyra, especialista em proteção costeira

Por Claudio Bulgarelli 27/10/2024 19h26 - Atualizado em 27/10/2024 21h02
Avanço do mar nas cidades costeiras próximas à foz de rios pode afetar povoados em Alagoas
Engenheiro alerta para situação critica do Pontal do Peba - Foto: Divulgação

A elevação do nível do mar já está acontecendo, e é uma realidade que muitas cidades ainda não se prepararam para enfrentar tal desafio. Dados científicos mostram uma tendência do aumento do nível do mar em milímetros por anos, confirmados por estatísticas do IPCC, que indicam que no período de 2013 a 2023 o nível do mar aumentou 4 milímetros em todo o mundo. O alerta, mais uma vez, do engenheiro Marco Lyra, especialista em recuperação de praias, aponta para balneários alagoanos em risco, como o Pontal do Peba, no município de Piaçabuçu.
Segundo ele, os estados costeiros já estão sentindo os efeitos do aumento do nível do mar, com enchentes aumentando de 300% para 900%, em comparação com 50 anos atrás, ou os furacões, que também estão ficando mais fortes e despejando mais chuva. Em recente entrevista, o Secretário-geral da ONU António Guterres, alertou para o risco do avanço do mar nas cidades costeiras, levantando a questão de que algumas cidades e destinos turísticos poderão desaparecer nas próximas décadas com o aumento dos oceanos.
No litoral brasileiro, dois casos emblemáticos de erosão costeira em foz de rios há mais de 30 anos, chamam a atenção de especialistas e ambientalistas. Na praia de Atafona, na foz do rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro e na praia do Peba, na foz do Rio São Francisco, em Alagoas. Em ambos os casos o processo erosivo se intensificou devido a construção de barragens para uso de energia elétrica, as dragagens de areia e o uso do volume de água utilizado para o abastecimento de água.
Para Marco Lyra ´´É preciso ação para controlar a erosão costeira na praia do Peba. É preciso restaurar e proteger os amortizadores costeiros, investir em resiliência antes que o desastre ocorra e melhorar a infraestrutura crítica, para que num futuro próximo, não ocorra o mesmo que ocorreu no Povoado Cabeço e tenhamos “refugiados ambientais do Peba”, disse ele.