Interior

Rachaduras em Craíbas viram caso para Justiça

Ação judicial foi impetrada pela Defensoria Pública da União e mineradora é suspeita de prejudicar agricultores

Por Davi Salsa / Sucursal Arapiraca 16/10/2024 09h18 - Atualizado em 16/10/2024 09h22
Rachaduras em Craíbas viram caso para Justiça
Atividades da Mineração Vale Verde serão investigadas para saber se há relação delas com as rachaduras - Foto: Edilson Omena

A Justiça Federal em Alagoas determinou a apuração da causa das rachaduras em centenas de casas na cidade de Craíbas. A informação foi divulgada pelo site do Jornal Nacional, da TV Globo.

A montanha de detritos começou a ser formada há três anos. No entorno, pequenos agricultores tentam continuar com suas vidas na área rural de Craíbas, a 140 km de Maceió. A maioria, agora, tem somente um pedaço de terra nos fundos da casa.

“O terreno está improdutivo para a lavoura. Aí, hoje em dia, a gente está sem poder cultivar. Plantávamos milho, feijão, fumo. Nós tirávamos o sustento dessa forma”, conta a agricultora Maria Verediana Araújo. “A gente vive uma vida assim, aperreada. De noite, a gente não tem sossego para dormir”, diz a agricultor Josefa Maria Pereira da Silva.

Também há três anos, as casas em vários pontos do município começaram a apresentar rachaduras, principalmente ao redor da mina do Serrote, que extrai cobre.

Em junho de 2023, a Defensoria Pública da União entrou na Justiça Federal com uma ação civil pública. Há quase um ano, a Justiça determinou a instalação de equipamentos para saber as causas e medir a intensidade dos tremores.

Nos arredores da mina, são mais de 400 casas com as paredes rachadas e algumas com risco de desabar, segundo a Defesa Civil. “Há fissuras e rachaduras em imóveis, morte de animais, circulação de poeira que gera problemas na saúde e problemas ambientais. Hoje, nós entendemos que existe um risco já identificado pela Defesa Civil do estado, em que mais de 70 casas na iminência de desabamento”, afirma Diego Martins Alves, advogado da DPU. A mina tem capacidade de pouco mais de 4 milhões de toneladas de cobre por mês.

O gerente da Mineradora Vale Verde descarta que as explosões sejam responsáveis pelas rachaduras e diz que as operações estão dentro do permitido pelos órgãos reguladores.

A mineradora é favorável aos estudos para entender a causa das rachaduras, mas recorreu da determinação de instalar os sensores. Um dos motivos é ter considerado alto o valor cobrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte para desenvolver o projeto. A mineradora afirma ainda que aguarda uma audiência de conciliação marcada para o dia 19 de novembro. Os moradores que ainda não colocaram as casas à venda e aguardam a identificação do responsável pelas rachaduras.