Interior
Moradores de Craíbas pedem socorro
Habitantes cobram novamente posicionamento das autoridades por conta dos imóveis que ficam próximos de mineradora
Moradores de 14 comunidades rurais de Craíbas, no Agreste alagoano, no entorno da Mineração Vale Verde (MVV), localizada no Povoado Serrote da Laje, voltaram a chamar a atenção da sociedade.
As famílias cobram novamente um posicionamento das autoridades acerca da situação de mais de 30 imóveis que apresentam, desde o ano de 2022, muitas rachaduras nas paredes e tetos, com o iminente risco de acidentes e desabamento.
Os agricultores e comerciantes decidiram agora colocar uma enorme faixa, às margens da Rodovia AL-486, com a frase: “Craíbas pede socorro!”.
No ano passado, por duas vezes, os moradores bloquearam os dois sentidos da rodovia em protesto contra as rachaduras nas casas.
De acordo com as famílias, as rachaduras foram causadas pela atividade da Mineradora Vale Verde para extração de cobre e ferro na região.
A empresa, por meio de nota, disse que tem a segurança como principal valor, tanto dentro das instalações, quanto nas comunidades vizinhas e na região onde atua, seguindo todos os parâmetros estabelecidos pela lei vigente.
Contudo, os moradores afirmam que as detonações de bombas na mineração causam prejuízos nas moradias, além de prejudicar a saúde dos idosos, crianças e animais.
Em novembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) em Alagoas realizaram visita à mineradora e com os moradores em Craíbas, para avaliar os possíveis impactos das operações da mineradora na população local ao longo dos últimos dois anos.
Na época, a procuradora da República, Juliana Câmara, representante do MPF, destacou que a visita não se tratou ainda de uma inspeção judicial, mas uma aproximação entre as instituições da Justiça, do poder público e da população.
Estudo de impacto é feito semestralmente, dizem técnicos
Os técnicos da mineradora afirmaram que estudos de impacto de vibração sonora são realizados semestralmente e que as explosões controladas são incapazes de provocar movimentações de terra semelhantes a abalos sísmicos.
Além disso, a DPU ajuizou Ação Civil Pública destacando a necessidade de diagnosticar os reais impactos nas residências e na qualidade de vida dos moradores. A ação ressalta a necessidade de uma atuação conjunta para resolver os problemas enfrentados pela comunidade, e ainda solicitou que a MVV realizasse a compra de equipamentos para a Defesa Civil Municipal de Craíbas e também de Arapiraca.
A Tribuna vem acompanhando todo o caso e apurou que até agora a compra e revitalização das Defesas Civis dos dois municípios não foi efetiva pela empresa
O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) também acompanha os tremores de terra que vêm ocorrendo no interior de Alagoas, mais precisamente nas cidades de Craíbas, Arapiraca e Feira Grande.
Desde o ano passado que já foram detectados quase 60 abalos, alguns provocados por causas geológicas naturais e outros por ação humana.
Laboratório detectou detonação na região este mês
Conforme boletim publicado pelo LabSis, esta semana, no último dia 1º de agosto os sensores registraram uma detonação às 15h44 e uma magnitude 1.7 na Escala Richter.
A segunda explosão também foi sentida na quarta-feira (7), às 15 horas, pelos equipamentos da UFRN no Rio Grande do Norte, e com uma magnitude 1.6 na Escala Richter.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), do curso de Geografia, no campus de Arapiraca, vem desenvolvendo pesquisas sobre os abalos sísmicos na região há cerca de um ano.
Os estudos apontam ação humana como principal fator para os tremores de terra.
As constantes explosões da Mineradora Vale Verde, em Craíbas, levantaram mais uma polêmica na cidade agrestina.
Em junho, uma casa desabou na Rua Pau Ferro, no Centro da cidade, e assustou os moradores da localidade.
O telhado e a parede do imóvel cederam e caíram sobre um veículo que estava no interior da residência.
Um homem identificado como Francisco Lulu sofreu escoriações e chegou a ser socorrido por vizinhos, mas sem maiores complicações de saúde.
Depois do ocorrido, os comentários na cidade era de que o desabamento do imóvel teria relação com as periódicas explosões.
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