Interior
Comunidades rurais em Alagoas recebem tecnologia social para reduzir problemas sanitários
Residências sem banheiro ou sanitário, em comunidades rurais no semiárido alagoano com IDH-M muito baixo e baixo, receberam a instalação de módulos sanitários de desidratação como medida mitigadora da falta de saneamento. Cerca de R$ 25,51 milhões foram investidos pela Companhia de Desenvolvimento dos vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para instalação da tecnologia social, dos quais R$ 2,47 milhões referem-se ao montante investido em Alagoas.
Dados do IBGE referentes ao Censo Demográfico 2022 apontam que cerca de 0,6% da população brasileira reside em domicílios sem qualquer solução para os dejetos sanitários. Em Alagoas, essa realidade está presente para cerca de 1% da população.
Ao todo, foram instalados pela Codevasf 180 módulos sanitários de desidratação em seis municípios alagoano: Traipu, Inhapi, Craíbas, Ouro Branco, Água Branca e Jacaré dos Homens. Cada município recebeu 30 unidades.
Segundo a gerente regional de Revitalização e Desenvolvimento Territorial da Companhia em Alagoas, a economista doméstica Carla Pinheiro, a tecnologia social dos módulos sanitários de desidratação foi uma solução sanitária mais adequada encontrada pela Companhia para enfrentamento do elevado índice de residências sem banheiro ou sanitário em comunidades rurais do semiárido brasileiro.
“Para mitigar esta problemática, a Codevasf fez o levantamento de variadas soluções sanitárias existentes. Como resultado, concluiu-se que os módulos sanitários de desidratação seriam a solução mais adequada para a meta proposta diante das características dessas comunidades rurais, que possuem índice de desenvolvimento humano municipal muito baixo e baixo e uma urgência em serem atendidos diante dos riscos sanitários. Como dependem da incidência de sol para tratamento dos excrementos, a instalação ocorre em comunidades do semiárido”, explicou.
Ela ainda destacou as vantagens de instalação dos equipamentos diante da urgência em mitigar os efeitos sociais e sanitários enfrentados por essas comunidades rurais com a ausência de banheiro ou sanitário em suas residências.
“Os módulos sanitários de desidratação possuem fácil manutenção e instalação, o que traz rapidez no atendimento às famílias, pois a estrutura não requer instalações hidráulicas. Há ainda a geração de pequena quantidade de resíduos e a economia de água e de energia elétrica, sendo ideal para regiões que têm carências acentuadas de infraestrutura. A estrutura não depende de água, o que o torna indicado para a região semiárida, onde há escassez hídrica”, destacou Carla Pinheiro.
Uma das famílias beneficiadas é a de Rosivete Silva dos Santos, 29 anos, que mora com o marido e quatro filhos na comunidade quilombola Lagoa do Tabuleiro, zona rural de Traipu, onde cultivam feijão, milho e mandioca. Ela contou que a estrutura deve trazer mais segurança à família, que antes utilizava área de vegetação próxima à residência por não contar com banheiro ou sanitário em casa. “Agora está tudo bem. Nossa família já usa e está se acostumando, porque é bem mais tranquilo para nós”, afirmou.
A agente de saúde Renilde Oliveira trabalha com a comunidade quilombola Lagoa do Tabuleiro. Ela relatou a situação das famílias que, desde gerações passadas, utilizavam áreas de vegetação como banheiro e sobre a adaptação das pessoas ao uso do módulo sanitário.
“Antes as famílias faziam suas necessidades fisiológicas na vegetação. Era uma situação precária, onde as pessoas sempre corriam o risco de pisar em fezes e urina, o que trazia muito adoecimento à comunidade. A tradição de usar a vegetação como banheiro era muito forte. Mas hoje todos estão muito empolgados e se acostumando com a nova realidade”, revelou.
Módulos sanitários de desidratação
A execução do projeto ocorreu em algumas etapas. Na primeira, foram identificados os municípios do semiárido que possuem comunidades rurais que se enquadram nos critérios para recebimento do módulo sanitário, considerando o IDH-M e do déficit de banheiros na zonal rural.
Em seguida, houve a mobilização social envolvendo os municípios selecionados, a empresa instaladora dos módulos sanitários e os técnicos da Codevasf para identificação de famílias como potenciais beneficiárias a partir de critérios como residências localizadas em comunidades rurais com situação de escassez hídrica, esgotamento sanitário precário e condições de pobreza e vulnerabilidade social e estar inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
Na última fase, após a validação das famílias beneficiárias, é realizada a capacitação geral de todos os envolvidos, o transporte e a instalação dos módulos e a capacitação individual de cada família beneficiada.
O módulo sanitário de desidratação é uma solução que utiliza tecnologia social que dispensa o uso de água ou energia elétrica, necessitando apenas de incidência solar e ventilação natural para que ocorra o tratamento de resíduos.
Codevasf — A Codevasf é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Atua em 2.688 municípios brasileiros localizados em 16 unidades da federação. A Companhia executa políticas públicas voltadas à promoção de desenvolvimento regional com projetos nas áreas de infraestrutura, segurança hídrica, agricultura irrigada, revitalização de bacias hidrográficas e economia sustentável.
Mais lidas
-
1Acidente
Vídeo: ônibus escolar cai em trecho da Serra da Barriga, em União dos Palmares; 17 pessoas morrem
-
2Confira
Consciência Negra: veja o que abre e fecha em Alagoas nesta quarta-feira (20)
-
3Certame
Concurso público da Prefeitura de Rio Largo acontece neste domingo (24) com mais de 36 mil inscritos
-
4Apenas 15 anos
Corpo do filho do cantor J Neto é encontrado na cozinha
-
5Marechal Deodoro
Ausência do superintendente da Codevasf gera indignação em reunião sobre projetos envolvendo mel e própolis vermelha