Os valores exorbitantes do metro linear em terrenos à beira mar e mesmo o metro quadrado fora das áreas mais nobres dea Rota Ecológica dos Milagres, que compreende os municípios de São Miguel dos Milagres, Porto de Pedra e Passo do Camaragibe, continuam em alta, apesar de ligeira queda em relação aos anos anteriores, devido, sobretudo, a ineficiente infraestrutura no município. Mas a falta de saneamento básico na maioria dos povoados, a ruas que levam as principais pousadas esburacadas, sem nenhum planejamento, e a total falta de fiscalização sobre a distribuição de água estão levando empreendedores a repensar seus investimentos.

Foi o que aconteceu com a empresária Michelle Neila Araujo Pereira, aeroviária paulista, que postou um vídeo nas redes sociais criticando que, mesmo depois de 3 anos que comprou um terreno em Porto da Rua, com o objetivo de investir no local e construir uma pousada, achando que o balneário aparentava que teria melhorias em um futuro próximo e o turismo iria crescer junto, resolveu agora se desfazer do terreno e não mais investir.

Em seu relato ela afirmou: "Estive por aqui em 2021 e comprei o terreno. No início da semana retornei a Milagres com o objetivo de assinar a escritura do terreno em questão. Mas, quando cheguei na cidade fiquei extremamente chocada por nada ter mudado e o pior aconteceu, já que o local retrocedeu no tempo. Total falta de infraestrutura, que é um problema, pois impacta negativamente a qualidade de vida da população e também o crescimento do turismo na região. A cidade possui deficiências em diversos setores, como saneamento básico, abastecimento de água, coleta de lixo, pavimentação de ruas e iluminação pública", disse Michele.

Para ela, a falta de saneamento básico é um dos tópicos que mais chamou sua atenção, já que boa parte da cidade não possui rede de esgoto, o que acaba gerando poluição e contaminação do solo e da água. "Vi crianças correndo descalças junto ao esgoto em pleno ar livre, na rua do meu terreno, sem falar na pavimentação que não existe, não tem meio fio, calçada, nada. Mas um detalhe: já começarei a pagar IPTU, que vence agora em agosto", disse ela.

Seu relato causou preocupação em outros investidores. "Na esquina do terreno que um dia gostaria de investir, parece um verdadeiro lixão. Não existe coleta de lixo. Os moradores estão descartando lixo nos terrenos, mais uma vez prejudicando o meio ambiente e a imagem turística da cidade. E o mais incrível é que estou falando de Porto da Rua. Por fim liguei para um corretor e já pedi para colocar uma placa para vender o terreno", finalizou a empresária que está abandonando São Miguel dos Milagres.