Interior

Alagoas é o segundo estado do Nordeste com mais tremores de terra

Laboratório da UFRN detecta mais dois abalos em Arapiraca em junho; Nordeste soma 100 ocorrências este ano

Por Davi Salsa / Sucursal Arapiraca 20/06/2024 08h01 - Atualizado em 20/06/2024 15h52
Alagoas é o segundo estado do Nordeste com mais tremores de terra
Arapiraca é uma das cidades do Agreste alagoano atingida pelos tremores que afetam também outros municípios da região, como Craíbas - Foto: Willian Almeida / Cortesia

Um estudo realizado pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) mostra o registro de 100 tremores de terra, este ano, na Região Nordeste.

A Bahia lidera com mais 56 abalos sísmicos. Em segundo vem Alagoas com 17 tremores de terra. O estado do Ceará é o terceiro com 14 sismos, enquanto Pernambuco está na quarta colocação com o registro de seis tremores de terra de janeiro a maio deste ano de 2024.

O coordenador do LabSis, professor Aderson Nascimento, explica que diversas falhas sismogênicas, que causam os eventos sísmicos, estão em um mapeamento em diversos estados do Nordeste.

“O evento sísmico é uma forma de a Terra responder a um acúmulo de energia”, comentou Nascimento em entrevista à imprensa.

O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) detectou mais dois tremores de terra em Arapiraca, neste mês de unho.
O primeiro foi no dia 11, com magnitude 1.7 na Escala Richter, e o segundo, no dia 12 deste mês de junho, ao meio-dia, com magnitude 1.9 na Escala Richter.

Desde o ano passado que a Tribuna vem acompanhando os estudos do LabSis. Até o mês de maio de 2024 foram registrados 57 tremores de terra no Agreste alagoano.
O município de Feira Grande lidera o ranking com 48 abalos sísmicos. Depois vem Craíbas e Arapiraca.

A Tribuna ouviu os acadêmicos do curso de Geografia da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Sandro Maciel, William Almeida e Marcos Araújo sobre os abalos sísmicos em Arapiraca, Craíbas e Feira Grande.

O grupo de universitários desenvolve pesquisas sobre tremores de terra no Agreste, mais precisamente nos municípios de Arapiraca e Craíbas.

Eles relatam que, segundo o Mapa Geológico do Serviço Geológico do Brasil, existem falhas e zonas de cisalhamento em toda a região, e que resultam em deslocamento e acomodação das rochas abaixo da superfície.

O estudo “Geologia e Recursos Minerais do Estado de Alagoas”, publicado em 2017, pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a origem da Bacia Sergipe-Alagoas está relacionada diretamente a fragmentação do Gondwana, na grande depressão que se propagou de sul para norte com a abertura do Atlântico Sul, embora existam nesta bacia registros sedimentares anteriores a separação das placas sul-americana e africana.

Ainda conforme o estudo, de modo geral, a Bacia Sergipe-Alagoas subdivide-se em blocos ou compartimentos tectônicos, limitados por grandes falhas. O rifte da bacia, em escala regional, está localizado sob grandes blocos antitéticos basculados e limitados por falhas sintéticas normais, compatível com modelos evolutivos que assumem movimentos predominantemente distensivos durante a gênese do rifteamento, que afetou esta entidade tectônica (Van der Vem, 1987; Lana, 1990).

A instalação de uma estação sismológica em Arapiraca é fundamental para o aprimoramento da compreensão dos abalos sísmicos que vêm ocorrendo na região, afirmam os estudiosos.