Interior

Craíbas recebeu este ano R$ 20 mi de mineração

Município teve maior arrecadação com extração e comercialização de cobre

Por Davi Salsa / Sucursal Arapiraca 15/12/2023 08h38 - Atualizado em 28/12/2023 23h17
Craíbas recebeu este ano R$ 20 mi de mineração
Extração de cobre coloca Craíbas na liderança de arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral em Alagoas - Foto: Edilson Omena

A Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgou este mês o ranking dos municípios brasileiros que mais receberam a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).

O repasse é a contrapartida financeira paga pelas empresas mineradoras à União, aos estados, Distrito Federal e municípios pela utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos territórios.

Segundo dados da ANM, o município de Craíbas, no Agreste de Alagoas, é o que possui a maior arrecadação de CFEM, com a extração e comercialização de cobre pela Mineração Vale Verde (MVV).

Craíbas, neste ano, apresentou arrecadação de R$ 20.849.188,47. O montante representa mais de 97% de toda a arrecadação do estado de Alagoas, que recebeu este ano R$ 24.987,691,80, de acordo com o site da Agência Nacional de Mineração.

Para a bióloga Neirevane Nunes, pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), os municípios não devem utilizar a CFEM de forma equivocada para vender a ideia de que, segundo ela, minerar dá muito lucro para os municípios, e então vamos explorar de forma predatória para obter maior arrecadação dessa fonte.

“Isso foi o que aconteceu com a exploração de sal-gema em Maceió. Temos de lembrar que os recursos minerais são limitados, e que, em um momento, deixarão de existir. Por isso, os municípios mineradores precisam investir em outras frentes econômicas que sejam sustentáveis e menos impactantes para a população e para o ambiente”, observa a bióloga.

Neirevane Nunes salienta que é muito comentado os possíveis benefícios da mineração, e quase não se fala sobre os diversos impactos negativos da atividade.

“O que fica depois que os minérios saem são danos irreparáveis pra o ambiente e para a população. Por essa razão, os municípios mineradores devem trabalhar para serem cada vez menos dependentes da mineração. O município de Craíbas, mesmo recebendo milhões todo ano, não consegue proporcionar à população uma melhor qualidade de vida. Os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) são os piores de Alagoas e do Nordeste, além do desemprego e da falta moradia digna. Craíbas já sofre grande impacto socioambiental pela exploração de cobre pela Vale Verde, o que levou a empresa a ser alvo de investigações, após sucessivas denúncias da população de Craíbas e de Arapiraca”, acrescenta a bióloga.

Mercado do cobre deve subir, revelam estudos

Estudo feito pelo banco Goldman Sachs projeta que o mundo ficará sem estoques visíveis de cobre por volta do terceiro trimestre deste ano se a demanda na China continuar a crescer no mesmo ritmo de fevereiro.

Em fevereiro, a demanda chinesa por cobre aumentou 13% na comparação anual, de acordo com o banco, depois da recuperação das atividades após o Ano-Novo Lunar, que neste ano caiu em um período mais cedo do que em 2022.

O Goldman Sachs calcula que a cotação do cobre pode chegar a US$ 10,5 mil por tonelada no curto prazo e a US$ 15 mil em 2025.
“As perspectivas futuras são extraordinariamente positivas”, disse Jeffrey Currie, chefe global de análise de commodities do Goldman Sachs.

Ele acrescentou que “assim como na década de 2000 com o petróleo, na década de 2020, você absolutamente precisa amar o cobre”, referindo-se à diferença de 5% entre a oferta e a demanda que levou o petróleo Brent a subir de US$ 20 para quase US$ 150 por barril, sendo que agora há uma expectativa de diferença de 15% para o cobre nesta década.

O cobre tem sido o metal industrial de melhor desempenho neste ano, acumulando alta de 6%, enquanto outros, como o zinco e o níquel, se desvalorizaram em função da falta de força do mercado financeiro como um todo.

A Ásia é a principal região importadora, responsável por mais de 70% das compras globais, seguida da Europa (22%) e da América (6,5%). Do montante absorvido pela Ásia, o Japão, a China e a Coréia do Sul responderam por cerca de 60%.