Interior
Desmatamento ameaça bacia do Rio São Francisco
Ambientalista alagoano alerta que desmatar entorno do Velho Chico destrói matas ciliares e compromete águas
O Rio São Francisco está sofrendo em Alagoas. No último biênio, a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco teve 4.997 hectares de área desmatada, segundo levantamento concluído recentemente pela iniciativa MapBiomas.
Segundo o professor Washington Rocha, da Universidade Estadual de Feira de Santana e coordenador do Mapbiomas Caatinga, a cobertura vegetal desmatada na região do baixo São Francisco equivale ao tamanho de 6.423 campos de futebol.
Nesse período – de 2020 a 2022 – foram emitidos na região do São Francisco 364 alertas de desmatamento. Sendo 63 alertas em 2020 e 247 alertas no ano passado. O que corresponde a um aumento de 292%.
Enquanto o desmatamento aumenta, as áreas de irrigação também aumentam. “Entre 1985 e 2022, a área de sistemas de irrigação implantados subiu de 114.42 hectares para 329,92 hectares, um incremento de 188,3%”, destacou o professor.
O coordenador da Câmera Consultiva Regional do Baixo São Francisco do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, explicou que os desmatamentos desestabilizam por completo a vida do Rio São Franscisco.
“Tanto na desorganização do regime de chuvas quanto no processo de recarga dos aquíferos [é toda formação geológica em que a água pode ser armazenada e que possua permeabilidade suficiente para permitir seu escoamento]. Tais problemas tem efeitos diretos na vazão do Rio São Francisco e dos seus rios afluentes”.
Anivaldo Miranda ensinou que ao desmatar o entorno do Rio São Francisco e seus afluentes, acontece também a destruição das matas liares, o que compromete até as águas dos rios que ficam mais suscetíveis à poluição.
Alagoas recebe alertas sobre desmatamentos em biomas
O levantamento do MapBiomas indica que, no último quadriênio, Alagoas recebeu 445 alertas de desmatamentos nas regiões da Caatinga e da Mata Atlântica.
De 2019 até 2023, o Estado perdeu mais de 5 mil hectares dos dois biomas, sendo 4.658,26 hectares da Caatinga e 436,94 da Mata Atlântica.
Acompanhando a série histórica do MapBiomas, é possível acompanhar esse crescimento. Em 2019, foram emitidos 6 alertas de desmatamentos e foram destruídos 59,72 hectares. No ano seguinte, foram 71 alertas e 952 hectares. Em 2021, foram 61 alertas e 918,49 hectares e no ano passado,307 alertas e 3.154,79 hectares.
Os municípios alagoanos com mais desmatamentos são Major Isidoro (504,61 hectares), Girau do Ponciano (458,65), Traipu (403,47), Craíbas (354,45), Jaramataia (342,20), Cacimbinhas (336,08), Mata Grande (280,65), Belo Monte (276,91), Igaci (229,29) e Pão de Açúcar (208,07).
O MapBiomas também mostrou que os alertas de desmatamento na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco aumentaram 546% em quatro anos. No último quadriênio – de 2019 a 2022 – a área desmatada na Bacia do São Francisco foi de 638.338 hectares, segundo levantamento recente.
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