Interior

União, terra da liberdade, da Serra da Barriga e do Quilombo dos Palmares

Cidade é conhecida como lugar onde foi dado o primeiro grito de esperança dos negros escravizados

Por Texto: Claudio Bulgarelli - Sucursal Região Norte com Tribuna Independente 22/09/2018 16h05
União, terra da liberdade, da Serra da Barriga e do Quilombo dos Palmares
Reprodução - Foto: Assessoria
Nossa viagem pelo roteiro Caminhos da Liberdade chega ao fim com a visita a União dos Palmares. Banhada pelo Rio Mundaú, a 76km de Maceió, cidade faz parte da região Serrana dos Quilombos, sendo considerada uma das principais de Alagoas. Ficou internacionalmente conhecida por ser “A Terra da Liberdade”, já que foi nela onde foi dado o primeiro grito de liberdade pelo Zumbi dos Palmares. Um dos pontos turísticos da cidade é a Serra da Barriga, famosa pelo monumento do Quilombo dos Palmares, ponto turístico declarado como Patrimônio Histórico do Brasil. Outro local muito importante da cidade é a Casa Jorge Lima, dedicada ao príncipe dos poetas alagoanos Jorge de Lima. Outro museu a ser visitado é a Casa de Maria Mariá, instalado na antiga residência da historiadora Maria de Castro Sarmento, onde é possível encontrar vários e diferentes objetos que refletem a vida na zona da mata alagoana. Tem ainda a Casa de Cultura Palmarina e a Fazenda Anhumas. Sem contar cachoeiras e fauna e flora diversificadas, com trilhas em plena Mata Atlântica, que completam o tour histórico-ambiental da região. Cidade polo da zona da mata alagoana, União dos Palmares é conhecida por ter sido em seu território que surgiu o primeiro grande grito de esperança dos negros escravizados, vindo do alto da Serra da Barriga, onde os fugitivos dos engenhos de açúcar da região instalaram-se, a partir do século XVI, fundando a sede do Quilombo dos Palmares. Na cidade, resiste à comunidade quilombola de Muquém, que ocupa uma área de 20 hectares, composta por cerca de 500 pessoas, que vivem da lavoura e da fabricação de artefatos de barro, tradição transmitida pelos ancestrais africanos. Alto da serra guarda Parque Memorial A Serra da Barriga fica a cerca de 9km do centro da cidade, ocupando uma área verde de quase 30km quadrados. Foi para as matas fechadas da Serra, que alcança 500 metros de altitude, que milhares de negros escravizados rebelados fugiram durante o período de dominação portuguesa e holandesa. Lá viveram mais de 20 mil pessoas, entre 1597 a 1695. O Parque Memorial Quilombo dos Palmares foi implantado em 2007, em um platô (área plana) do alto da Serra da Barriga. O local, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985, recria o ambiente da República dos Palmares, o maior, mais duradouro e mais organizado quilombo já implantado nas Américas. Serra da Barriga ocupa uma área verde de quase 30 quilômetros quadrados (Foto: Ascom União dos Palmares) Nesta espécie de maquete viva, em tamanho natural, foram reconstituídas algumas das mais significativas edificações do Quilombo dos Palmares. Com paredes de pau-a-pique, cobertura vegetal e inscrições em banto e yorubá, avista-se o Onjó de farinha (Casa de farinha), Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo), Oxile das ervas (Terreiro das ervas), Ocas indígenas e Muxima de Palmares (Coração de Palmares). Além das construções que referenciam o modo de vida daquela comunidade quilombola, o memorial dispõe de pontos de áudio com música e textos em quatro idiomas (Português, Inglês, Espanhol e Italiano) que narram aspectos do cotidiano do Quilombo e da cultura negra. São os espaços Acotirene, Quilombo, Ganga-Zumba, Caá-Puêra, Zumbi e Aqualtune. No primeiro e único parque temático sobre a cultura negra do país, destacam-se, ainda, os mirantes, de onde se avistam paisagens magníficas da Serra da Barriga. São as atalaias de Acaiene, Acaiuba e Toculo. Completando o ciclo das edificações simbólicas, o restaurante Kúuku-Wáana (Banquete familiar), que oferece pratos da culinária afro-brasileira, e o Batucajé (palco de manifestações artístico-culturais).