Interior

Moradores de Mata Grande realizam protesto nesta terça-feira (5)

Eles se manifestam contra fechamento de única agência bancária do município

Por Tribuna Independente 05/09/2017 08h22
Moradores de Mata Grande realizam protesto nesta terça-feira (5)
Reprodução - Foto: Assessoria

Grande parte da população do município de Mata Grande, no Sertão alagoano, promete sair às ruas, na manhã desta terça-feira (5), para protestar contra o fechamento da agência do Banco do Nordeste, único posto bancário da cidade. Desde maio deste ano a agência está com seus serviços externos paralisados por conta dos constantes assaltos que vem sofrendo, fato que tem traumatizado seus funcionários que agora só realizam serviços internos com as portas fechadas, deixando clientes sem atendimentos essenciais como saques e depósitos.

Localizada a 280 quilômetros a Noroeste de Maceió e com uma população de 25.589 habitantes, segundo dados do IBGE de 2017, Mata Grande tem sua economia baseada no cultivo do algodão e no plantio de cana de açúcar, feijão, mamona, mandioca e frutas diversas, além da pecuária familiar e do comércio de serviços. Com a agência sem funcionar, a população é obrigada a realizar transações bancárias na vizinha Delmiro Gouveia, a 40 quilômetros de distância.

“Sacar dinheiro, fazer depósitos, pagar contas, tudo tem que ser feito em Delmiro”, reclama Ezequiel Pereira das Chagas, que vende roupas na feira da cidade e contabiliza prejuízos em seus negócios, já que quem vai a Delmiro aproveita para comprar no comércio de lá. “Se ninguém tomar providências, os comerciantes de Mata Grande vão falir”, prevê Ezequiel, que estará amanhã na manifestação.

A mesma preocupação é compartilhada por Lívia Ferreira Saturnino, proprietária de uma loja de calçados num dos principais pontos da cidade e que, segundo ela, perdeu mais de 70% da clientela local por causa da migração de compradores para o comércio de outras cidades. “Já não sei o que fazer. As vendas caíram drasticamente e já estou pensando em mudar de atividade ou até mesmo deixar o município”, garante a empresária.  

A diretoria do Banco do Nordeste condiciona a volta do funcionamento completo da agência à instalação de um Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), organização que reúne efetivos das policias militar e civil, cuja instalação depende da Secretaria de Segurança Pública. Caso contrário, a agência deverá ser fechada em definitivo até dezembro.

Neste contexto, o Sindicato dos Bancários de Alagoas está negociando com a diretoria do Banco do Nordeste uma forma de reformar a agência e impedir que ela feche as portas, fato que poderia ocasionar o colapso financeiro na cidade. “A agência de Mata Grande existe desde 20 de janeiro de 1956, sendo a segunda mais antiga no Estado, que hoje possui dezesseis”, informa Thyago Miranda, diretor do Sindbancários, para quem o motivo da falta de segurança não pode prevalecer sobre os interesses da população.

“Se a moda pega, dezenas de agências serão fechadas por todo o Brasil, que vive uma onda de insegurança pública generalizada. Nessa esteira, o governo golpista de Michel Temer pode aproveitar para entregar os bancos públicos à sanha da iniciativa privada”, analisa Miranda.

Já o prefeito Erivaldo Mandú disse que esteve recentemente com o governador Renan Filho e este lhe garantiu que vai mandar construir o Cisp na região. “Tenho certeza que nosso governador não vai faltar com o compromisso. Ele sabe que a situação é complicada e das consequências terríveis para a população que podem advir com o fechamento da agência”, disse o prefeito, que também confirma sua participação no protesto.

Assaltada três vezes - a última foi em fevereiro deste ano quando os caixas eletrônicos foram explodidos-, a agência tem 37 funcionários e 10 mil clientes espalhados em três cidades alagoanas e duas pernambucanas. Atualmente, só dois ou três PMs fazem a segurança durante os plantões, não havendo policiais civis, o que obriga que boletins de ocorrências sejam confeccionados em cidades vizinhas.

Além de comerciantes, a manifestação de hoje deve reunir sindicalistas, vereadores, estudantes, aposentados e pensionistas.

Em 2015, a representação do Banco do Brasil no município também foi fechada depois de ter sido assaltada 13 vezes.