Interior

Inquérito de acidente com ônibus escolares aponta para mal súbito de motorista

Delegado afirma que as fichas médicas de condutor ajudam a esclarecer o caso

11/08/2017 19h53
Inquérito de acidente com ônibus escolares aponta para mal súbito de motorista
Reprodução - Foto: Assessoria

O inquérito policial sobre o caso do acidente envolvendo dois ônibus escolares no município alagoano de São Sebastião foi entregue nesta quinta-feira (10) ao Ministério Público Estadual (MPE). Segundo o delegado da Polícia Civil de São Sebastião, Renivaldo Batista, o motorista que guiava o ônibus com estudantes de Teotônio Vilela sofria de problemas de saúde que não foram devidamente observados pela prefeitura do município dele. O acidente deixou seis mortos e mais de 40 pessoas feridas.

O delegado Renivaldo Batista contou que, devido à complexidade do assunto, no início de maio, foi pedido um novo prazo para conclusão do inquérito. “Depois de todo o trabalho da perícia sobre o caso, a culpabilidade do acidente recaiu sobre o motorista que guiava o ônibus de Teotônio Vilela. A perícia acusou, neste veículo, excesso de velocidade e uma manobra que pode ter sido resultante de imperícia ou imprudência, pois ele invadiu a contramão, colidindo com o outro ônibus da cidade de Junqueiro”, afirmou o delegado à reportagem do Tribuna Hoje.

Renivaldo Batista disse que a investigação policial estendeu-se aos exames médicos de Otávio Plácido, o motorista de Teotônio Vilela, que foram conseguidos em unidades de saúde do município do condutor do transporte escolar. “No inquérito, deduzimos que o condutor de Teotônio vinha em alta velocidade e teve um mal súbito. Nas fichas médicas de Otávio, vimos que ele tinha problemas de pressão alta e de glaucoma, o que pode ter provocado a falha humana e o acidente”, afirmou.

“Pegamos uma declaração de uma unidade de saúde de Teotônio Vilela onde constava que o Otávio já tinha dado várias entradas lá por causa desses problemas”, disse o delegado. Tendo em vista os problemas de saúde de Otávio Plácido e a idade do motorista, 67 anos, o delegado disse que o funcionário da Prefeitura de Teotônio Vilela, pelas normas de segurança, não deveria mais estar dirigindo o transporte escolar.

Segundo o delegado, as prefeituras de Junqueiro e Teotônio Vilela culparam possíveis máquinas que poderiam estar pela rodovia no momento do acidente, o que teria tirado a visão dos condutores e provocado a tragédia. Porém, Renivaldo afirmou que o próprio Instituto de Criminalística concluiu que não havia vestígios que indicassem algum objeto estranho no local que atrapalhasse o trajeto dos ônibus.

O delegado também afirmou que, nos dois ônibus, faltavam alguns equipamentos fundamentais para uma viagem daquele tipo, como o tacógrafo, por exemplo. Porém, mesmo com irregularidades, foi verificado que o transporte de Junqueiro estava em uma velocidade regular no momento da colisão.

“Durante o inquérito, concluímos que o ônibus de Junqueiro estava nos limites aceitáveis de velocidade, pois ele tinha passado por um quebra-molas na rodovia pouco tempo antes do acidente”, disse o delegado, afirmando ainda que faltavam cerca de 200 metros para o ônibus guiado por Otávio Plácido alcançar a lombada na pista, o que fez a perícia deduzir que o transporte escolar de Teotônio estava em uma velocidade acima do normal.

O caso

O grave acidente envolvendo dois ônibus escolares aconteceu no início da noite de uma quinta-feira, no dia 30 de março, em um trecho da AL-110, na altura do município de São Sebastião, no Agreste alagoano.

Morreram no acidente: Denis Francisco da Silva, motorista que conduzia o veículo com universitários que moram na cidade de Junqueiro; Otávio Plácido, motorista que transportava estudantes pré-Enem de Teotônio Vilela; Débora Afra Borges Vasconcelos, estudante de enfermagem, que morava em Teotônio Vilela; Jonas Everson Nunes da Silva, de 16 anos, estudante de curso preparatório, que morava em Teotônio Vilela; Joelma da Silva Santos, de 18 anos, estudante de curso preparatório, que morava em Teotônio Vilela; Amanda Silva Santos, monitora e universitária, que morava em Junqueiro.

Delegado Renivaldo Batista (Foto: Arquivo pessoal)

 

Leia mais: Colisão entre dois ônibus deixa estudantes e condutores mortos no Agreste