Interior
Centro de tratamento e triagem da FPI já cuidou de mais 1790 animais
No Cetas, eles recebem medicamentos e alimentação
Eles costumam chegar debilitados, com problemas de saúde e desnutridos. Mas, não demoram a ter de volta a alta imunidade e, em pouco tempo, estão com todos os nutrientes necessários para alçar voos. Estamos falando dos animais que são resgatados pela Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco (FPI), uma força-tarefa coordenada pelo Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) e que reúne 24 instituições estaduais e federais com o propósito de defender as águas do Velho Chico, a saúde e a segurança dos povos ribeirinhos e os patrimônios natural e cultural das regiões que compõe a Bacia Hidrográfica daquele manancial. Desde o dia 14, início dos trabalhos, até esta quarta-feira (24), já passaram pelo centro de tratamento e triagem de animais silvestres (Cetas) mais de 1.790 animais.
É no Cetas que os bichos recebem todo o tratamento necessário à reabilitação. Assim que chegam, eles são encaminhados para o setor de recebimento dos animais. Lá, é feita a contagem inicial, identificação e agrupamento por espécie. “Identificar e separar as aves por espécie é muito importante para que, depois de tratadas, elas possam ser reintroduzidas no ambiente correto, na sua área de ocorrência natural. Quando isso não acontece e os pássaros são libertados no habitat que não é o seu originalmente, eles sentem dificuldade de adaptação e não conseguem se alimentar direito”, explicou o ornitólogo Lahert Lobo, especialista em aves.
Dentre as espécies resgatadas estão Galo-de-campina, Sábia Laranjeira, Asa Branca, Juriti, Periquito da Caatinga, Azulão, Extravagante e Papa-capim. Houve também o resgate de espécimes nativas de outros estados, a exemplo de Trinca-ferro, Coleirinho e Papa-capim das Costas Cinzas, que são naturais da Bahia. Eles serão levados para o Cetas do Ibama e, em seguida, vão ser repatriados para o estado baiano.
A triagemNo setor de triagem os animais passam por exames clínicos e testes físicos. A intenção é saber se eles estão aptos ou não à soltura. “Na triagem eles recebem suplementação, alimentação e água. Aqueles que estiverem aptos, seguem para a sala onde ficam os bichos que estão prontos para a soltura. Já os debilitados vão para o setor onde ficam os animais que seguirão para ser recuperados no Cetas do Ibama, em Maceió”, detalhou a bióloga e médica veterinária Ana Cecília Pires, coordenadora da equipe fauna.
A enfermariaO Cetas da FPI também tem um setor de enfermaria. É nele que os animais que são diagnosticados com baixa imunidade, com enfermidades ou fraturas são tratados. “Eles recebem todos os cuidados essenciais. Por exemplo, estamos tratando uma Perdiz que está com sarna. A doença pode ter sido ocasionada pelo estresse do cativeiro, uma vez que a ave estava presa numa gaiola bastante apertada para o seu tamanho”, contou Rafael Cordeiro, estudante de Medicina Veterinária.
“Temos também em tratamento um Galo-de-campina com uma fratura de fêmur. Como ele foi resgatado numa feira livre, tudo indica que a fratura tenha sido provocada no manuseio, na hora em que o vendedor o tirou da gaiola para mostrar a algum comprador. Esse pessoal não tem cuidado nenhum no trato com os animais e é bem comum resgatarmos muitos deles com partes do corpo quebradas. No caso do Galo-de-campina, nós imobilizamos o seu fêmur e estamos aplicando anti-inflamatório”, relatou Rennys Alves, também estudante de Medicina Veterinária.
A solturaApós serem resgatados, são necessários três dias de suplementação e nutrição reforçada para que os especialistas possam avaliar quais animais estão prontos para ganhar liberdade. Aqueles que receberem alta veterinária, seguem para voltar ao seu habitat natural.
Até o momento, 1,1 mil animais foram devolvidos à natureza. Normalmente eles são soltos em RPPNs – reserva particular de patrimônio natural. Outros 94 vão ser transferidos para o Cetas do Ibama e, os demais, continuam em tratamento no Cetas da FPI.
A equipe fauna é composta por 20 pessoas, entre médicos veterinários e biólogos do Instituto de Meio Ambiente (IMA) e do Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA), militares do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e um zoólogo e analista ambiental do ICMBio.
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