Interior

Rio que passa por várias cidades alagoanas está seco devido à estiagem

Recurso d’água importante para agricultura, pesca e lençol freático das cidades por onde passa perdeu totalmente a vazão

Por Tribuna Independente 18/01/2017 09h05
Rio que passa por várias cidades alagoanas está seco devido à estiagem
Reprodução - Foto: Assessoria

O Rio Paraíba do Meio que nasce na Serra do Gigante, na região de Bom Conselho, em Pernambuco e que passa por cidades alagoanas, perdeu totalmente a vazão.

Apesar da água não ser utilizada para o consumo humano, a situação é preocupante porque o rio era utilizado pelos os agricultores da região na irrigação. Além disso, ele é responsável pelo o abastecimento dos lençóis freáticos da Zona da Mata alagoana, que fica localizada na região da Bacia Hidrográfica do Paraíba.

O Coordenador Regional de Defesa Civil do Vale do Paraíba do Meio, Massilon Mendes, disse que a situação do rio é crítica.

“O rio é muito importante para a agricultura e também para alguns pescadores. Tinha a pesca de Pitú (que desapareceu totalmente). Apesar da água desse rio não ser utilizada para o consumo humano, a seca traz muitos prejuízos porque ele abastecia os lençóis freáticos de toda essa região”, ressaltou Massilon.

O rio passa pelos municípios de Quebrangulo, Paulo Jacinto, Viçosa, Capela, Cajueiro, Atalaia, Pilar e deságua na lagoa Manguaba. Em alguns trechos do rio ainda é possível notar a presença de água em pequenas áreas entre a vegetação e as pedras, como na região de Atalaia.

De acordo com Massilon, a maioria dos afluentes do rio também está na mesma situação de escassez hídrica. São 25 afluentes e onde ainda há água, o nível está bem abaixo do normal. A avaliação é a de deva ter no máximo em torno de 10% de reservas nos poços ou nascente. “Essa crise vem se agravando desde 2011, quando a quantidade de chuvas por ano começou a diminuir”.

“Em 2016 choveu muito pouco e foram chuvas espaças e localizadas. Elas não alimentaram e nem encheram os mananciais e nascentes como é previsto quando chove. A situação atual é muito perigosa”, disse o Coordenador Regional de Defesa Civil do Vale do Paraíba do Meio.

Massilon Mendes disse que existem oito plataformas de coleta de dados distribuídas em todas as cidades alagoanas que estão às margens do Rio Paraíba, além da cidade de Brejão, em Pernambuco. “Essas plataformas verificam a precipitação pluviométrica, a vazão e o nível. E as informações que nós temos nos trazem muita preocupação”, explicou.

Seca prejudica produção da safra de cana-de-açúcar em Alagoas

Mesmo com aumento de produção em algumas usinas, a estiagem está prejudicando a produção da safra de cana de açúcar no estado.  O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar/AL) acredita que a safra 2016/2017 será menor do que a realizada no ciclo anterior.

Segundo o presidente do Sindaçúcar/AL, Pedro Robério Nogueira, o motivo é a falta de chuvas no Estado, o que prejudicou os canaviais alagoanos. A moagem ainda está prevista até o mês de março, mas com o clima de escassez de chuvas, a safra pode ser prejudica.

“A safra em curso está sendo presidida por um clima de estiagem muito intensa, nunca vista nos últimos anos. Isso nos encaminha para uma safra menor do que a anterior. O volume final da moagem é preocupante por não ter um quadro de chuva no curso da moagem”, afirma Pedro Nogueira.

Segundo o presidente do Sindaçúcar/AL, o déficit mensal de chuvas nesta safra chegou à média de 50%, sendo que em  alguns meses ocorreu um déficit de 100% de chuvas, em relação à média histórica.

No ciclo 2015/2016, foram produzidas 16,5 milhões de toneladas de cana, com 19 unidades industriais em operação. “Se fizermos isso já será satisfatório”, aponta Nogueira.

Atualmente, estão em operação 17 usinas em Alagoas. Outras duas unidades, Porto Alegre e Sinimbu, deixaram de moer nessa safra.

Segundo o Sindaçúcar/AL, a notícia boa é que, em número de produção, 13 usinas tiveram aumento em relação ao mesmo período do ciclo anterior.

A Usina Coopervales Industrial, que já moeu 508 mil toneladas de cana (um aumento de 112%), a Santa Maria, que já moeu 341 mil toneladas de cana (um aumento de 101%), e a Santa Clotilde, que já moeu 458 mil toneladas de cana (um aumento de 59%), são as unidades que mais se destacam nesta safra 16/17. Já as usinas Marituba e Penedo tiveram uma redução na produção, quando comparadas ao mesmo período na safra passada, de 26% e 20%, respectivamente.