Interior

Movimentos sociais bloqueiam rodovia BR-101 entre Junqueiro e São Sebastião

Eles reivindicam segurança após suspeitos tocarem fogo em assentamento

18/01/2017 11h23
Movimentos sociais bloqueiam rodovia BR-101 entre Junqueiro e São Sebastião
Reprodução - Foto: Assessoria

Atualizada às 16h44

Na manhã desta quarta-feira (18), vários movimentos sociais realizam interdição total de trecho do km 194 da rodovia BR-101 no município de São Sebastião. De acordo com o Movimento Via do Trabalho (MVT), o protesto visa reivindicar segurança após um incêndio ocorrido em barracos do assentamento na fazenda Santa Cristina. Jagunços teriam iniciado o fogo de forma criminosa.

A assessoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) informa que aproximadamente 350 pessoas dos movimentos MVT, Movimento de Luta pela Transformação Social (MLTS), Força Nacional da Luta e Movimento Social de Luta (MSL). Eles fazem parte dos assentamentos do Acampamento Pedras e da fazenda Santa Cristina. Um dos envolvidos, segundo os manifestantes, estaria disputando judicialmente a posse da Fazenda Santa Cristina. O suspeito esteve no local com capangas armados e destruiu cerca de 35 barracos.

De acordo com Sônia Soares, coordenadora do MVT em Alagoas, o incêndio ocorreu na terça-feira (13). “Quem queimou foi o pessoal do Adriano Ferro a mando de João Vitor. São pessoas realmente envolvidas e a gente quer segurança. Queremos a presença do Centro de Gerenciamento de Crises, já que Jaime Silva [diretor-presidente do Iteral - Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas] colocou posseiros como acampados. Queremos dialogar e estamos aqui reivindicando nossos direitos porque antes que aconteça um assassinato é importante que se resolva isso”, afirmou à reportagem do Tribuna Hoje.

Sônia afirma que encontros realizados no Iteral não contaram com o MVT, mas apenas com um representante individual. Ela cita que esse tipo de encontro teria que contar com a coordenadora do MVT. “Tenho certeza que o governo do Estado não permite isso. Quando colocaram que a Via do Trabalho tinha sentado e discutido com o Iteral, não é a Via do Trabalho, é uma pessoa. A Via do Trabalho tem uma coordenação em Alagoas e eu respondo por ela”, pontuou.

A coordenadora afirma que o protesto só termina quando o grupo receber alguma sinalização com relação ao aumento de segurança no assentamento. “Nós estamos aqui, só vamos abrir quando tivermos certeza de segurança, alguma coisa que possa nos ajudar. Nós não temos pressa, se for pra ficar o dia todo, nós ficamos. Precisamos ser ouvidos. Vamos cobrar, nem que para isso tenhamos que fazer marcha em Alagoas”, declarou Sônia.

A PRF foi informada do bloqueio da rodovia e enviou equipe ao local. De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Militar de Alagoas, o Gerenciamento de Crises só se dirige a fatos em rodovias federais após uma solicitação da PRF que ocorreu por volta das 11h30. A rodovia foi liberada às 15h20 e os manifestantes reivindicaram lonas para as novas moradias.

Segundo a PRF, o ouvidor agrário, Marcos Antônio de Araujo Bezerra, prometeu comprar as lonas com recursos próprios.

O Iteral emitiu nota sobre as acusações do MVT. Confira na íntegra:

"O Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) vem por meio desta nota posicionar-se sobre o protesto realizado na manhã dessa quarta-feira, 18 de janeiro de 2017, no trecho do km 194 da rodovia BR-101 no município de São Sebastião.

Em relação à ocupação na fazenda Santa Cristina, onde foram queimados os barracos dos trabalhadores rurais, trata-se de uma propriedade rural particular, que foi invadida e não encontra-se em processo de negociação para a reforma agrária. No caso da denúncia efetuada por uma liderança do movimento sobre a instituição de posseiros, a informação não possui fundamento legal; o Iteral não induz qualquer tipo de ocupação e realiza o combate veemente das ocupações irregulares.

No caso da Fazenda Pedra localizada no município de Junqueiro, foi realizada no último dia 12 de janeiro, na sede do Iteral, uma reunião de intermediação sobre o clima de insegurança na área pertencente à massa falida da Laginha Agro Industrial S/A (Grupo João Lyra), e encontra-se em processo de reintegração de posse. Na ocasião, estiveram presentes 19 lideranças do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Livremente Associados – Via Do Trabalho, representantes da massa falida, gabinete civil e o Gerenciamento de Crises da Polícia Militar. Foi solicitada a atuação imediata da Secretaria Estadual de Segurança Pública para garantir a segurança no local e tomar as providências cabíveis, o Gerenciamento de Crises atuará na investigação das ameaças e na mediação do conflito agrário; outro ponto discutido foi a intermediação com o Tribunal de Justiça para dar agilidade na tramitação do processo.

O diretor-presidente do Iteral, Jaime Silva, declara que o Governo de Alagoas tem investido no diálogo com movimentos sociais para garantir a paz no campo, e tem trabalhado incansavelmente para o desenvolvimento da agricultura familiar."