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Escudo Fifa? Em Alagoas só Brígida Cirilo tem

Assistente se destaca no cenário nacional e vive clima de preparação para temporada 2023

Por Júnior de Melo – Editor de Esportes com Tribuna Independente 17/12/2022 08h33
Escudo Fifa? Em Alagoas só Brígida Cirilo tem
Brígida está no quadro da Fifa desde 2021 e sabe dos desafios que o escudo impõe - Foto: Arquivo Pessoal

O mundo da arbitragem no futebol mudou de uma maneira muito rápida nos últimos anos. Novidades como o árbitro de vídeo, tecnologias com a bola, alteração de regras, obrigam os profissionais do apito, e da bandeirinha, a estarem sempre atualizados e aptos para exercer a condição dos jogos. E para conquistar o escudo Fifa, o auge de todo profissional deste ramo, o esforço é mais que dobrado. Alagoas teve Francisco Carlos do Nascimento como árbitro Fifa por um período. Depois o Estado ficou sem a honraria do escudo. Mas desde 2021, Brígida Cirilo ostenta essa marca e com muita categoria. A cada temporada os testes ficam mais difíceis, e Brígida se mantém entre as melhores. Para 2023 ela já leva uma grande responsabilidade. Na Copa do Mundo deste ano, tivemos a história contada. Das 129 pessoas escolhidas pela Fifa para atuar como árbitros, assistentes e árbitros de vídeo no Catar, seis foram mulheres. Ou menos de 5%. É pouco, mas para as protagonistas desta história, as primeiras mulheres a trabalhar em jogos de um Mundial de homens, trata-se de um avanço enorme.

“Os desafios são constantes, tanto do árbitro central quanto do árbitro assistente. Para ser um árbitro de “elite” você precisa se abdicar de várias coisas e sempre está em excelência com os pilares: físico, técnico, mental e social. Para o árbitro assistente o grande desafio é se manter posicionado sempre na linha do penúltimo defensor, manter a atenção e a concentração os 90 minutos do jogo”, detalhou Brígida.

A reportagem da Tribuna Independente conversou com ela sobre os planos, as dificuldades, os sonhos, o momento da arbitragem, e ainda, se ela não quer sair da bandeirinha para assumir o apito. “Quem sabe? Sou movida por desafios! (risos)”.

O que te motivou a ingressar na arbitragem?

“Eu sempre gostei de esportes, minha vida inteira foi dentro do esporte. Sou professora de educação física e sempre acompanhava os times de alagoas nos campeonatos brasileiros, durante a faculdade tive a oportunidade de conhecer o curso de arbitragem através de um amigo, que hoje ele também é árbitro, o Helder Brasileiro, fez o curso uma turma antes da minha e sempre me motivou a fazer. Foi amor à primeira vista, porque para ser árbitro de futebol tem que ter amor pelo que faz!”.

Porque não ser árbitro central?

“Durante o curso, nós já escolhemos qual função queremos trabalhar e a princípio me identifiquei com a bandeira. Até minha mãe perguntou o porquê de escolher ficar no “quanto do campo” e não no meio (risos), mas realmente foi o que tinha me identificado”.

Quem tem a missão mais difícil, o central, o assistente ou quarto árbitro?

“A missão é da equipe. Cada um na sua função e juntos damos o nosso melhor dentro do campo para fazer justiça ao futebol, colocando em prática as regras do jogo”.

O que é preciso para ser Fifa?

“Para ser Fifa você precisa se dedicar, abraçar as oportunidades, ser resiliente, não desistir do seu sonho, abdicar de momentos e experiências que não tenham haver com o esporte. Manter os pilares sempre em excelência”.

Qual teu jogo mais marcante?

“Tenho vários jogos que marcaram minha carreira, como minha estreia no campeonato brasileiro da Série A, final da Copa do Nordeste, minha primeira competição internacional, meu primeiro clássico das multidões do campeonato alagoano, meu primeiro jogo nacional entre Vasco e Tupi, jogos em que trabalhei grávida. Foram jogos importantes para mim”.

O que mais te machucou na carreira até hoje?

“Tenho algumas feridas durante minha carreira, uma delas foi ter perdido o escudo da CBF em 2017 por estar grávida. Um erro marcante entre Flamengo e Chapecoense que repercutiu muito no país. Mas tenho certeza que serviram de aprendizado e de degraus para subir e não desistir”.

Qual a expectativa para 2023?

“É que possamos trabalhar bastante, fazer final do campeonato alagoano, final da Copa do Nordeste, ter sequência no campeonato brasileiro, trabalhar em jogos internacionais. O VAR é uma ferramenta que veio para ficar. E sim, ele veio para ajudar aos árbitros fazerem justiça ao futebol”.

Qual sua maior referência na arbitragem?

“Minhas referências são várias. Nós temos árbitros incríveis! Me inspiro em minha colega de trabalho Neuza Back ela é uma grande referência”.

O que você diria para as meninas que estão com esse sonho de fazer parte da arbitragem de futebol?

“Meninas nunca desistam dos seus sonhos, somos sempre capazes de fazer acontecer, estamos vivendo um sonho real de mulheres em uma Copa do Mundo masculina. Então sim! Nós podemos!”