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João dos Gols vira livro e entra para a história

Ex-craque e ídolo da torcida do CRB, Joãozinho Paulista tem sua vida registrada pelo escritor Joacir Avelino e lança trabalho em Maceió

Por Júnior de Melo e Edmilson Teixeira com Tribuna Independente 21/05/2022 08h35 - Atualizado em 21/05/2022 16h22
João dos Gols vira livro e entra para a história
Joãozinho Paulista é um dos grandes ídolos da história do futebol alagoano - Foto: Divulgação

Um dos maiores ídolos da história do futebol alagoano tem suas memórias e registros publicados para eternidade. João dos Gols, o Joãozinho Paulista, entra para literatura nacional com o lançamento de “Além da Bola”, escrito por Joacir Avelino. Fã do craque, o ex-delegado federal dedicou muitos anos para coleta de informações e entrevistas pontuais com objetivo de retratar em muitas páginas as alegrias dos torcedores regatianos.

Esta semana ocorreu a festa de lançamento do livro. E o evento superou a expectativa dos organizadores. O protagonista passou a maior parte do tempo autografando cada exemplar vendido, adquiridos por amigos, torcedores, fãs e ex-atletas do futebol alagoano. Aliás, à noite de autógrafo foi em dose dupla, visto que o mentor da obra, estava justamente na mesa emparelhado com Joãozinho.

“Que festa arretada”, disse entusiasmado logo após a sessão de autógrafos e início de um show musical. “Trata-se de um livro-reportagem, onde a gente extraiu do craque, ensinamentos para quem sonha ingressar na profissão de jogador de futebol”, descreveu Avelino, abreviando o conteúdo central de sua obra escrita sobre o João dos Gols. Avelino é paraibano da cidade de Itabaiana, mas, dedicou a maior parte de sua vida profissional atuando em Alagoas onde vive até hoje.

CRB em 1983 com Ivanildo, Coca, Joãozinho Paulista, Márcio Ribeiro e Valtinho I Foto: Reprodução

Alguns jogadores que atuaram ao lado do Joãozinho Paulista nos anos 80 e 90 estavam na noite do lançamento do livro; entre eles, Enéas, Galba, Jorge Borçato, Capelinha, entre outros. “Joãozinho Paulista é um irmão de coração, com quem tive o prazer de atuar junto dele; pois merecidamente você querido João, está sendo homenageado num momento espetacular de sua vida, sobretudo com uma obra literária que eternamente ficará registrada em sua história. Esse livro é fruto de seu talento tanto nos gramados como na vida social, cuja torcida regatiana é quem também está sendo contemplada com um livro de tamanha grandeza”, comentou Borçato, atual presidente do Sindicato dos Ex-Jogadores Alagoanos.

“Fico muito feliz em estar presente nesta homenagem a uma figura tão importante para o futebol de Alagoas. Fica o registro e conhecimento para os torcedores de tudo que aconteceu nesta carreira brilhante. Vida longa ao Joãozinho”, destacou o presidente da Federação Alagoana de Futebol, Felipe Feijó.

No contexto desse diálogo entre o autor e o craque, surgem temas universais ligados a esse esporte de massa. “Quem já debateu sobre o talento ou não de um boleiro, o treinador, a arbitragem, cartolagem, drogas, futebol feminino, salários de jogadores, cronistas esportivos, esquemas táticos, torcedor e torcidas organizadas, Maradona versus Pelé, entre outras questões relevantes, não pode deixar de fazer uma leitura desse verdadeiro guia para as grandes questões debatidas no dia a dia do mundo encantador do futebol-arte, seja aqui ou no outro lado do mundo”, ressalta Joacir, que recebeu muitos aplausos dos presentes e de seus familiares no evento.

Um dos momentos marcantes da festa foi quando a neta de Joãozinho Paulista, Júlia, de 18 anos de idade, descreveu um pouco da história do avô. “Uma pena meu avô, pois eu não tive o privilégio de acompanhar o auge de sua carreira profissional, porém me sinto muito enaltecida em ser sua neta, sobretudo pelo seu caráter, sua gentileza e tantas coisas maravilhosas que o senhor acumula em sua vida”, discursou a jovem e depois foi abraçar o avô que não se conteve em segurar seu choro.

Joãozinho Paulista também discursou recebendo aplausos de todos. Contou quando deixou a cidade de Piracicaba-SP para vir atuar na base do CRB, em um momento que causou muita aflição na família, principalmente de sua mãe. Disse que ganhou moral do então técnico do CRB, Jorge Vasconcelos, quando foi escalado para o time principal, por motivo da contusão do titular da posição.

“Na minha estreia eu arrebentei, fiz três gols e nos demais jogos do campeonato em curso, em todos eles balancei as redes, fui artilheiro da temporada e a minha fama resultou na minha ida para o Internacional-RS. Logo quando cheguei em Porto Alegre, o Inter me pagou uma grana que eu nunca esperava, fiquei tão emocionado, que liguei para a minha mãe, mandando que ela e meu pai procurassem uma casa, porque o dinheiro era suficiente para comprar uma morada a vista; a velha não estava acreditando nas minhas palavras, pois realmente comprei a casa para colocar meus pais e 10 irmãos” comentou no microfone Joãozinho Paulista, recebendo muitos aplausos.

Ao longo da obra - um verdadeiro bate-bola, pois o autor extrai do craque Joãozinho Paulista, ensinamentos para quem sonha ingressar na profissão de jogador de futebol: as dificuldades e armadilhas enfrentadas na curta carreira de um atleta; passando pela peneira, as categorias de base, ascensão ao juvenil, profissionalização, encantamento com os prazeres superficiais da vida de um jovem atleta, a ascensão, a glória e a decadência de um artista da bola.

“É uma alegria e um privilégio poder abraçar o João e o Joacir nesse momento de extrema importância para história do esporte alagoano. Cada exemplo deixado para os mais jovens, é uma semente positiva plantada para uma geração de mais saúde e sucesso no futuro”, explicou o vereador e ex-atleta Eduardo Canuto.

QUEM É ELE


Joãozinho Paulista, o João Édson de Barros, atacante que defendeu o XV de Piracicaba, o Atlético Mineiro e o CRB nos anos 1970 e 1980, hoje vive com a família em Maceió. Em 2007, tornou-se auxiliar técnico do CRB, clube em que fez tanto sucesso nos tempos de jogador. Durante o mês de novembro de 2014, Joãozinho passou 11 dias internado para a amputação do dedão do pé direito, em decorrência do diabetes.

Natural de Piracicaba, Joãozinho saiu do Nhô Quin para defender o CRB em 1976. Seu faro de gols atraiu o interesse do Atlético Mineiro. Ele defendeu o Galo Mineiro na boa campanha do Brasileirão de 1977. Era um dos reservas de Reinaldo. Joãozinho Paulista perdeu um dos pênaltis na final contra o São Paulo. O Tricolor, de Waldir Peres, venceu por 3x2 (nas penalidades, após empate sem gols no tempo normal) e comemorou o título nacional em pleno Mineirão.

Joãozinho voltou ao CRB e se tornou um dos maiores artilheiros da história do futebol alagoano. No time da Pajuçara, Joãozinho conquistou títulos e ganhou o apelido de “João dos Gols”. Como sempre foi idolatrado pela torcida do Galo de Maceió, Joãozinho se radicou na bela capital alagoana.

Também defendeu o Botafogo de Ribeirão Preto nos anos 80. Lá, o atacante jogou ao lado de jogadores como o zagueiro Paulo Nelli, o goleiro Luís Henrique, o meia Péricles, entre outros. João também vestiu por alguns jogos a camisa do rival CSA.