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Michael defende Tifanny, descarta liga para trans e apoia inclusão

Primeiro jogador assumidamente gay a atuar na Superliga masculina declara seu apoio à trans: 'Nós temos que pensar em inclusão'

Por Carlos Dias com Globoesporte.com 27/02/2018 10h47
Michael defende Tifanny, descarta liga para trans e apoia inclusão
Reprodução - Foto: Assessoria
Ver Tifanny superar as críticas é sinônimo de nostalgia para quem é exemplo de inclusão no contexto esportivo. O meio de rede Michael fez história em abril de 2011 quando assumiu a homossexualidade em meio ao preconceito e defende a atleta do time de Bauru, a primeira trans na Superliga feminina. Hoje um dos principais jogadores do Itapetininga, projeto paulista capitaneado pelo medalhista olímpico André Nascimento, e que busca o acesso à elite do vôlei, Michael defendeu a bauruense. – Acho que tudo que é novo assusta, as pessoas ficam um pouco perturbadas e a Tifanny já é realidade. Tem muita gente que fala besteira e o negócio é não escutar. Eu passei por isso, das pessoas comentarem sobre a sua vida, é difícil e acho que ela está levando muito bem – disse o jogador do Itapetininga. [caption id="attachment_66286" align="aligncenter" width="480"] Michael é uma das esperanças do Itapetininga na Superliga B (Foto: Carlos Dias )[/caption] Após completar sua transição sexual, Tifanny está apta e regular dentro das determinações do Comitê Olímpico Internacional (COI), da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) e da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Apesar da polêmica que envolve as questões de gênero e o debate sobre o físico, ela tem o nível de testosterona monitorado regularmente, que deve ser abaixo de 10 nanomols por litro de sangue. Ela tem 0,2 nanomol. Sobre a suposta vantagem em relação ao rendimento de Tifanny sobre as adversárias, Michael defende a inclusão. – Todos os ambientes de vôlei falam do caso Tifanny. As pessoas comentam se vão aparecer mais trans e é muito difícil surgir outras trans como ela. Por isso, não tem como fazer uma liga só para trans, nesse momento nós temos que pensar só em inclusão – diz. [caption id="attachment_66287" align="aligncenter" width="480"] Jogador defendeu Tifanny Abreu, ponteira do Vôlei Bauru (Foto: Marcelo Ferrazoli/ Vôlei Bauru)[/caption] Quase sete anos depois de ser ofendido por um ginásio lotado durante todo o jogo na semifinal da Superliga, Michael admira o modo como Tifanny lida ao atrair olhares sempre que pisa em quadra. – O preconceito existe e quando você vê um jogo lotado e as pessoas aplaudem o seu trabalho, abraçam você, a gente vê que evoluímos bastante e estamos no caminho certo – finaliza Michael.